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09/08/2023 às 13h49min - Atualizada em 09/08/2023 às 13h49min

Uberlândia registra mais de 150 acidentes com bicicletas no primeiro semestre do ano

Número representa uma média de cinco ocorrências por dia; especialista em mobilidade urbana afirma que cidade precisa de mais investimento para segurança dos ciclistas

KAUÊ ALTRÃO | DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Maioria dos acidentes é resultado de colisões entre carros e bicicletas | Foto: PRF/DIVULGAÇÃO
Uberlândia registrou 157 acidentes envolvendo bicicletas no primeiro semestre deste ano. Segundo os dados do Corpo de Bombeiros, o quantitativo representa uma média de cinco ocorrências por dia. Em entrevista ao Diário, especialista em mobilidade urbana afirma que a cidade ainda precisa de mais investimentos para oferecer segurança aos ciclistas.
 
Ainda de acordo com o levantamento, a maioria dos acidentes é resultado de colisões entre carros e bicicletas, representando 54 ocorrências entre janeiro e junho de 2023. Em segundo lugar, aparecem casos relacionados a quedas, também com 54 registros durante o período.
 
No primeiro semestre também foram registradas 27 colisões entre bicicletas e motocicletas e 20 ocorrências envolvendo outros tipos de veículos, como carretas e micro-ônibus. A cidade teve ainda um caso de pessoa atropelada por bicicleta e uma ocorrência de choque com animal.
 
Em relação aos outros anos, o município contabilizou 167 acidentes entre janeiro e junho do ano passado. Em 2021, o número chegou a 177, conforme apontam os dados dos Bombeiros.
 
O cozinheiro Sandro Lobo, de 62 anos, utiliza a bicicleta como meio de transporte e afirma que o problema com acidentes na cidade não é novidade. Para ele, o grande número de ocorrências se dá em razão da falta de conscientização e educação no trânsito.
 
“Graças a Deus nunca me aconteceu nada, mas não quer dizer que já não tive um carro me fechando em uma mão por falta de atenção ou até mesmo na maldade. Também já perdi as contas de quantas vezes vejo as pessoas utilizando as vias destinadas aos ciclistas para caminhar e eu preciso desviar ou chamar a atenção. É um problema maior e que envolve todo mundo, não é só falar dos motoristas, dos ciclistas ou dos pedestres”, disse.
 
Ainda na opinião de Lobo, a falta de interligação das vias destinadas aos ciclistas também é outro problema encontrado na cidade. “Claro, temos um investimento, reconheço e não deixo de parabenizar. Porém, o que deixa a desejar é a falta de ligação das ciclovias e ciclofaixas. Podemos ter muitas nas cidades, como dizem, mas não são interligadas. A mais extensa, pelo que me lembro, é ali na Rondon Pacheco”, relatou.


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INVESTIMENTOS PÚBLICOS
De acordo com a Prefeitura, o investimento na mobilidade urbana é realizado pela atual gestão desde 2011. Com o programa “Uberlândia Integrada”, o objetivo é realizar a recuperação asfáltica, viabilização de estruturas viárias e sinalização semafórica. 
 
No último ano, o investimento no programa foi de R$ 62,6 milhões, sendo que R$ 6,8 milhões foram destinados à ampliação de 11 km da malha cicloviária horizontal, com foco no setor leste do município. No início de 2023, o Município divulgou a empresa licitada para a execução das obras, com prazo estimado de até 12 meses.
 
Em maio deste ano, outros dois investimentos foram divulgados pela gestão municipal, com uma futura ampliação de 14 km de ciclovias na região oeste da cidade, buscando uma ligação entre as regiões central, sul e leste. O recurso destinado também foi de R$ 6 milhões. 
 
Outro anúncio foi feito nos últimos dias, com a divulgação de uma nova ordem de serviço para a implementação de uma ciclovia de 4,05 km na região norte. O secretário de Trânsito e Transportes, Divonei Gonçalves contou que “a malha cicloviária de Uberlândia tem em torno de 90 km de extensão e a ideia é conectar as regiões, integrando as ciclovias existentes e as demais que estão em construção”.
 
Em um mapa elaborado por Frank Barroso, geógrafo urbanista, cicloativista e pesquisador na área de mobilidade urbana e geomarketing, no município existem, aproximadamente, 58 ciclovias e 18 ciclofaixas no perímetro urbano. O levantamento foi disponibilizado em 13 de fevereiro. 
 
Apesar da quantidade, o especialista acredita que ainda há muito a se fazer para que a cidade tenha de fato uma mobilidade que seja eficaz e segura. Segundo ele, é importante que seja realizado um estudo sobre quais os melhores pontos para construção de ciclovias, que irão atender o público que utiliza o veículo como meio de transporte.
 
“A mobilidade urbana pensa de maneira global como as pessoas se locomovem dentro da cidade, não é uma questão só de falar de transporte. É pensar na qualidade do deslocamento, para todos. Eu vejo que temos agora uma questão de falar que estamos fazendo ‘x’ quilômetros do que falar propriamente que estamos fazendo um estudo para a implementação dessas vias. Estamos voltados a possuir ciclovias mais amistosas do que úteis. São bacanas, mas, na verdade, não sei te dizer se algumas estão sendo feitas com base no necessário”, contou.  
 
O geógrafo também aponta para a necessidade de uma conscientização e um investimento na educação, de modo a possibilitar uma segurança universal no trânsito. Além disso, o especialista acredita que a cidade precisa de um investimento maior na qualidade das sinalizações.
 
“Eu já morei fora e, na verdade, te digo que aqui eu não tenho a coragem de realizar meu deslocamento com bicicleta. Outro ponto que é necessário investir é na qualidade dos materiais utilizados para a sinalização e na própria sinalização. Ela é muito pouca. É necessário que ela, na verdade, seja gritante, bem desenhada, com mais placas, faixas de divisa. Realizar um destaque maior dessas vias”, afirmou. 


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