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23/12/2018 às 09h06min - Atualizada em 23/12/2018 às 09h06min

Uma viagem pelos 153 anos de Araxá

Jornalista do Diário de Uberlândia fez um city tour pela cidade do Alto Paranaíba, terra dos doces e de Dona Beja

ADREANA OLIVEIRA
Araxá completou 153 anos na última quarta-feira (19). A aconchegante cidade do Alto Paranaíba, a 178 km de Uberlândia, com pouco mais de 100 mil habitantes, tem muito de sua história conservada nos museus da cidade cujo nome, no idioma indígena, significa um lugar onde primeiro se avista o sol. Famosa pela personalidade e histórias de Dona Beja, Araxá também é a terra de Calmon Barreto da família Porfírio, grandes precursores da arte na cidade.  Como tem feriado se aproximando, pode ser uma boa opção de viagem curta para a família.

Em uma city tour junto a Rede Tauá e a prefeitura de Araxá, a jornalista do Diário de Uberlândia e outros dois jornais da capital mineira puderam conferir de perto a arte que está ao redor da cidade.  O município abriga ainda um dos hotéis mais emblemáticos do país, o Tauá Grande Hotel e Termas de Araxá, que fica a cerca de cinco minutos de carro do Centro da cidade. Para os hóspedes, pode ser um atrativo a mais, mesmo que seja difícil se afastar um pouco das belas instalações do hotel.

Calmon Barreto (1909-1994) deixou obras em telas, esculturas e pinturas. Grande parte desse acervo, cerca de 300 peças, encontra-se no museu que leva o nome do artista, inaugurado em 1996. Calmon saiu da casa dos pais aos 12 anos de idade para aprimorar sua arte no Rio de Janeiro. Foi naquela cidade, quando trabalhou na Casa da Moeda, que obteve seu título de Mestre Gravador. O araxaense estudou e lecionou na Escola Nacional de Belas Artes. Seu dom aprimorado o levou a diversos salões nacionais e ao exterior. Aperfeiçoou sua técnica em pintura na Europa, graças a um prêmio recebido no Brasil. 

No Museu, é possível apreciar uma série de telas, principalmente de marinhas, pintadas quando o artista morou em Cabo Frio (RJ) e obras que remetem à sua região. Em 1968, regressou à terra natal e ilustrou muito da história de Araxá. Árvore de pau binga, a evolução do homem, Quilombo do Tengo-Tengo, Dona Beja, a revolução de 1842 e o pai, domador de cavalos, um dos homenageados em diversos trabalhos. A vivacidade, presente principalmente nas telas do artista, é um convite a uma longa contemplação.

Calmon não datava suas obras. “Muitas vezes ele trabalhava em mais de uma ao mesmo tempo. Ele também dizia que não tinha talento e sim bons mestres”, disse a professora de história e monitora Vanilda Aparecida Moreira Gotelip.

MUSEU MEMORIAL
A uma curta caminhada do museu Calmon Barreto é possível chegar ao Museu Memorial de Araxá, um casarão antigo da metade do século 19 que pertenceu a família do maestro Elias Porfírio de Azevedo. Ali, além do maestro, sua esposa, Maria Dolores de Azevedo e seus dez filhos, estão representadas 180 pessoas que de alguma forma contribuíram com a história da cidade. 

Nada ali é mais latente do que a música. A família Porfírio, já na quinta geração, foi e é uma grande incentivadora das artes em Araxá. Elias e Maria Dolores tiveram 10 filhos, oito meninos e duas meninas, todos músicos. Nada melhor do que ter uma orquestra dentro de casa e foi o que eles fizeram.
É proibido tocar nos objetos, mas senti-los não é opcional. O espaço, apesar de pequeno, é muito bem organizado. Objetos doados pelas famílias Aguiar e Drummond, entre outras, proporcionam uma viagem no tempo bem no centro de Araxá. A área externa é ampla, bonita e um espaço democrático, usado para diferentes eventos culturais que vão de sarau a lançamento de livros. “Tudo aqui é feito com muito carinho e de acordo com as normas para preservar esse tesouro que é a história da nossa cidade”, disse a monitora Juliana Leitão Barreto.

TEATRO MUNICIPAL 
Inaugurado em 2012, o Teatro Municipal de Araxá tem 300 lugares e uma particularidade: todos os eventos têm entrada franca. “Essa é uma premissa nossa, não existe muita burocracia e temos também muitos eventos patrocinados”, disse a diretora do espaço, Madalena Aguiar.
O lado externo do teatro comporta um público de até 2 mil pessoas e a agenda é cheia, com cerca de 160 eventos por ano. A reportagem visitou as coxias, camarins e pôde constatar o capricho e o cuidado com todos os itens.

PARQUE DO CRISTO
Os grafites em diferentes espaços do Parque do Cristo retratam a arte urbana dos artistas de rua de Araxá. Enquanto cerca de 2 mil visitantes diários passam por ali, podem ainda fazer exercício e contemplar os desenhos. A escada com 267 degraus faz parte do dia a dia de muitos araxaenses que querem manter a forma sem ir para uma academia.

À noite, o mirante é uma atração à parte. Construída nos anos 1960, uma escultura de Cristo de braços abertos diante da Igreja Matriz, alguns quilômetros à frente, engrandece o espaço. Segundo o diretor do parque, Pedro Cândido Neto, há um espaço aguardando uma parceria para abertura de um restaurante panorâmico no local. “Hoje, temos espaços usados para esporte e lazer, lanchonete, loja de artesanato, mas ainda há muito o que fazer. Além do restaurante queremos ainda viabilizar um teleférico”, afirmou.

GRASTRONOMIA
E gastronomia também é arte. A reportagem não poderia deixar Araxá sem passar na loja Doces Joaninha. Luiz Augusto, um dos filhos da matriarca que dá nome ao estabelecimento é a simpatia em pessoa, assim como seus funcionários. “Já me contaram aqui que quando retornam de uma visita a Araxá, os turistas nem são questionados sobre como foi a viagem, os amigos e familiares querem saber se passou pelo Doces Joaninha e principalmente se levou algo de lembrança”, comentou o comerciante.

Dona Joaninha, hoje com 85 anos, começou a fazer compotas de doce há 49 anos. A forma artesanal segue a mesma. Depois das compotas de doce, veio a linha de leite, há 15 anos. “Não fazemos nada com foco no mercado industrial, aqui é tudo feito de forma artesanal, sem conservantes. A ambrosia, por exemplo, fica de 7 a 8 horas no tacho”, conta Luiz Augusto que agora já tem e-commerce. 

SERVIÇO

MUSEU CALMON BARRETO

Rua Franklin de Castro, 160
Telefone: 34-3662-1033
Horário de funcionamento: diariamente, inclusive feriados, das 10h às 18h

MUSEU MEMORIAL DE ARAXÁ
Av. Antônio Carlos, 116, Centro
Telefone: 3612-2134
Horário de funcionamento: de terça a sexta-feira das 8h às 17h, aos sábados das 10h às 16h e aos domingos das 8h às 13h

TEATRO MUNICIPAL DE ARAXÁ
Av. Antônio Carlos, s/n, Centro
Telefone: 3691-7011

PARQUE DO CRISTO
Rua Washington Barcelos, s/n
Aberto das 7h às 22h

DOCES JOANINHA
R. Rio Branco, 318 – Centro
Telefone: 3661-2438
docesjoaninha.lojaintegrada.com.br
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