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24/05/2017 às 05h38min - Atualizada em 24/05/2017 às 05h39min

Vereadores de Monte Carmelo extinguem cargo de assessor

Na Prefeitura, número de secretários também caiu pela metade

WALACE TORRES | EDITOR
Vereadores da cidade conseguiram economizar R$ 500 mil nos primeiros meses / Foto: Daniel Resende Frazão

O município de Monte Carmelo, a 110 quilômetros de distância de Uberlândia, tem sido uma referência a gestores e representantes municipais neste início de mandato. Desde o início do ano, a prefeitura reduziu pela metade o número de secretários municipais. De 14 titulares de pastas, a atual gestão nomeou apenas sete. Não houve fusão de estruturas, apenas acúmulo de cargos e funções. Alguns secretários respondem por até três áreas diferentes, enquanto que alguns funcionários de carreira receberam novas demandas.

Na Câmara Municipal, os vereadores também seguiram a meta de economizar e aprovaram, logo no início da legislatura, um projeto que extingue os cargos de assessor parlamentar. Cada um dos nove vereadores tinha direito a contratar dois assessores, um com salário de R$ 1.500 e outro com rendimentos de R$ 1.800. Na época, os vereadores ainda aprovaram um requerimento determinando que os recursos economizados com a extinção dos cargos de assessor parlamentar fossem destinados à prefeitura para aplicação nas áreas de saúde e segurança pública.

Os cargos tinham sido criados na legislatura passada (2013-2016) e a população chegou a manifestar insatisfação com a medida. A repercussão na época pode ter influenciado o resultado nas urnas. Dos nove parlamentares do mandato anterior, apenas três foram reeleitos. “Acho que o resultado da eleição foi mais pela construção política equivocada, mas a população pode ter tido essa leitura também”, avalia o vereador Fábio José Gonçalves (PSB), um dos novatos.

Somente de salários com assessores, a Câmara de Monte Carmelo está economizando R$ 29.700 por mês. O legislativo local também não tem mais carro oficial. Apenas em viagens em missão oficial é que o vereador tem direito a uma diária e hospedagem. Os vereadores ainda cortaram gastos com xerox, telefone celular e até lanche. O resultado dos cortes já surtiu efeito. No mês passado a prefeitura recebeu da Câmara um cheque de R$ 500 mil referentes à economia dos primeiros meses de legislatura. “Esse dinheiro já ajudou, por exemplo, na implantação de duas equipes de Saúde do Trabalhador, que antes não tinha”, diz o vereador Fábio Gonçalves, explicando que as equipes trabalham na estrutura do PSF e atendem tanto na área urbana quanto nos povoados.

Sem assessores, a marcação de compromissos e avisos é feita por uma secretária da Câmara, responsável por atender e repassar todas as demandas aos parlamentares. Os vereadores também passaram a “gastar mais sola do sapato” para atender os chamados da população. “Quem corre atrás agora é a gente. Mas o trabalho mudou pra melhor. Um levantamento feito na Câmara apontou que nem todo assessor cumpria com a função dele”, diz o vereador Damiron de Souza Oliveira (PSDB), mais conhecido na cidade como Cabo Souza. “Estamos fazendo muito com pouco”, completa.

O município de Monte Carmelo tem população de 49 mil habitantes. As sessões na Câmara acontecem uma vez por semana, sempre nas noites de terça-feira.

 

PREFEITURA

Secretários acumulam até três pastas

Prefeitura tem economizado R$ 50 mil por mês só com redução de secretários / Foto: Ederson Lopes/Ascom/PMC

Em época de recursos escassos e de “arrumar a casa”, a Prefeitura de Monte Carmelo deixou de investir em novos serviços no início do mandato para quitar dívidas contraídas em gestões anteriores e voltar a ter condições de ampliar o atendimento. A principal medida foi a redução do secretariado, de 14 para 7.

Alguns secretários chegam a acumular até três pastas. É o caso da primeira-dama e secretária de Ação Social, Márcia Regina Gonçalves Cardoso, que passou a acumular desde janeiro as secretarias de Esporte, Turismo e Lazer e de Educação e Cultura. Já o vice-prefeito Paulo Rocha foi nomeado para comandar as secretarias da Fazenda e da Saúde. As pastas de Desenvolvimento, Agricultura e Meio Ambiente também estão concentradas num único secretário.

“Todos os nomeados já tinham experiência no cargo. A primeira-dama, por exemplo, é funcionária de carreira da Educação, com mestrado e está concluindo o doutorado. O vice-prefeito já foi secretário de Fazenda. É uma ginástica difícil, mas se não tiver dinheiro não faço obras, não faço o que precisa ser feito no esporte, educação, na saúde”, diz o prefeito Saulo Faleiros Cardoso. Os secretários não recebem em dobro por conta do acúmulo de cargos. “A folha de pagamento já estava em situação de alarme quando assumi. Foi uma questão de necessidade e de ter uma gestão eficiente. Não podemos deixar Monte Carmelo virar um Rio de Janeiro”, completa.

Nos últimos anos, o município de Monte Carmelo perdeu arrecadação justamente numa das principais fontes de receita. Mais de dez empresas de cerâmica fecharam as portas por causa da crise. “No início do ano, aprovamos uma lei na Câmara para incentivar vinda de novas empresas”, conta Saulo Faleiros.

Segundo o prefeito, os reflexos das mudanças já começaram a aparecer. Somente com secretários, a prefeitura tem economizado em torno de R$ 50 mil por mês. “A merenda escolar melhorou, na Ação social criamos a Casa da Família onde não tinha, no Esporte implantamos escolinhas de futebol. O resultado já está aparecendo”, aponta.


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