De janeiro a setembro de 2022, 116 pacientes diagnosticados com a enfermidade estiveram internados no local | Foto: HC-UFU/DivulgaçãoAté setembro deste ano, 106 homens foram internados devido ao câncer de próstata, no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU). Os dados da unidade de saúde revelam ainda que, nos nove primeiros meses de 2023, foram registrados 10 óbitos relacionados à enfermidade. Os números enfatizam a importância da Campanha Novembro Azul que busca incentivar o diagnóstico precoce e prevenção à doença.
Ainda de acordo com o levantamento do HC-UFU, no mesmo período de 2022, 116 pacientes diagnosticados com a enfermidade estiveram internados no local. De janeiro a setembro do ano passado, o hospital registrou 28 mortes em decorrência do câncer.
Já os dados parciais do Hospital do Câncer de Uberlândia apontam que mais de 235 pacientes estiveram em tratamento da enfermidade em 2022. Segundo o urologista Sérgio Padilha, que atua no Hospital do Câncer há nove anos, a quantidade de casos registrados na cidade ressalta a relevância de exames preventivos e cuidados com a saúde do homem.
“É importante que os homens façam consultas regulares no urologista para detectar a doença em uma fase precoce. Além disso, é indicado melhorar a saúde em geral, fazendo atividade física e com boa alimentação”, enfatizou.
Conforme dito pelo especialista, a principal causa da enfermidade é o fator hereditário. “Se você tem histórico familiar positivo, é importante ficar alerta. O envelhecimento também é um fator de risco”.
Quanto aos sintomas, o médico explica que a chance do paciente demonstrar indícios da doença é muito pequena na fase inicial. Em razão disso, o acompanhamento periódico da saúde é de extrema importância. “Já num estágio mais avançado, é possível causar sangramento na urina, perda de peso e dores no corpo”, finaliza.
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QUANDO COMEÇAR OS EXAMES?
De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), é indicado que todo homem faça exames periódicos a partir dos 50 anos, para o diagnóstico precoce do câncer de próstata e outras doenças. Contudo, quem já teve casos na família deve antecipar a avaliação periódica a partir dos 40 anos.
“Os dados da Sociedade Brasileira de Urologia apontam que os homens, muitas vezes, deixam para procurar os médicos quando já têm sintomas mais graves, quando as doenças já estão no estágio avançado. O acompanhamento médico junto com as Unidades Básicas de Saúde ajuda a prevenir doenças”, destaca a subsecretária de Redes de Atenção à Saúde da SES-MG, Camila Moreira de Castro.
As Unidades Básicas de Saúde (UBS), presentes em todos os municípios mineiros, ofertam os exames necessários pelo Sistema Único de Saúde (SUS). São disponibilizados procedimentos clínicos, laboratoriais, endoscópicos e radiológicos, juntamente com intervenções cirúrgicas e tratamento em hospitais especializados em oncologia. Os exames abrangem a biópsia de próstata, ultrassonografia por via abdominal, ultrassonografia transretal e a avaliação da dosagem de antígeno prostático específico.
O tratamento, por sua vez, é personalizado, considerando fatores como o estágio do tumor, grau de avanço, condição clínica e idade do paciente, podendo incluir cirurgias, radioterapia, bloqueio hormonal ou quimioterapia.
TABU
Segundo o médico endocrinologista, Flávio CadegIani, o preconceito com o exame de toque retal desafia as políticas públicas em prol da saúde do homem. “Questões estruturais, como o machismo profundamente enraizado, são um verdadeiro obstáculo em um país onde o exame clínico como o toque retal é de suma importância por conta da dificuldade de se realizar exames de sangue e de imagem”, destaca o profissional da saúde.
Para o especialista, é preciso que o Estado atue de forma enérgica na implementação da Saúde Integral do Homem, já a partir da adolescência, observando a barreira adicional de adesão dos homens aos programas de saúde.
“O momento é de unir a população para combater e reduzir várias dessas doenças, permitindo que homens vivam suas vidas com toda a liberdade e qualidade que a medicina, quando bem praticada, permite”, conclui Cadegiani.
BRASIL
De acordo com o relatório mais recente do Instituto Nacional do Câncer (INCA), referente ao triênio de 2023 a 2025, o Brasil apresenta uma estimativa de 71.730 novos casos de câncer de próstata. Esse dado corresponde a um risco estimado de 67,86 novos casos para cada 100 mil homens.
O câncer de próstata aparece como o segundo tipo mais frequente de câncer, ocupando uma posição de destaque no cenário nacional. Especificamente entre os homens, ele se destaca como o câncer mais incidente no país, e essa tendência é observada em todas as regiões brasileiras. Na Região Sudeste, por exemplo, o risco estimado é de 77,89 casos para cada 100 mil homens.
