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26/07/2017 às 05h52min - Atualizada em 26/07/2017 às 05h52min

Descoberto sítio arqueológico na região

Objetos de pedra lascada reforçam tese de que a região abrigava povos antes da chegada dos colonizadores

WALACE TORRES | EDITOR
Cláudio Scarparo encontrou os objetos quando fazia o levantamento de bens culturais do município / Foto: Reprodução

 

Pesquisadores descobriram no município de Gurinhatã, a 210 quilômetros de Uberlândia, o que pode ser um dos maiores sítios arqueológicos do tipo lítico lascado na região do Pontal do Triângulo. Centenas de artefatos lascados foram identificados na superfície da Serra da Mesa, na zona rural de Gurinhatã. Raspadores, facas, perfuradores, entre outros materiais líticos (pedra), foram identificados pelo historiador Cláudio Scarparo Silva, de Ituiutaba, e o técnico do Departamento Municipal de Educação, Cultura, Esporte e Lazer de Gurinhatã, Antônio César da Costa.

A descoberta aconteceu no último dia 19, durante o trabalho de elaboração do inventário de bens culturais do município. “Saímos para visitar uns casarões antigos na zona rural e deparamos com uma pedra comprida e bem trabalhada. Aí começamos a encontrar outras pedras”, disse Antônio César.

Um dos objetos que mais chamou a atenção foi uma ponta de flecha em cristal, o que reforça a tese de que havia uma população primitiva habitando a região bem antes da chegada dos colonizadores. “Não foi encontrado material cerâmico, o que reforça que o homem que habitava essa região era caçador-coletor, da idade pré-colonial”, diz o historiador Cláudio Scarparo. As ferramentas utilizadas por esses grupos eram feitas de vários tipos de rocha. “É a primeira descoberta de sítio lítico com essa fartura de material encontrado no Pontal do Triângulo”, diz. Segundo o historiador, esses povos não ficavam apenas num local, eram nômades que viviam em busca de caça e pesca para sobreviver, o que significa que objetos lascados também possam ser encontrados em outros municípios da região, como Campina Verde, Ituiutaba e Prata.

Os objetos foram encontrados num raio de aproximadamente um quilômetro, numa região de vegetação típica do cerrado, de fácil acesso por estrada de terra. Novas buscas serão feitas no local para tentar identificar outros objetos e até figuras rupestres, uma vez que o tipo de terreno é semelhante ao de outro sítio arqueológico descoberto há alguns anos no município de Prata.

“Em termos de fonte de pesquisa, essa descoberta é muito importante para entender o povoamento da região, que não começou com os colonizadores mas com os homens pré-históricos. Esse é um período da história pouco conhecido, ainda é um grande quebra-cabeças para ser montado”, diz Cláudio, ressaltando que milhares de anos depois é que o homem veio a trabalhar com a agricultura e a cerâmica.

Os materiais foram fotografados e serão registrados em fichas próprias do município. A retirada dos objetos para estudos e exposição em acervo depende de autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o que já está sendo providenciado. As autoridades locais também irão informar a descoberta ao Ministério Público, tanto em âmbito estadual como federal. “A região é muito rica em sítios arqueológicos e paleontológicos, já o aproveitamento e a pesquisa são pouco divulgados”, cita o historiador.

A Prefeitura de Gurinhatã também demonstrou interesse de que o local sirva de visitação de alunos da rede pública para trabalhos de educação patrimonial.


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