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28/08/2017 às 13h19min - Atualizada em 28/08/2017 às 13h19min

Balão intragástrico é opção para emagrecer

Modelo de balão ajustável permite adaptação durante o tratamento

LAURA FERNANDES | APRIMORAMENTO PROFISSIONAL
Cristiano Mendes perdeu cerca de 30 quilos, retirou o balão e mantém a dieta / Foto: Arquivo Pessoal

 

A pessoa obesa ou com sobrepeso que decide emagrecer conta, entre outras alternativas, com uma intervenção que tem conquistado adeptos. O balão intragástrico, já utilizado há alguns anos, ganhou mais recentemente a opção ajustável. A técnica permite uma perda de peso entre 15% a 20% - resultado obtido com a combinação de reeducação alimentar e atividade física.

Indicado para auxiliar pacientes que já tentaram outros tratamentos clínicos, mas não conseguiram emagrecer, o balão é feito de silicone e colocado no estômago por endoscopia. O objeto preenche aproximadamente 50% da cavidade gástrica, promovendo o aumento da saciedade e a diminuição do apetite, podendo ser ajustado dias ou meses após a colocação, para intensificar seus resultados.

De acordo com o cirurgião bariátrico Gerson Diniz, o balão intragástrico regulável está no mercado há cerca de dois anos. “O balão era colocado e tinha que ficar o tempo todo com o paciente. O volume era único, se ele não se adaptasse teria que tirá-lo, então se perdia o procedimento. Daí surgiu o balão ajustável”, explica Diniz sobre a adaptação do novo procedimento. O médico desenvolve esta técnica em Uberlândia há cerca de um ano e meio.

A recomendação do balão comparada a outros métodos de perda de peso, como a redução de estômago, surge pela fácil adesão ao quadro dos pacientes, pois outros mecanismos exigem limites de recomendação. O cirurgião explica que a redução de estômago é recomendada para pacientes com índice de massa corpórea acima de trinta e cinco ou quarenta, desde que tenham algumas doenças associadas, como diabetes, hipertensão arterial ou algumas lesões articulares em joelho, quadril ou coluna. Já o balão pode ser indicado para qualquer paciente com índice acima de vinte e oito.

Ainda segundo Diniz, o balão ainda pode ser usado em pacientes mais obesos que não têm condições cirúrgicas ou não querem operar, ou ainda que precisam perder um pouco de peso para poder realizar a operação.

Apesar de ser uma opção viável de emagrecimento a uma gama maior de pacientes e de estar ganhando espaço, uma das questões que ainda dificulta uma ampla adesão ao método é o custo. Em Uberlândia, o valor do procedimento para o período de um ano varia de R$ 9,5 mil a R$ 15mil, a depender da clínica definida.

 

COMO FUNCIONA

O balão intragástrico armazena um volume que varia entre 400 ml e 700 ml. Inserido através da endoscopia e com o paciente sedado, o balão entra vazio pela boca, passa pelo esôfago e chega ao estômago, onde é insuflado através de um conector, que injeta soro fisiológico com azul de metileno (para identificar caso ele se rompa).

A “reinsuflação” pode ser feita de duas a três vezes, o que resulta em uma vida útil para o balão de até um ano. Essa validade é referente ao material do balão. “A partir de doze meses aumenta o risco de o balão furar e perder sua qualidade, então deve-se retirá-lo”, explica o cirurgião Gerson Diniz. A retirada também é feita por endoscopia.

Nos primeiros dias após a colocação, o paciente pode sentir náusea, vômito e cólica, porque o corpo tenta expelir a prótese. As náuseas são comuns pois o balão aumenta o volume de suco gástrico no estômago, na tentativa de colocá-lo para fora. Os sintomas, assim como suas durações, variam de paciente para paciente.

 

RELATO

Pacientes contam experiências com a técnica

Clovis Correa colocou o balão 14 de fevereiro deste ano e já perdeu 22 quilos. Em seus três primeiros dias após o procedimento, ele conta que teve pouco vômito e cólica, o que mais o atacou foi a rejeição do organismo, mas logo depois houve a adaptação e hoje já não tem reações fortes. “É como jogar na loteria, você nunca sabe como seu organismo vai reagir, a intensidade da reação”, comenta. Para ele, o exercício de entender o procedimento foi tranquilo, ele já tinha conhecimento do que poderia acontecer. “Eu sabia das complicações que eu poderia ter, sabia o que eu estava fazendo. Foi uma coisa pensada, estudada, amadurada”, discorre.

Já para Cristiano Bernardo, que também optou pelo balão intragástrico, as reações à colocação do balão foram diferentes. Nos três primeiros dias após o procedimento elas restringiram-se a vômitos. Ele conta que foi necessária medicação, tanto oral quanto endovenosa, o que contribuiu para sua recuperação e estabilidade. “O balão quer sair, por isso os vômitos, mas com os remédios deu tudo certo”, esclarece. Cristiano colocou o balão intragástrico no dia 6 de julho de 2016 e ficou com ele durante um ano e quinze dias. Nesse período, perdeu cerca de 30 quilos.

Clovis Correa explica que antes do procedimento fez várias dietas e acompanhamentos, mas não tinha obtido resultado. Optou pelo balão porque ele foi uma forma de obrigá-lo a manter a dieta, que antes não acontecia com os outros métodos, explica ele. “No início, se você come muito, passa mal, então é uma maneira de obrigar você a seguir as recomendações dos especialistas.” Após a colocação do balão, ele passou a seguir a orientação médica e concilia a dieta com exercícios físicos, indo à academia três vezes por semana e correndo duas.

A combinação de exercícios e dieta equilibrada também foi característica marcante no processo de Cristiano. Sua adaptação tinha iniciado há cerca de dois anos antes da colocação do balão, quando cortou a bebida alcoólica. Nesse período, ele se preparava para se submeter à cirurgia bariátrica, mas conheceu o método do balão e optou por essa técnica. Após a colocação do balão, Cristiano conta que fez uma mudança radical de hábito: cortou refrigerante e seguiu a dieta rigorosamente.

O médico Gerson Diniz reforça que a resposta do método depende em grande parte do comportamento e adaptação do paciente. “O balão não é mágico. O paciente tem que fazer sua parte”, afirmou.

 

ORIENTAÇÃO

Nutricionista e psicóloga explicam a importância do acompanhamento

A decisão de emagrecer envolve vários fatores motivacionais, como a saúde e a autoestima. Optar por métodos de redução de peso, como a colocação do balão intragástrico, requer uma preparação e acompanhamento constante de especialistas.

No caso do balão, antes do procedimento há um trabalho de preparo com o paciente. Neste momento, nutricionista e psicólogo desenvolvem uma atividade de adaptação. Ambos os profissionais encarregam-se de conhecer a história do paciente para poderem aplicar as melhores técnicas de acordo com o seu quadro.

A psicóloga Cristiane Velloso costuma dizer aos pacientes que este é um marco em suas vidas e os questiona: “Você está disposto? Até que ponto? Por que você está investindo seu tempo, emocional e dinheiro? Você pretende atingir esses resultados? E principalmente, manter esses resultados?”. Durante o processo, o acompanhamento com a psicóloga varia de paciente para paciente, a depender da demanda de seu caso.

No caso do nutricionista, a dieta durante o procedimento apresenta algumas características específicas. Nos vinte primeiros dias com o balão, o paciente restringe-se à alimentação líquida, nos próximos quinze a vinte dias, a refeição passa a ser pastosa e, após esse período, já é permitido o alimento sólido. Ao longo desse um ano com o balão acontece a preparação, chamado pela psicóloga como “desmame do balão”.

O prazo de um ano permite o paciente entrar em uma reeducação alimentar. O acompanhamento pós-procedimento é importante para que não corra o risco de voltar aos hábitos alimentares antigos e consequentemente ganhe peso. “A colocação do balão como coadjuvante ao tratamento torna mais fácil a adesão do paciente à reeducação alimentar e o novo estilo de vida”, afirma o nutricionista Bruno Teixeira.


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