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02/05/2019 às 14h58min - Atualizada em 02/05/2019 às 14h58min

Vereadores de Uberlândia já articulam troca de partidos

Mudanças devem alterar composição de legendas, que não poderão se coligar

VINÍCIUS LEMOS
Márcio Nobre assinou filiação ao PSD, do vice-prefeito Paulo Sérgio e do senador Carlos Viana | Foto: Ascom/PMU
A quase um ano da janela para a troca de partidos visando a eleição municipal de 2020, as mudanças já agitam o cenário político na Câmara Municipal de Uberlândia. Na última semana o vereador Marcio Nobre deixou o Partido Democrático Trabalhista (PDT) e se filiou ao Partido Social Democrático (PSD).

A dança de partidos, contudo, não ficará restrita a essa mudança e muitos dos colegas de Legislativo já trabalham nesse sentido ou discutem com suas legendas o que pode acontecer entre março e abril de 2020, quando será permitida a troca de legenda sem o risco de ter o restante do mandato ameaçado. Boa parte das articulações parte da impossibilidade de haver coligações entre partidos para a disputa de vagas no legislativo – será o primeiro pleito com essa restrição.


 


Nobre filiou-se ao PSD antes da janela permitida por Lei alegando problemas internos com o PDT. Ele informou que ainda durante a campanha para presidente, em 2018, entrou em atrito com o PDT por apoiar o então candidato Jair Bolsonaro (PSL), ao mesmo tempo em que a antiga legenda tinha candidato próprio ao cargo, Ciro Gomes.

“Tive problemas com PDT por posicionamentos ideológicos e posicionamentos políticos. Mas chegou um ponto que tive que me manifestar. Isso culminou em enfrentar processo disciplinar. Fui convidado a deixar o partido em função de meu apoio ao Bolsonaro”, disse Marcio Nobre. Na segunda-feira passada (22), Nobre aproveitou a visita do senador Carlos Viana e assinou sua filiação ao PSD depois de três anos no PDT.

Nobre imagina que não haverá problemas com a Justiça Eleitoral, uma vez que sua desfiliação se deu por desvinculação interna do PDT. Por outro lado, o vereador Thiago Fernandes, hoje filado ao Partido Republicano Progressista (PRP), já deixou claro que vai sair da legenda assim que possível e se filiar ao Partido Social Liberal (PSL).

“Não tive reposta favorável na consulta ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre minha saída do PRP, que não existe mais. Como não tenho segurança jurídica para fazer a troca sem que isso possa ser questionado pelo Ministério Público Eleitoral ou qualquer outra pessoa, eu irei fazer em março a desfiliação”, afirmou.

No início de abril o Diário informou sobre a vontade de Fernandes, uma vez que o PRP se fundiu ao Patriota e ele não era favorável à mudança. Outro vereador que vai aguardar a janela de 2020 para a troca de partido é Adriano Zago (MDB). Mas essa mudança só deverá ser efetivada a partir de uma possível candidatura do legislador ao cargo de prefeito de Uberlândia.

Ele já havia informado que recebeu convites de legendas como PDT, Rede, PPS, Patriota e o próprio partido, o MDB. Novamente voltou a frisar que ainda não tem nada decidido e que qualquer futura filiação vai acontecer durante a janela em 2020.

BRETAS
Eleita pelo PSL em 2016, Michele Bretas foi a primeira na Câmara a trocar de partido, se filiando ao Avante no ano passado, o que gerou uma ação na Justiça Eleitoral contra ela por infidelidade partidária impetrada pela antiga legenda. Ela afirmou que foi expulsa do PSL. No ano passado, como pré-candidata ao cargo de deputada estadual, Bretas não poderia trocar de partido visando aquelas eleições, uma vez que a legislação prevê que apenas os detentores de cargos em disputa podem utilizar a janela partidária sem o risco de perda de mandato.
 
Sem coligações, bancadas podem perder vereadores
A partir de 2020, os partidos não poderão fazer coligações para as eleições proporcionais, ou seja, para cargos como vereadores e deputados. Com isso, bancadas como as do Partido Socialista Brasileiro (PSB) e Partido Progressista (PP) em Uberlândia correm o risco de perder nomes no ano que vem.

Cada uma das legendas tem quatro vereadores na Câmara, o que em tese pode afastar nomes com menos expressão ou com potencial menor de votação na formação de chapas. Além disso, a quantidade de votos que cada partido pode atrair para alcançar o quociente eleitoral, segundo avaliação das legendas, pode fazer com que atuais vereadores não se sintam seguros de uma reeleição.

Em conversa com nomes do PSB, a reportagem do Diário foi informada, por exemplo, que dois vereadores podem deixar o partido. Os nomes citados seriam os de Vilmar Resende e Dra. Jussara Matsuda, o que manteria Felipe Felps e Wender Marques na disputa por reeleição pelo PSB no ano de 2020. “Eu imagino que isso seja uma conversa franca entre o diretório e os mandatários. Isso já aconteceu no PSB”, disse o vereador e vice-líder do governo, Marques.

A assessoria de comunicação de Dra. Jussara informou que mudança de partido nesse momento não é um assunto tratado pela vereadora. Em recente reunião com o presidente estadual do PSB, Renê Vilela, em Belo Horizonte, não teria havido nenhum assunto de mudança partidária. No encontro, diz a assessoria da vereadora, houve debate sobre projetos do partido e abordagem de uma agenda positiva para o PSB.

Vilmar Resende está afastado de suas funções para o tratamento de dengue e não foi encontrado para comentar o caso. Nos bastidores, a informação não confirmada é de que ele vai se afastar do partido e buscar uma legenda mais próxima ao prefeito Odelmo Leão (PP).

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