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24/04/2017 às 13h54min - Atualizada em 24/04/2017 às 13h54min

20% dos brasileiros estão obesos

Mais de 50% da população está acima do peso; especialista alerta sobre a doença e risco de morte

Letícia Petruccelli
Da Redação
Letícia Petruccelli Com Agência Brasil

A obesidade atinge um em cada cinco brasileiros, segundo pesquisa da vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico (Vigitel), divulgada esta semana pelo Ministério da Saúde. Nos últimos dez anos, houve aumento de 60% de casos. Mais da metade da população está acima do peso ideal, e a prevalência da obesidade duplica a partir dos 25 anos, sendo maior entre pessoas com menor grau de escolaridade. Ainda de acordo com a pesquisa, o crescimento da obesidade é um dos fatores que pode ter colaborado para o aumento da prevalência de diabetes e hipertensão, doenças crônicas não transmissíveis que piora a condição de vida do brasileiro. O diagnóstico médico de diabetes passou de 5,5% em 2006 para 8,9% em 2016, e o de hipertensão de 22,5% em 2006 para 25,7% em 2016. Em ambos os casos, o diagnóstico é mais prevalente em mulheres.

“As pessoas precisam entender que obesidade não tem a ver com estética, pois provoca doenças graves que comprometem a qualidade de vida do indivíduo, se o paciente não decidir mudar o estilo de vida, ele corre risco de morrer. É preciso procurar ajuda de um profissional para realizar um tratamento adequado”, diz a médica endocrinologista Janaina Borges Caldas. O consumo de alimentos processados e o sedentarismo impactam no avanço das doenças crônicas. Segunda a pesquisa, mais de 25% da população adulta tem diagnóstico de hipertensão. A endocrinologista diz que a sociedade moderna tem se alimentado mal, e isso influencia na balança. “As pessoas estão se alimentando inadequadamente, sempre com pressa, comem muita fritura, fast food, o resultado é visto na balança”, diz a endocrinologista.  

A pesquisa também mostra a mudança no hábito alimentar da população. Os dados apontam uma diminuição da ingestão de ingredientes considerados básicos e tradicionais na mesa do brasileiro. O consumo regular de feijão diminuiu 67,5% em 2012 para 61,3% em 2016. E apenas um entre três adultos consomem frutas e hortaliças em cinco dias da semana. Esse quadro mostra a transição alimentar no Brasil. Se antes o maior problema era a desnutrição, agora o país está entre os que apresentam altas prevalências de obesidade.

 

REEDUCAÇÃO ALIMENTAR

Mudanças de hábitos resultam em qualidade de vida

 

Segunda a pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde, houve aumento de 9,6% da quantidade de pessoas hipertensas com idade entre 25 e 34 anos. Dentro dessa faixa etária cresceu em 17% os casos de obesidade. O classificador de grãos Otacílio Fernandes, de 27 anos, se enquadrava nessa situação, mas decidiu mudar de vida antes que algo acontecesse. “Fui diagnosticado com hipertensão com 25 anos, me assustei. Boa parte da minha família tem esse problema, não queria ficar dependente de remédios. Estava bem acima do peso ideal. Fui ao nutricionista, comecei a fazer dieta e atividades físicas. Hoje não sou mais hipertenso, não preciso tomar remédios e perdi, em três meses, 15 kg”, conta.

A técnica de enfermagem Mirlen Abadia Santos, de 28 anos, chegou a pesar 122kg, era obesa grau 3, hipertensa e tinha esteatose. “Eu tive que fazer bariátrica porque fiz tratamento com nutricionista durante dois anos e não resolveu. Mas mudei completamente minha rotina, mudei minha alimentação, e hoje priorizo saladas e frutas. Faço atividades físicas todos os dias, me sinto bem melhor”, diz Mirlen, hoje com 61kg.

A endocrinologista Janaína Caldas diz que nem todos os pacientes obesos recebem indicação da cirurgia bariátrica. “Indicamos apenas para obesidade grau 2 e 3, muitas pessoas com excesso de peso querem fazer a cirurgia sem nem ao menos tentar fazer uma reeducação alimentar alinhada com atividades físicas”, diz.


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