Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90
29/12/2021 às 08h00min - Atualizada em 29/12/2021 às 08h00min

O ano de 2021 para o Poder Judiciário

ALEXANDRE VALADÃO
“Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para adiante vai ser diferente.” (autoria desconhecida)

Fim de ano, todos começam a fazer um balanço desse período de doze meses que se encerra em 31 de dezembro. Finanças, profissão, relacionamentos, saúde, vida pessoal, tudo passa pelo crivo do que foi bom ou não tão bom assim e o que se pode fazer para melhorar.

Para a advocacia foi um ano para consolidar a atuação dos profissionais nessa nova realidade de atividades “home office” e audiências/julgamentos remotos.

Alguns escritórios, aos poucos, vão retomando as atividades presenciais. Outros decidiram consolidar o trabalho a distância e não mais pretendem retomar o escritório físico. Talvez, somente, manter uma sala de reuniões, e nada mais.

Cada vez mais ficou comprovada a importância do advogado em momentos de instabilidade como o que estamos atravessando desde o ano passado, pois, em momentos assim, a pessoa lesada em seus direitos só tem esse profissional para pedir socorro.

A habilidade que o advogado precisa para se portar em audiências e reuniões foi mais exigida, já que a prática desse ato a distância obriga-o a ter mais concentração e rapidez de raciocínio, enfrentando as dificuldades naturais desse tipo de conexão, como falhas de internet ou do próprio programa/aplicativo em que o ato é praticado. E ainda assim, frente a essas falhas, não há campo para deixar seu cliente aliado da boa defesa.

A oitiva de testemunhas exigiu um aprimoramento maior por parte dos causídicos. Como o depoimento de pessoas, perante o juiz, visa provar determinados fatos, a atuação do advogado é preponderante para conseguir que o depoente fale, com clareza, aquilo que ele precisa provar. E fazer isso por intermédio da tela de um celular ou computador é tarefa ainda mais complicada, pois falsear a verdade fica mais fácil, para não dizer mais conveniente, e cabe ao procurador não deixar que isso aconteça.

Os escritórios de advocacia tornaram-se verdadeiras “salas de audiências”, pois na maioria das vezes o cliente ou a testemunha não possui conexão de internet de qualidade, ou aparelho adequado, com áudio e vídeo aptos (exigências dos próprios Tribunais) para poder participar de uma audiência, por exemplo e, então, precisam ir até os escritórios para poder participar do ato.

Por outro lado, a audiência por videoconferência, se Deus quiser, veio para sepultar a existência das cartas precatória/rogatória. A parte/testemunha pode participar de qualquer lugar do mundo. A intimação de partes e testemunhas em outras cidades ou outros países era uma tortura, pois atrasava demasiadamente o processo, tento em vista a burocracia de o juiz de um local solicitar ao juiz de outro que determine que um oficial de justiça entregue a citação/intimação a determinada pessoa, e essa citação/intimação, já assinada, deve ser devolvida ao juiz daquela localidade, que devolverá ao primeiro juiz solicitante, e então o processo retoma seu curso.

Para os órgãos públicos, como Defensorias, Tribunais e Ministério Público, o desafio foi maior, já que, antes da pandemia, a maioria contava com equipamentos eletrônicos defasados e falta de recursos ou de pessoal qualificado para lidar com estruturas mais avançadas. A realização de atos eletrônicos a distância e o atendimento remoto a advogados e partes obrigou, a fórceps, o aparelhamento da máquina pública.

Mas por ser otimista nato, acredito que as vantagens superam as dificuldades e a esperança que 2022 será ainda mais próspero nos estimulam a expectar por dias mais progressistas, em que o advogado continuará a ser a salvaguarda daqueles que não têm vez ou voz. Feliz 2022 a todos nós! Justiça!


*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.

 
Leia Também »
Comentários »
Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90