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23/05/2018 às 18h22min - Atualizada em 23/05/2018 às 18h22min

Azeredo cumprirá pena em cela de batalhão dos Bombeiros de BH

Tucano tornou-se o primeiro acusado por mensalão mineiro a ser preso

FOLHAPRESS | BELO HORIZONTE
Ex-governador iniciou cumprimento de pena de 20 anos e um mês de prisão | Foto: José Cruz/Agência Brasil
 
Preso nesta tarde, o ex-governador Eduardo Azeredo (PSDB) irá cumprir pena em um batalhão dos Bombeiros na região centro-sul de Belo Horizonte, a cerca de 1 km do edifício onde ele tem um apartamento.

Azeredo, 69 anos, se entregou à Polícia Civil às 14h45 para iniciar o cumprimento de pena de 20 anos e 1 mês de prisão por peculato (desvio de dinheiro público) e lavagem de dinheiro. É o primeiro acusado no chamado mensalão tucano a ser preso.

O tucano teve o mandado de prisão expedido pelo Tribunal de Justiça na terça (22) e chegou a ser considerado foragido.

Após se entregar, Azeredo deixou a delegacia por volta das 16h10. Ele saiu pela garagem já dentro de uma viatura da Polícia Civil rumo ao Instituto Médico Legal, na zona oeste.

Houve protesto de pessoas que acompanhavam a movimentação na delegacia, com batidas na janela do carro e gritos de ladrão. Outros ainda comemoravam a prisão de um político do PSDB depois de 20 anos desde os fatos do mensalão tucano.

A polícia bloqueou uma pista nos dois sentidos da av. do Contorno, na região centro-sul, para a passagem de dois carros da corporação.

Pela decisão da Justiça mineira, a Secretaria de Segurança Pública deve providenciar um batalhão militar da capital para o cumprimento da pena, preferencialmente uma unidade dos Bombeiros, "dado o fluxo menor de pessoas, o que permitirá mais segurança ao sentenciado".

"É fato notório que as unidades penitenciárias mineiras passam por problemas de toda sorte", afirma o juiz Luiz Carlos Rezende e Santo, da Vara de Execuções Penais.

O juiz destaca que as prisões masculinas da região metropolitana têm centenas ou milhares de presos e destaca a necessidade de proteção do ex-governador.

"O ex-governador reclama segurança individualizada bem como tem prerrogativa de manter-se em unidade especial como a Sala de Estado Maior que deverá estar instalada no Comando de Batalhão Militar".

"O sentenciado possui vasta participação na vida política nacional por força de democrática escolha popular, sendo inegável o respeito que se deve dispensar a esta vontade, outrora exercida, e por isto mesmo há regramento próprio de proteção a pessoas que desempenharam funções relevantes na República", afirma a decisão.

O juiz diz ainda que Azeredo pode levar suas próprias roupas, "bem como vestuário para banho e cama mínimos para sua dignidade".

A decisão determina também que a Secretaria de Segurança, que responde pela administração prisional, forneça agentes penitenciários para o acompanhamento carcerário de Azeredo no batalhão militar.

TRAJETÓRIA

Nascido em setembro de 1948 em Sete Lagoas, Azeredo foi vice-prefeito (1989-1990) e prefeito da capital mineira (1990-1992) e se elegeu ao governo em 1994, com o empresário Walfrido dos Mares Guia como vice –que também foi denunciado no esquema do mensalão tucano, mas suas acusações prescreveram.

Na sua campanha à reeleição, quando promotores e procuradores dizem que houve o esquema de desvios, Clésio foi o candidato a vice. A chapa perdeu para o candidato Itamar Franco (MDB).

Em 2003, Azeredo tomou posse no Senado, onde ficou até o fim do mandato. Foi presidente nacional do PSDB de janeiro a outubro de 2005, quando o esquema do mensalão tucano foi desvelado e ele deixou o cargo.

Em 2010, foi eleito deputado federal, cargo que renunciou em 2014, ao se tornar réu no STF. Clésio Andrade, então senador, também renunciou. Com a perda do foro especial, o processo voltou à primeira instância, na Justiça estadual de Minas.

Em Belo Horizonte, passou a prestar consultoria para a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) com um salário de R$ 25 mil ao mês.

A primeira condenação de Azeredo veio em dezembro de 2015, quando foi condenado pela juíza da 9ª Vara Criminal Melissa Pinheiro Costa Lage a 20 anos e 10 meses de prisão. Recorreu da decisão, em liberdade.

À época, disse à Folha que a magistrada "praticamente copiou" a acusação feita pela Procuradoria-Geral da República desde 2007, usando como provas documentos que, segundo ele, são falsificados.

Azeredo afirmou que não era responsável pelas despesas da campanha e que não pode ser responsável por ações de terceiros.

"Eu não posso me responsabilizar por atos de setores que tinham autonomia financeira", afirma.

Também questiona o acúmulo de penas para que a sentença chegasse aos 20 anos de prisão. "Ela multiplicou a pena porque eram várias cotas de patrocínio, só que nenhuma dessas cotas foram assinadas por mim. É isso. É muito simples", diz.

No último dia 14, Clésio Andrade também foi condenado, em primeira instância, a 5 anos e 7 meses de prisão por lavagem de dinheiro. Sua defesa diz que a condenação é injusta e que irá recorrer.
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