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21/11/2018 às 17h58min - Atualizada em 21/11/2018 às 17h58min

Motoristas pedem mais segurança após assaltos

CAROLINA PORTILHO
Carreata se dirigiu à 9ª Risp para reivindicar mais segurança | Foto: Divulgação
Cinco assaltos com quatro vítimas de agressão em uma única noite, além de oito crimes da mesma modalidade no último fim de semana. Esse foi o balanço apresentado por motoristas de aplicativos, que realizaram protesto contra a violência, na manhã desta quarta-feira (21), reunindo mais de 1,2 mil carros, segundo um dos organizadores do movimento, Delbert Souza. A concentração foi no Parque do Sabiá com destino à 9ª Região Integrada de Segurança Pública (Risp) e o objetivo foi reivindicar mais segurança para os profissionais e usuários.

“Está constante a onda de assaltos com motoristas de aplicativos, por isso fomos às ruas pedir atenção maior das autoridades, como a polícia, para dar esse suporte e assim podermos trabalhar com um pouco mais de tranquilidade. Foram 13 assaltos em poucos dias e isso tem causado pânico, pois todos estão sujeitos a essas barbáries”, disse.

Ainda segundo Delbert, de 29 anos, de todos os movimentos já realizados na cidade com a mesma finalidade, esse foi o que obteve maior participação dos motoristas. “Foi muito organizado e esse volume reforça a preocupação dos motoristas que estão se sentindo desamparados no quesito segurança. Chegamos na 9ª RISP e tinha carro passando próximo ao Terminal Central.  A polícia garantiu apoio nesse caso, colocando um efeito maior nos locais mais movimentados da cidade, e com isso esperamos poder trabalhar em paz”, afirmou.

A reportagem do Diário de Uberlândia conversou com o comandante da 9ª RISP, coronel Cláudio Vítor Rodrigues Rocha, que adiantou que uma quadrilha composta por cinco ou seis pessoas, responsável pelos crimes, já foi identificada e que medidas estão sendo tomadas para a prisão dos integrantes. Ele também informou que foi criado um grupo no WhatsApp entre os motoristas e o Centro de Operações da Polícia Militar (Copom) para facilitar a comunicação em casos de assaltos e violência.

“Escutamos os relatos dos casos de assaltos e estamos na fase de juntar provas para avançar nas prisões e até mesmo nos pedidos de preventivas para os menores de idade que estão atuando no crime. Já prendemos alguns suspeitos, que foram soltos, mas o trabalho continua para dar um fim nessa onda de assaltos”, disse.

AGRESSÃO

Marcílio Gonçalves dos Santos tem 37 anos e há sete meses começou a trabalhar como motorista de aplicativos. Na madrugada de quarta para quinta da semana passada ele foi assaltado e agredido por três criminosos após ser acionado por uma mulher para uma corrida no bairro Custódio Pereira, região leste da cidade. Como de costume, Marcílio envia sua localização a um grupo de WhatsApp com motoristas da cidade. Dessa vez, o envio da mensagem foi interrompido quando um dos assaltantes o chamou pelo nome, entrou no carro e começou as agressões. Na sequência mais dois entraram no veículo, por onde percorreram pela avenida Rondon Pacheco sentido bairro Tubalina, mantendo a vítima no volante.

“Deixei o carro apagar, liguei novamente e, por medo, o veículo ficou atravessado na pista. Um deles me pegou pelo pescoço e fui jogado para o banco de trás onde me deram muita coronhada na cabeça e socos. Eu falava o tempo todo que podiam levar o carro, que eu tinha um filho para criar, mas eles não me escutavam e diziam o tempo todo que iam me matar”, relatou o motorista.

A vítima foi levada até um terreno que fica atrás de um condomínio localizado na região Sul de Uberlândia. Ele teve os pés e as mãos amarrados e novamente foi agredido com coronhadas, socos e pontapés, chegando a desmaiar. “Quando acordei, não sabia onde estava. Consegui liberar minha mão direita e minha memória foi voltando. Comecei a caminhar e cheguei até o condomínio para pedir ajuda, que só consegui perto da faculdade, quando um colega de profissão me viu”.

Marcílio foi encaminhado para atendimento médico e segue tomando medicamento por conta dos traumas sofridos. Ele conseguiu recuperar o carro no bairro Shopping Park, mas disse que não pretende voltar a atuar na profissão. “Ontem [dia 20] eu tentei voltar à rotina, mas não consegui. Tive dores de cabeça e revivi as cenas do crime. Não sei o que vou fazer da minha vida ainda, mas, por medo, não tenho mais interesse em ser motorista de aplicativos. Tenho um bebê de um ano e dois meses e o tempo todo em que estive com os assaltantes pedi a Deus que me mantivesse vivo para poder vê-lo crescer.”
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