A vereadora Amanda Gondim (PDT), de Uberlândia, registrou um boletim de ocorrência junto à Polícia Militar (PM) após receber um e-mail com uma ameaça de estupro na manhã desta segunda-feira (4). De acordo com o documento, o remetente enviou o conteúdo afirmando que a prática criminosa seria, segundo ele, um "corretivo" para mulheres lésbicas.
O Diário teve acesso ao conteúdo do e-mail. A mensagem afirma que o estupro "cura" mulheres lésbicas. Em alguns trechos do texto, o remetente comenta sobre uma suposta terapia de "Estupro Corretivo Terapêutico", em que o autor afirma que, pelo estupro, uma mulher lésbica "recupera sua feminilidade e volta a ser heterossexual".
O conteúdo foi enviado por uma pessoa que afirma ser doutor em psicologia social por Harvard, detalhando como a parlamentar deveria sofrer as agressões. Além de Amanda, as deputadas Bella Gonçalves (PSol), Cida Falabella (PSol) e a vereadora Iza Lourença (PSol) também receberam a ameaça.
Em nota, Amanda Gondim afirmou que vai formalizar uma denúncia. "Estas ameaças são absurdas e cruéis. Essa é uma tentativa de frear um dos mandatos mais atuantes da Câmara Municipal. No entanto, quero destacar que tenho um projeto para Uberlândia, um projeto inclusivo que abrange todas as pessoas à margem da sociedade, que se dedica à melhoria do transporte público, da saúde, da educação e da acessibilidade. A intolerância e o ódio não nos deterão, eles apenas fortalecem minha determinação em garantir uma cidade mais justa e igualitária", disse a parlamentar.
Confira abaixo o e-mail enviado para a vereadora na íntegra:
"Prezada senhora, sei que o título desta mensagem é chocante mas deixe-me explicar: sou Doutor em Psicologia Social pela Universidade de Harvard e faço há anos estudos sobre sexologia, e minhas pesquisas mostram que o lesbianismo é uma doença que pode ser curada com a terapia alternativa descrita abaixo. Quando uma lésbica é submetida ao coito vaginal por um varão capacitado da forma correta (recomenda-se que a lésbica esteja nua, com os pulsos amarrados atrás das costas com cordas ou algemas plásticas, os olhos vendados com pano e a boca amordaçada com pano ou fitas adesivas. E que o terapeuta introduza o pênis na vagina dela o máximo de vezes possível), ela recupera sua feminilidade perdida e volta a ser heterossexual. Isso não é violência, é o que chamamos Estupro Corretivo Terapêutico, uma terapia de eficácia comprovada que cura o homossexualismo feminino porque ser sapatão é ser uma aberração. Tenho uma proposta de projeto de lei para a legalização do Estupro Corretivo Terapêutico e sua adoção pelo SUS. Gostaria de saber se posso contar com o apoio de V. Exa. para essa causa nobre. Se quiser posso ir na sua casa (já tenho seu endereço) e fazer uma demonstração sem compromisso do Estupro Corretivo Terapêutico. O que acha? Um forte abraço [...]"
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