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02/12/2023 às 12h00min - Atualizada em 02/12/2023 às 12h00min

Estudo aponta condições ruins ou regulares de rodovias que cortam Uberlândia e região; veja principais pontos

MGC-455, que liga Uberlândia a Campo Florido, é a pior avaliada na pesquisa

JUAN MADEIRA | DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Principais pontos críticos registrados nas estradas são buracos nas pistas, quedas de barreiras e erosões | Foto: Arquivo Diário
Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT) revelou o estado geral das rodovias do país. Entre as estradas que cortam o Triângulo Mineiro, a MGC-455, que liga Uberlândia a Campo Florido, é a pior avaliada com condições consideradas ruins. 

A malha viária que conecta Uberlândia a diferentes pontos da região apresenta uma variedade de condições, conforme apontado pela pesquisa divulgada na última quarta-feira (29). Os dados abrangem desde vias concedidas à iniciativa privada até as gestões públicas, com quadros regulares no geral.

Os principais pontos críticos registrados nas rodovias brasileiras, de acordo com a CNT, incluem quedas de barreiras, erosões nas pistas, buracos e pontes caídas. “Tratam-se de problemas na infraestrutura que interferem na fluidez dos veículos, oferecendo riscos à segurança dos usuários, aumentando significativamente a possibilidade de acidentes e gerando custos adicionais ao transporte”, alerta a entidade.

RODOVIAS FEDERAIS
A BR-050, concedida à Eco050, uma das principais ligações entre Brasília e São Paulo, passa por Uberlândia. A estrada apresenta padrões satisfatórios em todos os quesitos analisados pela pesquisa, que são: estado geral, pavimento, sinalização e geometria. As categorias foram classificadas como boas na BR-050.

O engenheiro civil Rogério Lemos Ribeiro explica que a BR-050 tem maiores investimentos por ser concedida à iniciativa privada, por isso possui qualidade elevada. “Quantos as rodovias passam para a iniciativa privada, elas têm uma gestão focada em contratos que precisam ser cumpridos, então, o investimento na rodovia é maior, gerando melhores experiências para os usuários da pista”. 

O especialista informa ainda que uma rodovia concessionada pode ter três vezes mais investimento em manutenção e reconstrução do que uma pública. “Isso reflete na qualidade dela em sinalização, iluminação, segurança viária, entre outras. Um dos motivos para isso são os esforços na manutenção”.

A BR-365, sob gestão da Ecovias do Cerrado, que parte de Montes Claros e percorre cidades de Patos de Minas e Ituiutaba, recebeu avaliações medianas na pesquisa. Embora parte do trecho entre Uberlândia e o entroncamento com a BR-153 tenha sido duplicado, essa rodovia recebeu apontamentos regulares em estado geral, sinalização e geometria, enquanto apenas o pavimento foi classificado como bom.

A BR-153, uma das maiores do Brasil, concedida pela Triunfo Concebra, passando por Prata e Ituiutaba, apresenta um padrão similar à BR-365, com classificação regular em estado geral e geometria, além de um pavimento avaliado como bom.

De acordo com Rogério Lemos, os quesitos analisados no levantamento são importantes para que se avalie a segurança dos motoristas nas estradas. “A qualidade da rodovia está diretamente relacionada à segurança do usuário. Então, se você tem estradas bem mantidas, com sinalização adequada, boa pavimentação e geometria, ela contribui para a prevenção ou a redução da gravidade de acidentes, contribuindo para o resguardo dos motoristas”. 

O profissional destaca que a geometria é o principal fator de influência na dirigibilidade. “A geometria inclui o desenho das curvas, tamanho das retas, largura das pistas e até mesmo a inclinação da estrada em algumas partes. Uma via com curvas suaves e boas condições de visibilidade costuma ser mais segura do que uma com contornos fechados e mal planejados”.


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RODOVIAS ESTADUAIS
No contexto das vias estaduais, a MGC-452, sob gestão da EPR Triângulo desde fevereiro de 2023, ligando Uberlândia a Araxá, mantém uma classificação uniforme, considerada regular em todos os aspectos analisados.

Já as rodovias geridas pelo poder público que conectam Uberlândia a Paranaíba, pela MGC-497, e a Campo Florido, pela MGC-455, apresentam variações negativas em suas condições. Enquanto a MGC-497 exibe avaliações regulares em todos os critérios, a MGC-455 revela um estado mais precário, com avaliações ruins no pavimento e na sinalização, e regular na geometria.

O especialista ouvido pelo Diário reforça que trechos públicos recebem menos investimentos a serem revertidos em manutenção e segurança. “Pelo número de rodovias no país, o setor público não consegue lidar com toda demanda por melhorias. O governo distribui os investimentos e os gestores direcionam o dinheiro para as áreas prioritárias do país, e isso acaba deixando pequena verba para infraestrutura”. 

O estudo da CNT corrobora com as informações, indicando que as rodovias públicas, que representam 76,6% da extensão pesquisada este ano, apresentam percentuais maiores de avaliações negativas, com 77%. Já entre as rodovias concessionadas, que representam 23,4% da extensão pesquisada em 2023, 64,1% da extensão foram classificadas como boas e ótimas. Além disso, 46% das rodovias do estado com gestão pública tem classificação ruim na categoria “estado geral". 

“CAPITAL LOGÍSTICA”
“Uberlândia tem grande importância na logística rodoviária por estar localizada em um importante ponto de conexão do sudeste, que tem ligações com São Paulo e Goiás. Na cadeia de suprimentos, rodovias bem conservadas facilitam o transporte de mercadorias, reduzindo o custo operacional e consequentemente o custo dos produtos, fazendo com que o mercado fique mais competitivo”, explica. 

O profissional ouvido pelo Diário reforça que rodovias em boas condições permitem velocidades mais altas e viagens mais curtas, fatores essenciais para desenvolvimento de então uma logística avançada.

BRASIL
A pesquisa da CNT revelou que 67,5% das rodovias brasileiras têm condições classificadas como regulares, ruins ou péssimas, enquanto apenas 32,5% foram consideradas boas ou ótimas. Esses dados indicam uma estabilidade em relação ao ano anterior, mantendo-se próxima à marca de 66% para condições desfavoráveis. 

O estudo analisou 111.502 quilômetros de estradas pavimentadas, abrangendo trechos federais e estaduais.

A pesquisa alerta para os impactos diretos na economia e no meio ambiente decorrentes da baixa qualidade das estradas. Estima-se que 1,139 bilhão de litros de diesel sejam consumidos de forma ineficiente este ano, resultando na emissão de 3,01 milhões de toneladas de gases poluentes na atmosfera.

“A falta de qualidade na pavimentação não só influencia no aumento do preço do frete, impactando o custo dos produtos para o consumidor final, mas também contribui para o consumo desnecessário de combustíveis fósseis”, finaliza Rogério Lemos. 



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