Restrição chegou num momento que a instituição está em processo de expansão | Foto: Diário de Uberlândia
A Universidade Federal de Uberlândia (UFU) terminou o primeiro trimestre de 2019 com restrições no orçamento repassado pela União e, com isso, tem feito alguns ajustes no quadro de funcionários. O órgão está trabalhando com uma perspectiva de 8% de déficit, segundo o pró-reitor de Planejamento e Administração, Darizon Alves de Andrade.
Até o momento, o orçamento previsto para 2019 é de R$ 1,39 bilhão. Mas de acordo com Andrade, o Governo Federal publicou um decreto fazendo um contingenciamento em toda a administração pública - na Educação foram R$ 5,9 bilhões. “O Ministério da Educação ainda não nos informou como esse corte vai nos afetar, mas recomendou que nós façamos um ajuste com redução da ordem de 20% das despesas”, disse o pró-reitor.
Segundo Andrade, essas mudanças não permitem que a universidade caminhe sem passar por ajustes, principalmente porque a instituição iniciou o ano com base nos valores aprovados na Lei Orçamentária. “Um quarto do ano já passou, e o corte orçamentário é para o ano todo. É praticamente impossível.”
As novas contratações realizadas pela UFU estão sendo restringidas ao máximo, de acordo com o pró-reitor. “Temos autorizado contratações da ordem de 50% do valor inicialmente previsto. Os grandes contratos são os que olhamos primeiro, de recepcionista, limpeza, segurança e frota, que consomem cerca de 70% de todos os contratos.”
A universidade também tem demanda para ampliar o transporte intercampi, mas no momento, nada irá ser modificado segundo Andrade. “A restrição está vindo em um momento que a instituição está em um processo de expansão. Nós ainda não acumulamos dívidas, mas a contratação nova parou. Não podemos chegar ao fim do ano com um déficit impagável”, disse.
OBRAS
UFU obras
Construção de um bloco multiuso edificado no Campus de Patos de Minas | Foto: Divulgação
No ano passado, a instituição entregou um bloco de laboratórios no campus Umuarama, em Uberlândia, e a obra de Monte Carmelo, que havia sido paralisada em julho de 2017 por falta de dinheiro. Todos os blocos já estão mobiliados, em funcionamento e recebendo alunos.
Os estudantes de Patos de Minas continuam em prédios alugados ou cedidos pela prefeitura do município. A obra de um campus próprio começou em 2014, mas continua em andamento. Segundo o pró-reitor de Planejamento e Administração, R$ 6 milhões já foram empenhados para Patos no ano passado, mas isso é apenas metade da verba necessária para a finalização do projeto.
Em Ituiutaba, parte das aulas é ministrada em prédios que também não pertencem à universidade. De acordo com Andrade, R$ 5 milhões foram alocados para a construção dos prédios, mas a quantia também não é suficiente.
A instituição está trabalhando para conseguir mais verba para finalizar a expansão. Segundo o pró-reitor, a universidade ainda precisa de mais melhorias, mas o quadro econômico não permite novas obras neste ano.
PRONTO SOCORRO
Obras UFU
Reinício da obra do pronto-socorro depende de homologação de acordo no Rio de Janeiro | Foto: Divulgação
Há duas semanas, a UFU informou que a obra para a ampliação do pronto-socorro do Hospital de Clínicas (HC) deve ser retomada em breve.
O caso tramita na Justiça e o reinício depende que o acordo seja homologado por parte do juiz responsável pelo caso no Rio de Janeiro, estado no qual fica a sede da empresa responsável pela obra.
Até agora, foram investidos R$ 40,4 milhões e ainda restam aproximadamente R$ 130 milhões para a conclusão da unidade. Segundo Andrade, a universidade tem R$ 22 milhões empenhados para prosseguir com o serviço.
CORTE As principais instituições que fomentam as pesquisas científicas na UFU também foram afetadas pela falta de recursos. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), responsável por uma grande porcentagem de bolsas da universidade, cortou 190 bolsas de alunos da instituição e 25 de alunos de segundo grau que participavam de projetos ligados à universidade, segundo o professor Kleber Del Claro, diretor de pesquisa da UFU.
“Ela não cortou as bolsas em andamento de mestrado e doutorado, mas suspendeu as bolsas novas. Seriam cerca de 150 de mestrado e 50 de doutorado. São as mais importantes”, disse o professor. Segundo ele, as bolsas que foram mantidas se encontram com os pagamentos em atraso.
O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) financia, atualmente, mais de 900 bolsas que devem durar até setembro. “Eles teriam que receber de repasse do governo aproximadamente R$ 9 bilhões para manter todo o orçamento dele, mas está sendo repassado apenas R$ 2.000.000.900, e isso é pouco para manter as coisas funcionando”, disse Del Claro.
Um dos programas da Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior (Capes) também teve as bolsas cortadas. Segundo o professor, quem ganha com isso são as universidades localizadas fora do Brasil. “A gente teme uma estagnação total da pesquisa. Se não tem pesquisa aqui, os alunos vão para fora”, afirmou o diretor de pesquisa.