"Bicheiros" da cidade tiveram armas apreendidas na manhã desta quarta-feira (29) I Foto: Gaeco/DivulgaçãoDois mandados de busca e apreensão foram cumpridos na manhã desta quarta-feira (29), em Uberlândia, durante a sexta fase da "Operação Lavanderia dos Sonhos", deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). A ação também realizou o sequestro de armas de fogo e munições de um dos investigados.
As investigações do Gaeco indicaram um esquema de lavagem de dinheiro realizado por integrantes de uma organização criminosa, proveniente da exploração do jogo do bicho. A quadrilha tinha um formato empresarial com divisão de tarefas e um relacionamento hierarquizado entre seus integrantes. Foi apurado ainda que os pontos de venda de apostas funcionavam como loterias clandestinas.
Além disso, foi comprovado que existia uma divisão territorial entre os grupos de "bicheiros" em Uberlândia, sendo que cada uma das organizações criminosas tinha um domínio em determinada região da cidade, com um acordo de não intervenção nos pontos de venda dos grupos concorrentes. O grupo criminoso denunciado utilizou uma imobiliária do município para alugar mais de 80 móveis espalhados pela cidade em diversos bairros, inclusive na região central.
Como forma de identificar os pontos onde era realizada a atividade criminosa do grupo, o gestor da quadrilha realizava reformas nos cômodos comerciais, pintando-os com cores características para atrair os clientes. Nos locais, os vendedores realizavam o recebimento, registro das apostas e separação dos valores.
A partir disso, iniciava-se a lavagem de dinheiro de forma ilícita. O dinheiro que sobrava era encaminhado para escritórios da organização criminosa. A imobiliária investigada possuía uma função essencial na estruturação da organização criminosa, já que ela formalizava contratos de locação dos imóveis utilizados para a exploração do jogo do bicho, bem como para realizar o recebimento dos aluguéis pagos em dinheiro em espécie.
ESQUEMA FRAUDULENTO
De acordo com o Gaeco, o grupo criminoso realizava a exploração da loteria clandestina nos imóveis locados pela imobiliária. Os valores obtidos com o jogo do bicho eram separados e contabilizados, sendo que uma parte era destinada ao pagamento dos prêmios.
O restante dos valores era transportado para os escritórios do bando, onde funcionários do núcleo contábil processavam as despesas e gastos com pagamento de funcionários, serviços públicos de água e energia elétrica. Para dissimular a origem dos valores e possibilitar pagamentos dos proprietários dos imóveis sem vincular os gestores do grupo criminoso, os criminosos captavam os proprietários dos imóveis de interesse ao bando e os induziam a alugar o imóvel por meio de uma imobiliária específica.
Logo depois, os gestores e funcionários da imobiliária, agindo em comunhão de esforços, realizavam contratos de locação ideologicamente fraudulentos, inserindo neles como locatários nomes de “laranjas e testas de ferro”, inclusive funcionários da organização criminosa.
Além de realizarem a dissimulação da origem dos valores, os proprietários da imobiliária recebiam remuneração pelos serviços prestados com valores provenientes da infração penal, e, ainda, cobravam taxa de administração dos imóveis usados na exploração de jogos.
Com a estabilidade e ausência de fiscalização dos imóveis, os integrantes da organização criminosa perpetuavam o ciclo de exploração da loteria clandestina do jogo do bicho, por meio de um processo de recirculação de ativos, os quais lhes rendiam novos lucros.
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