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19/06/2018 às 11h28min - Atualizada em 19/06/2018 às 11h28min

Início do Samu é adiado em 15 dias

Direção do HC diz que demanda aumentará e que precisa de mais tempo para se estruturar

WALACE TORRES | EDITOR
Audiência de conciliação faz parte de ação de 2012 que pedia a implantação do Samu em Uberlândia (Walace Torres)
O início da operação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) na região do Triângulo Norte foi adiado por até 15 dias a pedido do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), que alega não ter condições de receber nova demanda de pacientes da região. Segundo a direção do hospital, o maior problema atualmente é a falta de médicos plantonistas.
“Estamos repetindo hoje a crise vivenciada em 2011 e 2012, que foi o pior momento que o Hospital de Clínicas viveu, quando não tínhamos plantonistas e o hospital teve que fechar várias vezes”, disse o diretor geral Eduardo Crosara, durante audiência de conciliação, ontem, na Justiça Federal.
O HC da UFU é a única referência para atendimentos de alta complexidade na região do Triângulo Norte. A direção do hospital chegou a pedir um prazo entre 120 a 180 dias para se preparar para atender os pacientes trazidos pelo Samu. No entanto, na audiência, o juiz federal Lincoln Rodrigues de Faria sugeriu que o Governo do Estado e o Consórcio Público Intermunicipal da Rede de Urgência e Emergência da Macrorregião do Triângulo Norte (Cistri) adiassem a entrada em funcionamento do Samu por 30 dias. Com o posicionamento de alguns prefeitos e técnicos do consórcio para que o serviço entrasse em operação de imediato, o procurador da República Cléber Eustáquio sugeriu que o prazo fosse reduzido em até 15 dias, o que foi acatado.
A solenidade de anúncio do início da operação do Samu na região está marcada para amanhã, na sede da 9ª Região Integrada de Segurança Pública, em Uberlândia, com a presença do governador Fernando Pimentel. Como a audiência terminou no início da noite de ontem, tanto o Cistri como o Estado não confirmaram se o evento seria adiado ou mantido. A decisão deve sair hoje, em nova reunião entre integrantes do Cistri, do Estado e do Hospital de Clínicas.
A audiência de conciliação era parte de uma ação ingressada pelo Ministério Público Federal em 2012 pedindo a implantação do Samu em Uberlândia. São réus no processo o Município, o Estado e a União. Cinco anos depois de protocolada a ação o Samu está pronto para entrar em funcionamento, mas o principal município da região optou por não aderir ao serviço.
Além de recomendar o adiamento do início das operações por até 15 dias, o juiz federal também pediu que a Prefeitura de Uberlândia reavalie a sua decisão de não participar do Samu. O juiz ainda disse para que o Cistri verifique a possibilidade de atender o prazo inicial de 120 dias de prorrogação solicitado pelo Hospital de Clínicas, o que segundo frisou, não é um impedimento para que o consórcio coloque o Samu em funcionamento. Neste caso, os atendimentos de alta complexidade ficariam descobertos até que o hospital conseguisse se reestruturar.
O diretor geral do HC disse que vários médicos plantonistas pediram exoneração em função das condições de trabalho, ou seja, da superlotação de pacientes, especialmente no Pronto Socorro. “Não temos condições de receber mais nenhuma demanda”, disse Eduardo Crosara. “Somos muito favoráveis ao funcionamento eficaz do Samu, mas não estamos preparados neste momento”, completou. Crosara apontou que a Rede de Urgência e Emergência montada na região ainda não está completamente organizada. “Temos certeza de que parte dos municípios não conseguiu se estruturar para receber pacientes. E essa demanda vai parar no Hospital de Clínicas de Uberlândia”, disse.
A informação foi rebatida por representantes do Cistri e do Estado. “Está tudo pronto para iniciar o funcionamento, as ambulâncias estão prontas, já foi feito todo o processo de pactuação com os municípios da região que participam do Samu, quais são as referências (...) já foi definido a cota parte dos municípios e qual a parte de financiamento do Estado”, disse Romero Souza Filho, subsecretário de políticas e ações de saúde da Secretaria de Estado de Saúde.
Técnicos do Cistri também questionaram a alegação de que o Samu irá aumentar a demanda para o Hospital de Clínicas. Segundo apontaram, o Samu irá organizar a rede de Urgência e Emergência e ajudar na regulação daqueles pacientes que hoje chegam a Uberlândia sem nenhuma referência. “O Samu vai atender o paciente com melhor condição e entregá-lo ao hospital com mais chance de vida”, disse o consultor do Cistri e ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha.
Padilha afirmou que o Samu não aumentará a demanda de pacientes para o HC-UFU, pois os casos de baixa e média complexidade serão atendidos na rede pactuada nos próprios municípios de origem do paciente. “Os hospitais de menor porte (nos municípios que integram o consórcio) terão que assumir mais sua responsabilidade no atendimento, evitando vir tudo para o Hospital de Clínicas”, disse. Ele citou ainda que a implantação do Samu permite que os municípios integrantes cobrem do Ministério da Saúde a ampliação dos recursos destinados aos atendimentos de urgência e emergência.
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