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07/04/2024 às 11h00min - Atualizada em 07/04/2024 às 11h00min

Uberlândia registrou média de 10 casos de estupro por mês em 2023

Cerca de 70% das ocorrências se tratam de violência sexual contra pessoas vulneráveis

JUAN MADEIRA | DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Especialista alerta sobre sinais e orienta como promover acolhimento à vítima | Foto: Agência Brasil

Uberlândia registrou uma média de 10 casos de estupro por mês em 2023. Conforme apontam dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), a cidade computou 119 denúncias do crime no ano passado. Cerca de 70% das ocorrências se tratam de estupros de vulneráveis. 

 

Ainda de acordo com o levantamento, do total de denúncias no ano passado, 84 foram de estupros contra pessoas vulneráveis. Outras 35 ocorrências foram registradas como estupro tentato ou consumado. 

 

Em relação a 2024, nos meses de janeiro e fevereiro, o município contabilizou 25 episódios de abuso sexual, representando um aumento de mais de 90% em comparação ao mesmo período de 2023. Nos dois primeiros meses do ano passado, foram registradas 13 ocorrências de estupro. 

 

O chefe de departamento da Polícia Civil de Uberlândia, Marcos Tadeu, esclareceu as diferentes categorias do crime. Ele apontou que o estupro consumado ocorre quando há a efetiva prática do ato sexual sem o consentimento da vítima. Já o estupro tentado refere-se à tentativa de consumar o ato, mesmo que não tenha sido efetivamente concluído. 

 

“Já o estupro de vulnerável é caracterizado quando a vítima é menor de 14 anos ou quando não tem condições de oferecer resistência, como em casos de embriaguez ou sob efeito de medicamentos”, explicou.

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Para o delegado Marcos Tadeu, os números reais relacionados aos crimes em Uberlândia podem estar subnotificados. “Todos os casos registrados são investigados, porém o número real não é preciso, pois algumas pessoas são violentadas e não registram por medo, vergonha ou outras razões. E há ainda os casos do registro de crimes que não são comprovados ao final da investigação. Portanto, a quantidade pode variar para cima ou para baixo", explicou.

 

Marcos Tadeu enfatizou que a primeira ação da Polícia Civil em casos de violência sexual é ouvir a vítima e, em seguida, buscar outras provas, como sinais, lesões e marcas, por meio do exame de corpo de delito. 

 

"Cada investigação tem suas particularidades e nuances devido às circunstâncias particulares dos casos. É necessário ter cautela no trato com a vítima para evitar a revitimização, que acontece quando aquela ferida é reaberta, em um momento que a pessoa quer esquecer aquilo e deixar cicatrizar".

 

Caso alguém tenha sido vítima ou conheça uma pessoa que sofreu abusos, o delegado indica procurar a polícia e registrar ocorrência pelo telefone 190 ou na Delegacia da Mulher, responsável pelas investigações de crimes contra a dignidade sexual. A Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher (DEAM) em Uberlândia fica na avenida Nicomedes Alves dos Santos, n° 727, Centro.

 

Para denúncias, também estão disponíveis os números 181 (Disque Denúncia Unificado), 100 (Disque Direitos Humanos), 187 e 190 (Polícia Militar).

 

APOIO

Conforme dito pelo psicóloga Thâmara Borges, na maioria das vezes, os casos de violência sexual ocorrem no núcleo familiar ou com pessoas próximas e conhecidas da vítima. Em razão disso, a profissional alerta sobre os sinais e orienta como promover acolhimento à vítima. 

 

"O abusador observa a vítima de forma diferente, especialmente nos momentos de banho e trocas de roupa. Apresenta comportamento sexualizado, faz piadas de cunho sexual e tenta conquistar a vítima para ganhar sua confiança, possibilitando que o abuso ocorra em algum momento", explicou. 

 

Ainda de acordo com Thâmara, pessoas vítimas de estupro podem sofrer alterações significativas no desenvolvimento da saúde mental. “Em alguns casos, essas situações levam a transtornos mentais e psicológicos, como ansiedade, depressão e síndrome do pânico. Além disso, podem surgir comportamentos autodestrutivos, sentimentos de culpa e outras alterações comportamentais, como mudanças de humor e vergonha”, esclareceu.

 

A psicóloga ressaltou ainda que a melhor forma de intervir é identificar o abuso, porque as vítimas podem ter dificuldade em relatar o ocorrido. Borges reforçou que quando se trata de crianças e adolescentes, a dificuldade é ainda maior, já que muitas vezes elas ainda não possuem conhecimento e recursos para expressar o que aconteceu. 

 

Para auxiliar as vítimas, Thâmara enfatiza a importância de oferecer apoio, acolhimento e escuta, tanto por meio de canais de denúncia e apoio social, como o Disque 100 e o Disque 180, quanto com o suporte familiar. 

 

"Como sociedade, é essencial trazer a vítima para mais perto do seio familiar, para pessoas de confiança que cuidarão dela nesse momento de fragilidade. É importante proporcionar um espaço para que ela possa falar sobre o que aconteceu e buscar ajuda especializada, incluindo acompanhamento psicológico e, em alguns casos, acompanhamento psiquiátrico", finalizou. 

 

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