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23/08/2017 às 14h24min - Atualizada em 23/08/2017 às 14h24min

Cobradores e motoristas deflagram greve em Uberlândia

Trabalhadores definem continuidade do movimento em Assembleia nesta tarde

VINÍCIUS ROMARIO | REPÓRTER
Classe realizou passeata no Centro da cidade em resposta à extinção do cargo de cobrador em algumas linhas / Foto: Vinícius Romario

 

Cobradores e motoristas do transporte público de Uberlândia iniciaram uma greve por tempo indeterminado na manhã de hoje (23). Eles cobram a regulamentação do cargo de cobrador e são contra a dupla função. Como manifestação, a classe fez uma passeata pelo Centro, hoje pela manhã. Os protestos, segundo os trabalhadores, nasceram depois que as empresas de ônibus da cidade começaram a tirar cobradores de algumas linhas, processo que se intensificou a partir de julho desse ano.

Porém, no início da tarde, houve um acordo entre empresas e trabalhadores durante audiência realizada na Justiça do Trabalho (leia mais abaixo). A continuidade da greve fica submetida ao resultado da assembleia que acontece nesse momento entre os trabalhadores.

Em relação à greve, cerca de 20% da frota está parada e aproximadamente 250 trabalhadores aderiram ao movimento, de acordo com Sindicato dos Trabalhadores no Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de Uberlândia (Sinttrurb). Ainda de acordo com o sindicato, a adesão à greve deve aumentar nos próximos dias, já que ações de divulgação deverão acontecer nas portas dos terminais da cidade.

“A partir das 20h, quase 90% das linhas da cidade já estão funcionando sem cobrador. Sabemos também que oito motoristas já foram demitidos por se negarem a cumprir a dupla função. Alinhado a isso tudo, temos cerca de 800 trabalhadores que poderão perder seus empregos”, afirmou o presidente Sinttrurb, Márcio Dúlio de Oliveira.

O motorista Abimael Ribeiro de Souza faz uma linha que já não conta com o auxílio do cobrador durante o fim de semana. De acordo com ele, as dificuldades e os riscos são grandes. “O tempo da viagem aumentou, há pessoas que passam sem pagar. Fica muito difícil para a gente ter que dirigir, cobrar e auxiliar os passageiros”, afirmou Souza.

Cobradora há seis anos, Maura de Oliveira Lima pede mais união na categoria para que o movimento tenha mais força. “A gente luta, mas muitos colegas não se importam. São nossos empregos que estão ameaçados e vamos cobrar nossos direitos”, disse Maura Lima.

Mirian Maria Mendes também está na profissão há seis anos, e, segundo ela, o momento de indefinição vivido pela categoria atrapalha em planos futuros. “Não sabemos se vamos perder ou manter nossos empregos. Nesse momento de crise do País, tantos homens e mulheres podendo ser mandados para rua, pode piorar tudo”, ressalta Mirian Mendes.

 

AUDIÊNCIA

Representantes do Sinttrurb e do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Triângulo Mineiro (Sindett) se reuniram em audiência na Justiça do Trabalho no início da tarde de hoje (23). A reunião contou também com a presença do promotor do Ministério Público do Trabalho, Paulo Veloso.

Ficou acordado que o Sindett deverá apresentar em dez dias um estudo que comprove o fluxo de passageiros e a forma de pagamento mais utilizada em cada linha para que se possa determinar a presença de cobradores em cada linha. Em contrapartida, o Sinttrurb terá o prazo de 15 dias para apresentar o mesmo estudo e os dados serão cruzados em nova audiência que deve acontecer no dia 23 de setembro.

Em acordo coletivo assinado no início desse ano, ficou decidido que nenhum cobrador deveria ser dispensado, exceto por motivos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), até o dia 1º de setembro.

Durante a audiência de hoje, os lados concordaram em prorrogar esse prazo até que os estudos sejam apresentados.

Segundo o presidente do Sindett, José Luiz Rissato, a retirada dos cobradores acontecerá de forma gradativa. “É justamente com base nesse estudo que foi nos pedido que iremos trabalhar ajustando linhas que poderão operar sem o cobrador”, disse Rissato.

“Esperamos que esse conflito seja resolvido de forma que possamos manter os cobradores em linhas que forem essenciais e também encerrar a greve”, afirmou o promotor Paulo Veloso.

 

USUÁRIOS

A atendente Regina Santa esperou cerca de 30 minutos além do normal para conseguir pegar um ônibus que a levasse até o Centro. Ela afirma entender a situação dos motoristas e cobradores, mas é preciso que o problema se resolva rápido para que não atrapalhe quem necessita do transporte público. “É constrangedor. Sabemos da luta que é para conseguir um emprego atualmente e esses trabalhadores podem perder os empregos deles, mas tem o nosso lado, o lado de quem precisa do ônibus para chegar até o trabalho também”, disse Regina Santa.


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