Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90
10/05/2024 às 17h52min - Atualizada em 10/05/2024 às 17h52min

Preço do arroz pode subir em Uberlândia; supermercados limitam venda do produto

Cenário acontece em razão das enchentes no Rio Grande do Sul, responsável por 70% da safra nacional; Governo Federal autoriza importação do produto para evitar desabastecimento

JUAN MADEIRA | DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Aumento no preço do arroz pode acontecer em razão da baixa oferta e alta demanda | Foto: Agência Brasil

O preço do arroz pode subir nos próximos dias em Uberlândia. O cenário acontece devido às enchentes que atingem o estado do Rio Grande do Sul, responsável por 70% da safra nacional do produto. Para evitar um futuro desabastecimento, algumas redes de supermercado na cidade estão limitando a venda por cliente.

 

O Diário realizou uma pesquisa com estabelecimentos de Uberlândia e, até a publicação desta matéria, três supermercados confirmaram que estão racionando a venda do arroz. O Assaí Atacadista está permitindo a compra de até cinco sacos de 5kg por cliente. Atualmente, o valor mais baixo do produto encontrado no local é de R$ 28,80. 

 

No Mart Minas, os consumidores também podem adquirir até cinco sacos de arroz, com preços a partir de R$ 33,90, dependendo da marca. Já no Bahamas, o limite é de até seis produtos por cliente e os valores para os sacos de 5kg variam a partir de R$ 28,98. 

 

Em entrevista ao Diário de Uberlândia, a compradora de commodities do Grupo Bahamas, Jaqueline Ferreira, esclareceu que, até o momento, não há escassez de arroz nas prateleiras. No entanto, destacou que o principal desafio enfrentado é o fornecimento logístico prejudicado. “Apesar disso, os fornecedores ainda têm conseguido atender a demanda. Colocando estas limitações de seis unidades por cliente, queremos atender a dona de casa. Tem pessoas oportunistas que querem comprar grandes volumes, então nosso foco é conseguir atender ao consumidor final”. 

 

A representante destacou que a rede está gerenciando eficientemente o estoque de arroz disponível, o que tem garantido a continuidade do abastecimento. Quanto aos preços, ela afirmou que, até o momento, a variação média não está significativamente alta,  ficando entre 5% e 10%. “Mas existe a possibilidade de aumentar ainda mais, de um dia para outro já temos percebido alteração do preço de tabela do produto”, completou. 

 

De acordo com Jaqueline, o volume de vendas de arroz aumentou em aproximadamente 80% desde o início do mês de maio, em comparação com o mesmo período do ano anterior. “A projeção atual é de um crescimento de 200% nas vendas até o fim do mês, porque as pessoas ficam com receio da falta do produto e tentam se prevenir”, finalizou.

 

OFERTA E DEMANDA

O aumento no preço do arroz pode acontecer em razão da baixa oferta e alta demanda, já que se trata de um alimento básico para a população brasileira. Conforme dito pelo economista Filipe Prado, os impactos das enchentes no Rio Grande do Sul podem ser notados ao longo dos próximos meses.

 

“Pode ser que agora não tenha nenhum efeito para nós consumidores, mas pode ser que no final do ano ou no próximo ano haja consequências. Garanto que alguma consequência ocorrerá, porque não é possível ter uma região afetada com 70% da produção sem que haja impacto na produção nacional”.

 

Prado explicou que neste primeiro momento é possível não haver desabastecimento, mas como não há uma dimensão das consequências e a duração da situação, não se pode afirmar se esse efeito virá no futuro. O economista ressaltou ainda que a falta de arroz pode surgir na próxima colheita. “Quando as águas baixarem e tivermos entendimento dos danos estruturais e do atraso na plantação e colheita, poderemos ter uma visão mais clara da situação”.

 

Como possível solução para o problema, o profissional comentou ser possível mitigar a perda através da importação de arroz. Além disso, destacou que produtos agrícolas estão sujeitos a deterioração com o tempo. “A questão fundamental reside na lei da oferta e da demanda. Se considerarmos que a oferta está sendo afetada, a consequência direta será a escassez do produto no mercado, o que poderá resultar em um aumento significativo de preços ou até mesmo na falta do produto”.

• Compartilhe esta notícia no WhatsApp
• Compartilhe esta notícia no Telegram

 

IMPORTAÇÃO

O presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, anunciou que o Governo Federal autorizou, nesta sexta-feira (10), a importação de até 1 milhão de toneladas de arroz para evitar o desabastecimento no país e manter o preço médio do produto. 

 

De acordo com a Medida Provisória, os estoques terão, como destino preferencial, pequenos varejistas das regiões metropolitanas, “dispensada a utilização de leilões em bolsas de mercadorias ou licitação pública para venda direta”.

 

A expectativa é de que, na primeira etapa, sejam compradas 200 mil toneladas de arroz, que devem ser importados dos países vizinhos do Mercosul, como Argentina, Uruguai e Paraguai, e eventualmente da Bolívia.

 

“Além de não deixar faltar arroz, nós vamos também, com esta medida, garantir que o preço não suba em função da especulação de alguém que queira se aproveitar da situação que vive o Rio Grande do Sul. É importante também que nós não vamos trazer tudo de uma vez só, para também não competir com nossa produção local. Nós queremos também proteger os nossos agricultores, mas nós estamos agindo com muita atenção para não deixar que o preço fique muito alto para os consumidores”, afirmou Edegar Pretto. 



VEJA TAMBÉM:
Tags »
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90