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04/11/2018 às 07h25min - Atualizada em 04/11/2018 às 07h25min

Cada vez mais, um bom negócio

Setor de franquias tem crescido no interior do país, inclusive em Uberlândia

MARIELY DALMÔNICA
Empresário Rodrigo Sousa abriu uma franquia há quase três meses em um shopping de Uberlândia | Foto: Mariely Dalmônica
Os pontos de vendas de produtos e serviços de redes de franquia estão crescendo no Brasil. Segundo levantamento da Associação Brasileira de Franchising (ABF), com mais de 150 mil unidades, o setor obteve faturamento de R$ 79,496 bilhões no primeiro semestre deste ano, indicando alta de 6,8% sobre igual período do ano passado. A previsão é de crescimento entre 7% a 8% no encerramento de 2018.

A pesquisa da associação mostrou que entre as 30 cidades com o maior número de unidade franquiadas, 11 tiveram desempenho de destaque e sete delas estão fora das capitais: Campinas, Santo André, São Bernardo do Campo, São José do Rio Preto, Sorocaba e Guarulhos (SP) e Niterói (RJ). Em Uberlândia, o número de franquias cresceu 6% entre junho de 2017 e junho de 2018, deixando a cidade no 13º lugar no levantamento. 

Em um ano, o município recebeu 17 novas redes de franquias, ficando com 280 marcas, e 34 novas unidades, somando 590 no total. Danyelle Van Straten, diretora regional da ABF Minas, disse que o crescimento foi significativo na cidade. “Uberlândia está dentro do universo das 30 maiores cidades com franquias. Além disso, cresceu acima da média nacional, que foi de cerca de 4%.”

Segundo a diretora, existem muitas vantagens em abrir uma franquia, como ter treinamento e acompanhamento do franqueador, e compartilhar ações conjuntas de comunicação. “A primeira vantagem é ter acesso a um modelo de negócios, produto ou serviço e marca já formatados e testados. A segunda é o compartilhamento de recursos, sistemas e práticas, o que gera ganhos de escala significativos. A terceira é ter acesso a uma rede de fornecedores testados e credenciados, o que dá mais segurança operacional”, disse Danyelle. 

O setor que mais se destaca em Uberlândia é o de Alimentação, que representa 26,6% de participação. Em segundo lugar vem o nicho de Saúde, Beleza e Bem-Estar, com 17,3% de participação. Em terceiro lugar, o setor de Moda se destaca, com 13,6%. 

DICAS  

Para Edson Menhô, consultor do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em Uberlândia, mesmo com o crescimento contínuo do setor alimentício, é necessário entender do negócio antes de investir em uma nova marca. “Dizem que todo mundo precisa comer, então pensam: ‘se precisam comer, vou abrir um negócio de comida’. Mas hoje a alimentação está sendo muito segmentada, não é fácil sobreviver no mercado”, disse. 

De acordo com Menhô, o número de novas franquias em Uberlândia é baixo, comparado com a população. Para ele, não existe um setor totalmente seguro na cidade. “Eu recomendo procurar uma franquia com o selo da ABF. Tem que ter uma análise bem profunda do custo-benefício, tudo tem que ser pensado. Por exemplo, se falarmos em minifranquias, você vai encontrar de R$ 5 mil a R$ 100 mil [de investimento], mas elas não costumam ter o selo e podem não ser tão seguras. Eu costumo falar que a mais lucrativa é o McDonald’s.” 

Segundo o consultor, é necessário seguir um “passo a passo” antes de abrir uma franquia. “A primeira coisa é se perguntar: tenho condições financeira e profissional? E o que entendo do negócio de franquias? As pessoas devem ter conhecimento para isso e descobrir se o seu perfil se adequa ao que o franqueador está procurando. As pessoas se iludem muito”, disse Edson.  

ALIMENTAÇÃO 

Rodrigo Sousa, proprietário da Bio Mundo Produtos Naturais, abriu a franquia há quase três meses em um shopping de Uberlândia, mas trabalhou no setor de alimentos a vida toda. “Sempre estive na área de comércio. Em Brasília tenho uma panificadora e tive um restaurante por quatro anos em Uberaba. Essa é a primeira vez que trabalho com franquia, mas sempre tive vontade, por ser uma coisa mais confiante. A marca sempre dá o feedback também”, disse. 
Para o empresário, não é tão fácil abrir o negócio. “É muito pesado se manter dentro de um shopping, é uma coisa que tem que ser muito bem estudada. Por outro lado, é uma vantagem. A gente não precisa trabalhar tanto com marketing, tem comodidade, acessibilidade e boa localização. Tem dias que são melhores, outros piores, mas mesmo assim o ritmo é sempre bom”, disse. 

Atualmente, o empresário se diz muito feliz com o negócio e já pretende abrir novas unidades. “Eu era cliente da Bio Mundo e falei: é isso que eu quero. Hoje a franquia está com 44 lojas, com mais 14 para inaugurar até o fim do ano, em 11 estados. Tenho vontade de abrir outras lojas da Bio Mundo em Uberlândia, e uma pizzaria, acho que a lucratividade é grande, e quem não gosta de pizza?” 

Há 15 anos, José de Marchi deixou o ramo de seguros para abrir uma franquia da Água Doce Sabores do Brasil em Uberlândia, e desde então, sempre viu o negócio como algo promissor. “Pensava em investir em um negócio próprio e, por acreditar na marca, decidi abrir uma unidade da rede. Os restaurantes da Água Doce são destino para famílias e grupos de amigos que buscam fazer de almoços, jantares, happy hours e de confraternizações variadas um momento especial de entretenimento”, disse. 

Para o empresário, é fundamental estar presente na empresa para administrar o negócio corretamente. “É importante seguir as regras repassadas pela franqueadora, investir constantemente no treinamento da equipe e manter os colaboradores motivados. Além disso, trata-se de um negócio que já foi testado e formatado. As chances de não dar certo são muito pequenas”, disse José.


José de Marchi deixou o ramo de seguros para abrir uma franquia da Água Doce
Sabores do Brasil em Uberlândia | Foto: Divulgação

DESAFIOS  

Graciane Naves é dona da Puket de Uberlândia, loja de pijamas, meias e acessórios para crianças e adultos. Ela comprou a loja em 2015 por se identificar com o público. “Decidi comprar a loja porque estava fora do mercado de trabalho, sempre trabalhei na área da educação e tenho três crianças. Estava procurando um negócio para administrar e optei pela franquia por ser um modelo pronto e padronizado”, disse.

O maior desafio da empresária foi gerenciar o negócio. “Eu não tinha conhecimento do comércio, de controle de estoque e de gestão de vendas. A prática me preparou e eu contei com um apoio muito grande de franquia. Sempre recebo a visita de algum consultor da marca em Uberlândia e tenho um suporte muito grande”, afirmou. 

Mesmo com a instabilidade do comércio, a empresária disse que ainda tem interesse em abrir outro negócio. “Assim que eu peguei a loja, estourou o ‘boom’ da crise econômica, todos esses anos foram muito puxados. Neste ano, eu tinha previsto um crescimento bem alto, mas a loja cresceu a metade disso. É desafiador, as pessoas não estão mais seguras para comprar. Tem que ter bastante treinamento de equipe”, disse Graciane. 


Graciane Naves é dona da Puket de Uberlândia, loja de pijamas, meias e acessórios
para crianças e adultos | Foto: Divulgação
 
Franquias em Uberlândia
 
Segmentos Unidades % Part.
Alimentação 157 26,6%
Casa e Construção 46 7,8%
Comunicação, Informática e Eletrônicos 22 3,7%
Entretenimento e Lazer 5 0,8%
Hotelaria e Turismo 8 1,4%
Limpeza e Conservação 14 2,4%
Moda 80 13,6%
Saúde, Beleza e Bem-Estar 102 17,3%
Serviços automotivos
48 8,1%
Serviços e outros negócios 56 9,5%
Serviços educacionais 52 8,8%
Total 590 100%
                   
Fonte: ABF

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