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29/03/2024 às 10h45min - Atualizada em 29/03/2024 às 10h45min

Índice de acidentes com animais peçonhentos tem redução de 22% em Uberlândia

Escorpiões são responsáveis por 83% das ocorrências registradas neste ano

JUAN MADEIRA | DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Número de pessoas encaminhadas para atendimento ao HC-UFU teve alta de 14% em 2023 | Foto: Secom/PMU
O índice de acidentes causados por animais peçonhentos em Uberlândia apresentou uma queda de 22% no primeiro bimestre de 2024 em comparação com o mesmo período do ano anterior. Conforme dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES-MG), foram contabilizados 65 casos entre janeiro e fevereiro deste ano, contra 84 no mesmo intervalo de 2023.
 
Quanto aos registros totais, no ano passado, a cidade teve 395 acidentes, sendo que, deste total, 308 foram causados por escorpiões. Já nos primeiros dois meses de 2024, os escorpiões foram responsáveis por 54 do total de ocorrências contabilizadas, o que equivalente a 83% delas.
 
Segundo dados do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), também houve redução na captura de escorpiões em Uberlândia. Nos primeiros dois meses de 2023, foram recolhidas 1.428 espécies, enquanto entre janeiro e fevereiro deste ano, o índice foi de 486, uma redução de 65,9%.
 
A equipe do Programa de Animais Peçonhentos do CCZ informou ao Diário que realiza um trabalho contínuo de monitoramento, vistoria e busca dos animais para controle, além de orientar a população sobre medidas preventivas. De acordo com a assessoria do órgão, o trabalho está alinhado com os protocolos do Ministério da Saúde.
 
“A participação da comunidade é essencial para a prevenção. Manter os quintais limpos, vedar ralos, frestas e destinar corretamente os resíduos são algumas das medidas indicadas. Em caso de dúvidas e aparecimento de escorpiões, a população deve entrar em contato imediatamente com o CCZ pelo telefone (34) 3213-1470”, informou a instituição.
 
COMO EVITAR ACIDENTES
Em entrevista ao Diário, o professor do Instituto de Biologia da UFU, Marcelo de Oliveira Gonzaga, esclareceu que animais peçonhentos são aqueles que produzem toxinas e têm a capacidade de injetar as substâncias em suas presas ou em outros animais, quando se sentem ameaçados.
 
O especialista destaca que, em Uberlândia, os escorpiões amarelos são os principais causadores de acidentes. “Não há como fazer controle químico de escorpiões, eles evitam quaisquer venenos usados para controle. O que pode-se fazer é evitar que eles encontrem alimento e abrigo em abundância em nossas casas. Evitar acúmulo de material que possa ser usado como esconderijo, manter ralos fechados com telas e controlar a infestação de suas presas, como baratas”, afirma Marcelo.
 
Entre os comportamentos de risco dos escorpiões, o especialista destaca a tendência de se esconderem em roupas, sapatos e armários, além de locais abrigados em nossas casas, como pilhas de material de construção e entulhos. Por isso é importante evitar acúmulo de materiais e examinar calçados, roupas pessoais, de cama e banho, antes de usá-los.
 
Quanto à diminuição no número de acidentes em Uberlândia, Marcelo de Oliveira ressalta que é complexo apontar uma razão específica responsável por esta redução sem um estudo detalhado. “As variações nas populações naturais de animais peçonhentos podem ocorrer devido à abundância de predadores, disponibilidade de alimento, presença de patógenos e parasitas, entre outros fatores”, explica.
 
O biólogo comenta ainda que os acidentes com escorpiões tendem a ser mais frequentes em períodos quentes e chuvosos. “A chuva preenche os locais usados como esconderijos e eles acabam tendo que sair. Baratas, que são suas presas, também movimentam-se e reproduzem-se mais. E os escorpiões têm mais comida disponível”.


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O QUE FAZER EM CASO DE ACIDENTE
Em caso de picadas causadas por escorpiões, é recomendado limpar o local com água e sabão, procurar o HC-UFU, que é o Hospital de referência para estes casos, e, se for possível, capturar o animal para levá-lo ao serviço de saúde, uma vez que a identificação da espécie de escorpião pode ajudar no diagnóstico e, portanto, no tratamento. Se necessário, coloque uma compressa de água morna sobre o ferimento para reduzir a dor.

Além disso, é importante estar ciente do que evitar fazer após um acidente: não corte, perfure ou queime o local da picada; não faça um torniquete nem amarre o membro atingido; não faça curativos que impeçam a ferida de respirar, a tampando, pois isso pode favorecer infecções; não ingira bebidas alcoólicas ou outros líquidos, pois podem agravar o quadro; não aplique substâncias sobre o local da picada.

Outra orientação é evitar tentativas de remover o veneno, pois essa ação pode aumentar o risco de infecção local. No caso de picadas em extremidades do corpo, como braços, mãos, pernas e pés, é recomendado remover acessórios que possam agravar o estado clínico, como anéis, fitas ou calçados apertados.
 
Em caso de aparecimento de animais peçonhentos em casa, o Centro de Controle das Zoonoses deve ser acionado pelo número (34) 3213-1470. O horário de funcionamento é das 7h às 18h.
Conforme dados do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC/UFU), foram registrados 268 atendimentos por acidentes com animais peçonhentos em 2023 e 234 em 2022, o que equivale a um aumento de 14%.
 
Orientações para evitar a invasão dos animais:
  • Use telas em ralos de chão, pias e tanques;
  • Tampe as frestas nas paredes e coloque soleiras nas portas;
  • Afaste camas e berços das paredes;
  • Inspecione roupas e calçados antes de usá-los;
  • Mantenha jardins e quintais livres de entulhos, folhas secas e lixo doméstico;
  • Mantenha todo o lixo da residência em sacos plásticos e bem fechados para evitar baratas, para não atraírem escorpiões;
  • Não coloque as mãos em buracos, embaixo de pedras ou em troncos apodrecidos;
  • Use luvas e botas de couro para realizar atividades que necessitem manusear entulhos e materiais de construção, e nas atividades de jardinagem.

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