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19/03/2024 às 12h15min - Atualizada em 19/03/2024 às 12h15min

Em cinco anos, resgates por tentativa de autoextermínio aumentam 63% em Uberlândia

Somente em 2023, 532 vítimas foram socorridas pelos Bombeiros; saiba como buscar apoio

JUAN MADEIRA | DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Cenário acende alerta sobre a importância de medidas preventivas e de atenção à saúde mental da população | Foto: Agência Brasil

Nos últimos cinco anos, as ações de resgate por tentativa de suicídio aumentaram 63% em Uberlândia. De acordo com dados do  5º Batalhão de Bombeiros Militar (5ºBBM), foram registradas 325 ocorrências em 2019, enquanto no ano passado o número subiu para 532. O cenário acende alerta sobre a importância de medidas preventivas e de atenção à saúde mental da população. 

 

O levantamento aponta um aumento gradativo de casos ao longo dos anos, principalmente durante o período da pandemia da covid-19. Em 2020, os Bombeiros realizaram 397 resgates de vítimas e, em 2021, foram 459 ocorrências, um acréscimo de 15,6%. 

 

Em 2022, 582 pessoas foram resgatadas na cidade após tentativas de autoextermínio, o que equivale a um aumento de 26% em relação ao ano anterior. Já em 2023, houve uma queda de 8,7% no número de casos. Ainda de acordo com os dados, 532 vítimas foram socorridas pelos militares no ano passado. 

 

Para o cabo Everton Martins, do 5º Batalhão do Corpo de Bombeiros, os números ressaltam a necessidade de atenção à saúde mental, especialmente em tempos de crise. “Isso reforça ainda mais a necessidade de estarmos atentos à saúde mental e quebrarmos de uma vez o preconceito que infelizmente existe com acompanhamentos psicoterápicos e psiquiátricos”, frisou. 

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APOIO 

Segundo a psicóloga Fernanda Nocam, existem várias abordagens terapêuticas que podem ser benéficas para indivíduos em situações de sofrimento psicológico. Ela ressaltou que, além de sessões de terapia e medicação em determinados casos, a prática de exercícios físicos é essencial para o tratamento de transtornos mentais.

 

"Ao falarmos sobre tratamentos, é importante destacar que existem várias opções. Os exercícios físicos trazem benefícios hormonais e endógenos, além de promoverem a autoestima e possibilitarem o contato com a natureza ou com a vida urbana. Atividades como caminhada, corrida, natação e exercícios em grupo que permitem a socialização são altamente recomendadas", destacou a psicóloga.

 

Fernanda mencionou também a importância da psicanálise e da psicoterapia, que podem auxiliar a identificar e diminuir os problemas que levam aos pensamentos de suicídio. Para a profissional, o papel da família e dos amigos é fundamental para identificar os sinais de transtornos mentais, assim como oferecer apoio emocional para enfrentar a situação. 
 

"As pessoas estão conversando cada vez menos. Precisamos criar espaços institucionalizados de diálogo. A família deve estabelecer que a comunicação é fundamental para a convivência, sempre perguntando como as pessoas estão e criando redes de apoio para aqueles que estão enfrentando dificuldades", comentou.

 

COMO BUSCAR AJUDA?

Uma das maneiras de buscar ajuda é por meio do Centro de Valorização da Vida em Uberlândia (CVV). Em entrevista ao Diário, o porta-voz do CVV, David Cava, explicou que, há mais de 60 anos, o programa busca prevenir o suicídio e valorizar a vida, prestando serviço de apoio emocional. David comenta que o trabalho é sigiloso, confidencial, privativo e totalmente gratuito.

 

“Existe uma rede de voluntários disponível através do número 188 e também há a possibilidade de conversar via chat, no site do CVV, um canal que atende pessoas mais jovens. Ali tem um voluntário 24h para acolher aquela pessoa. Quem está num momento de abalo emocional, fragilidade psíquica acaba buscando o serviço para desabafar. É uma espécie de pronto socorro emocional”, explicou. 

 

O bombeiro Everton Martins também destacou que em Uberlândia existem diversos locais de atendimento psicológico gratuitos. “A cidade conta com os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e as universidades que costumam ofertar esse tipo de atendimento. E em casos de crises, os interessados podem ligar no 193”. 

 

CAPS EM UBERLÂNDIA

 

CAPS I

Endereço: Av. João XXIII, 215, bairro Santa Maria

Telefone: 3210-0046

 

CAPS AD III

Endereço: Rua Genarino Cazabona, 826, bairro Luizote

Telefone: 3226-2276

 

CAPS III Oeste

Endereço: Rua Tapuios, 700, bairro Saraiva

Telefone: 3255-7337

 

CAPS Norte

Endereço: Rua Alexandre Marques, 399, bairro Martins

Telefone: 3229-2118

 

CAPS Leste

Endereço: Rua Ivaldo Alves do Nascimento, 1.222 ,  bairro Aparecida

Telefone: 3232-4466

 

Centro de Convivência e Cultura

Endereço: Rua Patrulheiro Osmar Tavares, 1.516, bairro Santa Mônica

Telefone: 3227-2070


PREVENÇÃO E SINAIS

O Ministério da Saúde (MS) disponbiliza uma cartilha para auxiliar a população brasileira sobre a prevenção ao suicídio. O órgão ressalta que as informações não equivalem e não substituem o tratamento ou avaliação médica e ou psicológica. Confira algumas orientações:

 

1. Pessoas que dizem que vão se matar, somente querem chamar atenção. ERRADO!

O que fazer: Fique atento. Qualquer pessoa que expresse pensamentos suicidas, mesmo em tom de brincadeira, necessita atenção e atendimento imediato. Mais de 75% das pessoas que cometem suicídio teriam demonstrado de alguma maneira que estavam sofrendo ou mesmo comentaram sobre seus pensamentos suicidas semanas/meses antes do ato final.

 

2. Uma pessoa precisa “estar louca” ou ter problemas psicológicos para desenvolver pensamentos suicidas. INCORRETO!

O que fazer: Leve a sério. De acordo com pesquisas, muitas pessoas que cometeram suicido tinham capacidade de gerenciar muito bem suas emoções ou às vezes fingiam estar bem para não chamar atenção, seja por vergonha ou por culpa. A ausência de instabilidade emocional ou psicológica não significa ausência de risco ao suicido.

 

3. O problema não parece tão grave para se cometer suicídio. ERRADO!

O que fazer: Preste atenção no quão dolorido o problema é para a pessoa ao invés de focar na gravidade do problema. Aquilo que acreditamos não ser motivo para se cometer suicídio poderá ser o suficiente para uma outra pessoa querer morrer. Ofereça ajuda o mais rápido possível, tente reduzir ou controlar aquilo que causa dor na pessoa. Mantenha contato e se mantenha disponível.

 

4. Ninguém pode “mudar a ideia” ou “a cabeça” de um suicida. FALSO!

O que fazer: Ouça! Lembre-se de que ter pensamentos suicidas é uma maneira de pedir socorro. Suicidas são ambivalentes, parte deles quer viver e a outra parte quer liquidar a dor. Suicidas não necessariamente querem morrer. Considere positivo o fato de alguém comentar sobre seus pensamentos suicidas com você, isto significa que esta pessoa ainda não está decidida e confia em você. Seja empático, ouça, e ofereça recursos.

 

5. Falar sobre suicídio aumenta a probabilidade do mesmo. FALSO!

O que fazer: Pergunte! Lembre-se, a pessoa já tem o pensamento na cabeça e muitas vezes por medo ou vergonha, guarda para si. Se você notar algum comportamento de risco, pergunte sem julgamento : “Você pensa em morrer/em suicídio/em se matar?” se a pessoa responder que sim, tente verificar mais sobre o pensamento, se a pessoa disser que não e você não estiver convencido, continue monitorando-a

 


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