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21/11/2018 às 19h01min - Atualizada em 21/11/2018 às 19h01min

Captura de escorpiões mais do que dobra no ano

Incidência é maior neste período e especialistas recomendam cuidados

VINÍCIUS LEMOS
Animais capturados pelo CCZ são mantidos vivos e enviados à Funed | Foto: Vinícius Lemos
As equipes do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) em Uberlândia já capturaram, até este mês, 5.446 escorpiões, mais do que o dobro dos 2.502 animais apanhados durante todo o ano de 2017. Nenhuma morte em decorrência de picada registrada na cidade foi notificada, mas especialistas atestam que é preciso ter cuidado, já que passamos pela época de maior incidência do aracnídeo.

Apenas em outubro de 2018, 1.168 animais acabaram pegos pelo CCZ local. Em igual mês do ano anterior, o número não passou de 240. O aumento, segundo o órgão, foi percebido em todo o País e está ligado ao avanço das cidades sobre as áreas verdes. “Mais gente invade áreas de cerrado, construindo, gerando lixo, o que leva ao aparecimento de insetos como baratas, que são alimentos para os escorpiões, e gera abrigo para eles”, disse a coordenadora do Programa de Animais Peçonhentos do CCZ, Juliana Junqueira. A época de chuvas e o calor da estação também ajudam na proliferação.

Em Uberlândia, a incidência é geral, contudo, na área central é mais comum de se encontrar os escorpiões amarelos, segundo Junqueira. A espécie é considerada mais perigosa e lidera os casos de picadas registradas no Município. O escorpião marrom é mais encontrado em áreas periféricas.

Quando uma pessoa é picada ou há a notificação do CCZ por parte da população, a rotina do trabalho é verificar não só a residência onde o animal foi encontrado, como também imóveis que fazem divisa com o local. Qualquer picada é notificada compulsoriamente à Zoonoses e a visita é agendada com a vítima. A coordenadora do Programa de Animais Peçonhentos explicou que também há buscas ativas para captura de escorpiões em locais onde a incidência é comprovadamente constante, como em cemitérios. 

Os espécimes apreendidos não são mortos e, após o acúmulo de aproximadamente 500 delas, são enviados à Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Belo Horizonte, para produção do soro antiescorpiônico.

ATENDIMENTO

Casos de vítimas de picadas de escorpiões podem ser atendidos inicialmente e qualquer unidade de saúde, entretanto a referência é o Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU). Nos casos de administração do soro, apenas a unidade é quem tem estoque e pode aplicar à vítima. Normalmente o soro é oferecido a crianças, idosos ou outras pessoas com saúde fragilizada. Adultos com boa saúde, em geral, apenas têm a dor controlada e recebem orientações sobre o procedimento posterior.

PREVENÇÃO

Para afastar os escorpiões, que naturalmente aparecem mais nesta época do ano, o especialista no estudo desses aracnídeos, William Henrique Stutz, disse que é preciso três medidas: eliminar a água e o alimento, o abrigo e o acesso desses animais. “Em nossos estudos em Uberlândia, percebemos que a maioria dos escorpiões ficam nas galerias de água pluvial e quando se sentem ameaçados pelas galerias cheias pelas chuvas, buscam segurança e saem desses locais”, disse. A incidência nas cidades se torna maior com a expulsão de predadores naturais, como corujas, lagartixas e sapos.

Sendo assim, ralos podem dar acesso a residências, o que pode ser evitado com esses locais sendo fechados, quando possível, ou com a instalação de telas próprias para proteção. Evitar lixo e entulho próximos às residências elimina automaticamente o abrigo e a retenção de água para os escorpiões e também evita a atração de baratas, por exemplo, que são alimento para eles. 

Stutz explicou que existem seis espécies de escorpiões comuns em Uberlândia, sendo duas perigosas ao ser humano, a amarela e a marrom. Entretanto, todas elas picam e podem causar dor. Sendo assim, qualquer caso deve ser notificado ao Município.

O comerciante Alex Ferreira da Silva foi surpreendido por uma picada de escorpião em uma das pernas depois de ser vestir, há cerca de duas semanas em Uberlândia. O animal estava escondido nas roupas. “Minha perna ficou adormecida na mesma hora. Fui atendido na UAI Tibery rapidamente. Não precisei do soro por conta da minha idade, mas recebi uma injeção para a dor”, afirmou. 

Ele contou ainda que a dor voltou após algumas horas e persistiu por cerca de 24 horas após a picada. Morador do bairro Brasil, na região central, ele disse nunca ter encontrado um escorpião em casa antes.

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