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08/02/2019 às 09h27min - Atualizada em 08/02/2019 às 09h27min

Condenado por estupro de filha continua foragido

Professor universitário Apolônio do Carmo é suspeito de mais um abuso

NÚBIA MOTA
Segundo acusação, professor tem sido visto transitando por Uberlândia e Iraí de Minas | Foto: Divulgação
 O professor universitário e foragido da justiça Apolônio Abadio do Carmo, de 67 anos, condenado a 20 anos de prisão pelo estupro da filha, tem sido visto por testemunhas pelas ruas de Uberlândia e de Iraí de Minas, onde vive a atual esposa. Além do crime pelo qual foi condenado, ele também é suspeito, em outro caso, de ter abusado de uma sobrinha quando ela era criança. No depoimento à Polícia Civil, a sobrinha cita uma terceira possível vítima do professor, filha de um caseiro do sítio da família.

Segundo o advogado de acusação, Moacir Henrique Júnior, testemunhas viram o professor universitário circulando em um carro por Uberlândia, mas não o denunciam à polícia por medo, já que Apolônio do Carmo é uma pessoa influente na região. Há ainda indícios de movimentação bancária na conta em que ele recebe a aposentadoria como professor aposentado da UFU.

Mesmo o caso não cabendo mais recurso, a defesa do réu entrou com um recurso especial e extraordinário para tentar um terceiro julgamento, o que a lei não permite. Na sustentação, Carmo confessa o delito, mas diz que todas as relações sexuais com a filha foram consentidas e ocorreram quando ela já era maior de 14 anos, numa tentativa de afastar a acusação por estupro de vulnerável. De acordo com a filha dele, os abusos começaram quando ela tinha 7 anos de idade e seguiram até a fase adulta.

O advogado da vítima acredita que a intenção de Apolônio é permanecer foragido até completar 70 anos, pois a partir dessa idade a pena pode ser reduzida pela metade. “Ele tem vários amigos com influência aqui em Uberlândia e, apesar da gente entender o fato dele circular por aí como uma afronta, para ele é algo normal. A gente acaba ficando refém do judiciário e da polícia. O juiz já deu a sentença e não tem mais responsabilidade no processo. Para a Justiça, já houve a condenação, agora pega-lo é um mero detalhe”, disse.

O processo começou em 2014, após as denúncias da filha de Apolônio, hoje com 21 anos. Ela contou que era estuprada e chegou a gravar uma ligação em que questionava o pai sobre os motivos dos abusos, além de trocar e-mails a respeito do assunto com ele. As provas foram levadas em juízo, além dos relatos da jovem, que vive longe de Uberlândia e da mãe, por medidas de segurança, devido às constantes ameaçadas de morte feitas pelo pai.  Apolônio chegou a ficar preso preventivamente por um período de cerca de 100 dias em 2016, mas foi solto, e após o período de recursos da sentença do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), não foi mais encontrado. Ele foi condenado em 2017 pela terceira vara criminal em Uberlândia. Em agosto do ano passado, o julgamento em segunda instância manteve a condenação pelos crimes de estupro e estupro de vulnerável, uma vez que os abusos começaram quando a vítima ainda era uma criança.

NOVO CASO

O outro inquérito, com as denúncias da sobrinha de Apolônio, já foi encaminhado para a justiça, segundo a assessoria da Polícia Civil. À Delegacia de Mulheres, a vítima relatou uma série de abusos quando ainda era criança. No depoimento, ela afirmou ainda que o mesmo crime foi praticado contra a filha de um caseiro do sítio de Apolônio. “Essa sobrinha está muito abalada psicologicamente porque ela demorou muito a contar e poderia ter ajudado a prima. Ela só contou tudo depois que ele foi condenado, porque ele era uma pessoa que sempre utilizava de ameaça, assim como fazia com a filha e a ex-esposa. Ele é uma pessoa com ciclo de amizades dos altos comandos da polícia e falava que não ia dar nada”, disse o advogado de acusação.

O mandado de prisão contra Apolônio foi encaminhado pelo desembargador Jalbert Carneiro, do Tribunal de Justiça de Minas, para as polícias militar, civil, federal e Interpol e está cadastrado no Banco Nacional de Mandados de Prisão. A reportagem do Diário de Uberlândia tentou contato com o escritório que defende Apolônio, em Belo Horizonte, que solicitou questionamentos por e-mail, mas não respondeu às perguntas. Após o envio do e-mail, o escritório não atendeu mais as ligações.
 
 
 
 
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