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11/11/2018 às 08h11min - Atualizada em 11/11/2018 às 08h11min

Unidade de AVC entra em funcionamento

Local conta com 5 leitos de alta rotatividade e uma equipe multifuncional para dar celeridade ao atendimento de pacientes

NÚBIA MOTA
Unidade de AVC foi inaugurada oficialmente no dia 24 de outubro e recebe, em média, de um a dois pacientes por dia | Foto: Núbia Mota
Já está em funcionamento a unidade de Acidente Vascular Cerebral (AVC) implantada no Pronto-Socorro do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU). No local, foram disponibilizados cinco leitos de alta rotatividade e uma equipe multifuncional para dar celeridade ao atendimento de pacientes com AVC isquêmico, também conhecido por derrame ou isquemia cerebral, causado pela obstrução da artéria, que dificulta a chegada de sangue e oxigênio ao cérebro.

A doença pode ter as sequelas reduzidas ou até extintas em 30% dos casos, se o socorro for rápido. Por isso, é importante a população detectar rapidamente os primeiros sintomas e procurar logo por ajuda, pois, em alguns casos, o paciente precisa ser medicado nas primeiras quatro horas. 

A nova unidade de AVC já tem reunido todo o aparato e equipe especializada para o atendimento 24h. Após a realização da tomografia para comprovar a suspeita de isquemia, caso não tenha contraindicação, o paciente recebe uma medicação para reverter total ou parcialmente os sintomas. O tratamento chamado trombólise intravenosa é uma espécie de anticoagulante instantâneo usado para dissolver o coágulo que está obstruindo a artéria, mas só pode ser aplicado até 4h30 depois dos sintomas. “Quando acontece a obstrução, alguns neurônios começam a morrer, mas têm neurônios que, apesar de receberem menos oxigênio, continuam viáveis. Se a gente restaura o fluxo, eles podem voltar a funcionar normalmente”, disse a neurologista e coordenadora da Linha de Cuidados em AVC do HC-UFU, Jullyanna Shinosaki.

Desde 2014, há uma conversa da equipe médica com a direção do hospital, como forma de agilizar o atendimento dos pacientes vítimas de AVC. Em 2016, foi feito um protocolo e o HC-UFU passou a ter uma escala de neurologia 24h. Com a nova unidade de AVC, o trabalho foi concentrado em um único local, sem a necessidade de se vagar leitos em outros quartos do pronto-socorro. Além disso, foi feita uma capacitação no Corpo de Bombeiros e nas Unidades de Atendimento Integrado (UAI), formando assim uma rede de contatos para agilizar a transferência para o HC-UFU. 

“Antes do protocolo de 2016, o paciente não tinha um fluxo rápido para cá. Era atendido na UAI, por lá mesmo pedia a tomografia e uma transferência e podia ser encaminhado para o Hospital Municipal ou para cá. Isso levava tempo e esses pacientes não tinham uma oportunidade de passar por um tratamento rápido. Com o protocolo, tínhamos que procurar um leito qualquer e acontecia de o hospital estar lotado. Agora temos endereço e uma unidade organizada. Sempre tentamos deixar um leito vago esperando por um paciente”, afirmou Jullyanna. 

Na unidade de AVC chega, em média, desde que começou a funcionar no dia 4 de setembro, com inauguração oficial realizada no dia 24 de outubro, de um a dois pacientes por dia. A neurologista diz que o número é baixo e acredita em uma maior demanda em Uberlândia. A falha pode estar na dificuldade de reconhecimento da própria população ou por parte das equipes da UAIs que ainda não passaram por treinamento. “Se você não souber reconhecer, vai dar uma água para pessoa, vai mandar dormir para passar e com isso, perde a janela terapêutica das 4h30”, disse Jullyanna.
De cinco pacientes atendidos nos primeiros 90 minutos dessas 4h30, um sai totalmente bem, sem sequela, mas se é feito nos últimos 90 minutos, a chance é menor, passando a ser de um ileso para cada 14 pacientes socorridos.  
Entre as principais sequelas estão perda da força muscular de pernas e braços, perda visual, dificuldade de falar, de equilibrar, de entender, de se expressar, de deglutir, precisando, em alguns casos, usar a sonda.

ESTUDO 

Desde setembro, a unidade de AVC da UFU foi incluída em um estudo, iniciado em fevereiro de 2017, junto ao Ministério da Saúde e outras unidades de AVC do Brasil, para fazer testes de implementação de um outro tratamento, que é a trombectomia, parecida com angioplastia, mas ainda não oferecida pelo SUS. “Estamos fazendo esse estudo, para ver se vai funcionar bem no SUS e o Governo vai disponibilizar. Aí já vamos estar treinados para fazer, caso libere”, disse Jullyanna.

ESCALA

Socorro pode diminuir sequelas em 30% dos casos

Para reconhecer o AVC, basta utilizar a escala de Cincinnati, aplicada pelos bombeiros e técnicos de enfermagem nos hospitais. A sigla empregada é SAMU. O “S” significa sorriso, então é preciso pedir para o paciente sorrir. Caso a boca esteja torta, há 70% de chance de ser AVC. O “A” significa abrace, por isso, peça para a pessoa dar um abraço. Porém, se ela não conseguir levantar os braços ou eles não ficarem eretos, pode representar fraqueza muscular, sendo outro sinal da doença.

O “M” significa música. Assim, basta pedir que o paciente cante uma canção ou diga uma frase. Se não entender, não responder, ou falar tudo enrolado, também indica problema. A última letra, “U”, significa urgente, e nessa etapa final da escala é recomendado chamar o Corpo de Bombeiros, que realiza o atendimento emergencial, ou se dirigir ao hospital por carro particular, se o paciente conseguir se locomover até o veículo.  

Também é importante conhecer alguns dos fatores que podem desencadear a doença. A incidência do AVC tem sido maior em pessoas a partir de 50 anos. Porém, a enfermidade pode acometer outras idades. Na maioria dos casos, há a influência de fatores cardiovasculares como pressão alta, diabetes, obesidade, sedentarismo, tabagismo, consumo de bebida alcoólica em excesso e arritmia cardíaca. 

“Os maiores fatores de prevenção são modificáveis, passíveis de controle. Tem colega que brinca que devia chamar DVC, doença vascular cerebral, porque a pessoa que é hipertensa, diabética, com colesterol e não cuida, já é esperado [que sofra] um AVC, é um desfecho natural. E não é igual catapora que pega só uma vez, se teve uma vez, está mais suscetível a ter de novo. Precisa estar mais atento. Tem muita pessoa jovem hipertensa que para de tomar o remédio e chega aqui com AVC, que poderia ter sido completamente evitado se tivesse com a pressão controlada”, afirmou a neurologista Jullyanna Shinosaki. 

ESCALA “SAMU” PARA RECONHECER AVC

- S = Sorria
Peça para a pessoa sorrir. Caso a boca esteja torta, há 70% de chance de ser AVC

- A = Abrace
Peça para a pessoa dar um abraço. Se ela não conseguir levantar os braços ou eles não ficarem eretos, pode representar fraqueza muscular, sendo outro sinal da doença

- M = Música
Peça que o paciente cante uma canção ou diga uma frase. Se não entender, não responder, ou falar tudo enrolado, também indica problema

- U = Urgente
Nesta etapa final da escala é recomendado chamar o Corpo de Bombeiros, que realiza o atendimento emergencial, ou se dirigir ao hospital por carro particular, se o paciente conseguir se locomover até o veículo.  

Telefone dos bombeiros = 192

É importante detectar rapidamente os primeiros sintomas e procurar por ajuda, pois, em alguns casos, o paciente precisa ser medicado nas primeiras 4h30

A doença pode ter as sequelas reduzidas ou até extintas em 30% dos casos, se o socorro for rápido

FATORES DE RISCO

- Existência de doenças como a hipertensão, a diabetes e o colesterol.
- A existência de situações geradoras de stress e ansiedade.
- Ser fumador.
- Ser obeso.
- Usar anticoncepcionais orais (mulheres)
Obs: a incidência do AVC tem sido maior em pessoas a partir de 50 anos.

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