Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90
18/06/2018 às 09h04min - Atualizada em 18/06/2018 às 09h04min

​Número de vegetarianos no Brasil cresce para 14%

MARIELY DALMÔNICA | REPÓRTER
DIVULGAÇÃO
Enquanto o vegetariano segue uma alimentação que exclui todos os tipos de carnes, o vegano não consome nenhum tipo de produto de origem animal. Atualmente, cerca de 14% da população brasileira se declara vegetariana, de acordo com uma pesquisa realizada pelo IBOPE Inteligência em abril deste ano. Esse número representa um crescimento de 75% em relação ao ano de 2012, quando a mesma pesquisa começou a ser realizada.
O jornalista Muntaser Khalil é um dos quase 30 milhões de brasileiros que optaram em seguir essa alimentação. Depois de uma longa pesquisa, ele descobriu que inúmeros alimentos podem substituir a proteína animal. “Fui vegetariano por um ano e meio, mas não tinha consciência de quais alimentos comer e acabei ficando doente. Em dezembro parei de comer carne novamente e comecei a ter uma noção maior. Hoje faço hamburguer de brócolis, feijão e grão de bico, todos substituem a proteína animal”, disse.
Para ele, a mudança na alimentação também refletiu no dia a dia. “Eu raramente fico doente, não pego resfriados como antes, me sinto mais disposto e com uma melhor aparência”, afirmou Khalil.
Tiago Amaral é biólogo e durante a graduação estudou sobre o impacto da produção de carne no meio ambiente. Atualmente ele é pescetariano, consome peixe, mas não come nenhuma outra carne. “Faz quatro anos que me tornei parcialmente vegetariano. Na época, eu fiz um curso de Reiki e fui parando de comer carne vermelha e frango. Já parei de comer peixe por um tempo, mas tive uma deficiência de vitamina e me senti muito fraco. Eu como peixe, ovos e tomo leite esporadicamente”, disse.
De acordo com a nutricionista Aline Araújo, é ideal que uma pessoa que deseja se tornar vegetariana ou vegana faça acompanhamento com um nutricionista, como em qualquer tipo de dieta. “As pessoas que não procuram por um profissional podem escolher alimentos que têm mais carboidratos do que proteínas, e muitas vezes a glicose pode aumentar. Quando recebo pacientes vegetarianos, substituímos a proteína animal por diversos alimentos, é algo muito comum. A pessoa tem que ser adepta a alguns alimentos, como leguminosas, frutas e vegetais”, afirmou a nutricionista.
Para Aline, é importante que os profissionais tenham consciência que é uma escolha pessoal. “Muitos pacientes me procuram depois que algum nutricionista sugeriu que ele voltasse a comer carne. Mas eu conheço mães que são vegetarianas e passaram a gestão sem comer carne, tiveram os filhos que também não consomem carne e todos são pessoas bem saudáveis. É possível sim ser saudável sem proteína animal”, disse.
Otávio Alvarenga, estudante de Ciências Sociais, se tornou vegetariano há quase nove anos. Ele disse que o processo foi natural e acompanhado do incentivo da mãe, que também estava parando de comer carne na época. “Para mim, ser vegetariano é ter empatia com animais, olhar para eles e não considerar mais alimento. Por um ano eu fui vegano, tive uma percepção mais crítica e política do que é o veganismo, percebi que não era só um hábito, mas uma cultura”, afirmou.
Para o estudante, pesquisar sobre a produção dos alimentos é fundamental.  “Eu me manifesto a favor de uma produção sustentável. Aprendi a ter um contato mais próximo ao alimento, saber de onde ele vem e como está sendo produzido. A cozinha virou um grande laboratório para mim”, disse Alvarenga.
Camila Akinaga não come carne há seis anos, e há dois decidiu se tornar vegana. “Assisti alguns documentários e li mais sobre o assunto, minha consciência se ampliou de uma forma que decidi não contribuir mais com isso. E a partir do momento que abri a minha mente para o veganismo, comecei a ver o mundo de uma forma muito mais ampla, disse.
Atualmente, Camila trabalha como auxiliar de cozinha em um bistrô vegano e acredita que o veganismo vai muito além de uma alimentação baseada em vegetais. “A definição de veganismo é viver, dentro do possível e do praticável, de uma forma que não contribua com a exploração dos animais. Isso inclui boicotar produtos que tenham ingredientes de origem animal, de marcas que façam testes em animais ou que explorem de outras formas. Ser vegano é ter a consciência de que é sim, possível, viver em plena harmonia com a natureza e os animais.”
Camila come de tudo: pizza, lasanha, pastel, bolo, cachorro quente e feijoada. “Eu percebi que o pessoal tem uma visão muito deturpada de veganismo. Muitos acham que é apenas uma dieta e realmente acreditam que a gente vive de alface. Acredito que através de uma conscientização as pessoas vão entender a real importância do movimento vegano, não só para o bem-estar dos animais, mas também para o bem do planeta e até mesmo para nossa saúde”, afirmou.
 
BUSCA PELO ASSUNTO AUMENTOU
 
Nos últimos cinco anos, o volume de buscas pelos termos ‘vegetariano’ e ‘vegano’ cresceram muito de acordo com dados do Google Trends. Desde 2013, cresceu 52% o número de buscas por ‘vegetariano’, e quase 90% as buscas por ‘vegano’ no site de pesquisas. Isso representa também o aumento do interesse do consumidor e de alguns empresários, que decidiram investir em produtos e alimentos veganos e vegetarianos para atender esse público.
Tai Chin En e a família vieram de Taiwan há muitos anos e decidiram abrir o Putilin, restaurante vegetariano localizado no Centro da Cidade, em 2014. “Minha família toda é vegetariana, e o motivo de abrirmos o restaurante é porque queremos divulgar sobre alimentos vegetarianos e veganos para os povos brasileiros”, disse.
O Putilin oferece várias opções para quem é vegetariano, vegano e quem deseja diminuir ou parar de consumir proteína animal. “Nós trouxemos nossos temperos e nosso cardápio diretamente da China. E os pratos preferidos pelos nossos clientes são o frango vegano, o kibe vegano, o rolinho primavera e o yakissoba”, afirmou Chin En.
Gabriel Elyas decidiu unir duas paixões: a culinária vegana e a vontade de empreender. E há um ano é proprietário do Bistrô Gourmet Veg, restaurante vegano localizado no Santa Mônica. “Nosso cardápio tem pizza, burritos, esfiha, sobremesa e drinks. Mas sem dúvida o pessoal gosta muito das pizzas. Aqui não tem nada similar a carne, nossa pizza de margherita por exemplo, leva um queijo que é feito com castanha de caju.”
Elyas também opta por alimentos mais naturais e evita usar produtos industrializados no estabelecimento. “Posso dizer que a gente produz quase 90% das coisas que usamos aqui. Muitas coisas também optamos em comprar de marcas veganas, que passam por um processo de industrialização bem diferente”, disse o proprietário.

É CARO SER VEGANO?
 
A pesquisa também mostrou que o interesse por produtos veganos é grande entre os entrevistados. Mais da metade deles (55%), afirmou que consumiria alimentos livres de qualquer ingrediente de origem animal se estivessem melhor indicados na embalagem ou se tivessem o preço similar aos produtos que estão acostumados a comprar.
Pensando nisso, Caroline Soares, estudante de Guarulhos, criou o Grupo Veganos Pobres no Facebook há dois anos. “Quando me tornei vegana eu pensava: não tenho dinheiro para fazer isso! Então eu pensei que deveria ter um grupo para quem tem dúvidas como eu. Afinal, eu sou pobre e vegana, então dei esse nome. No grupo nós tiramos dúvidas sobre receitas e preparação de alimentos.
Atualmente, o grupo Veganos Pobres conta com quase 80 mil participantes de todos os cantos do país. “Me surpreendi quando vi que o grupo cresceu tão rápido. O veganismo cresce cada dia mais na periferia e o acesso à informação é muito grande”, afirmou.
 
Tags »
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90