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07/06/2023 às 09h55min - Atualizada em 07/06/2023 às 09h55min

Mudança no ICMS encarece preço da gasolina nos postos de Uberlândia

Valor do combustível oscila entre R$ 4,89 e R$ 5,69 na cidade; variação média em relação à última semana chega a R$ 0,50 centavos

SÍLVIO AZEVEDO I DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Preço do combustível oscila entre R$ 4,89 e R$ 5,69 na cidade I Foto: Silvio Azevedo

Menos de uma semana após a implantação do novo modelo de cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre os combustíveis, consumidores de Uberlândia já estão sentindo o reflexo da medida. Um levantamento feito pelo Diário mostra uma variação média de R$ 0,50 centavos no litro da gasolina, o que equivale a uma alta de 10%.
 
O aumento é um reflexo da alíquota do ICMS, que desde o dia 1º de junho passou a ser fixa com o valor de R$ 1,22 por litro do combustível. Em Minas Gerais, o impacto foi um reajuste de R$ 0,241 (4,7%) no valor do tributo cobrado anteriormente, que era 18% e girava em torno de R$ 0,979/l.
 
De acordo uma pesquisa feita pela produção do Diário com dez postos da cidade, na semana anterior à mudança, os preços da gasolina variavam de R$ 4,59 a R$ 4,99, um valor médio de R$ 4,79 por litro e uma diferença de R$ 0,40 centavos entre os concorrentes. Pouco menos de uma semana depois, os preços estão variando de R$ 4,89 a R$ 5,69, uma média de R$ 5,29 o litro. A diferença entre os postos chega a R$ 0,80 centavos.
 
IMPACTO NO BOLSO
Para o empresário Fernando Santos, que é dono de uma empresa de energia fotovoltaica, o reajuste vai impactar o negócio. Com três carros tendo que ser abastecidos constantemente, os gastos tendem a subir.
 
“É preocupante a forma como há essa variação nos valores. E dessa vez, ao tentar melhorar para uns, outros acabam pagando o preço. E entendo que isso aconteceu em outros estados, onde a alíquota ficou mais alta também”.
 
Para diminuir esse impacto, Fernando disse que está redobrando o alerta quanto ao consumo e a utilização dos veículos. “É uma realidade que a gente trabalha para não deixar repassar ao nosso consumidor final. E, por enquanto, estamos conseguindo. E para diminuir os custos, fechamos parceria com um posto de combustíveis que faz o fornecimento para nós a um preço fixo”.
 
O taxista Altair Vieira Borges precisa abastecer a cada dois dias e também está sentindo no bolso. O motorista gasta, em média, R$ 130 diariamente com as corridas. “Impacta no faturamento. Nosso preço é tabelado e, praticamente, oito anos que não tem reajuste. O combustível há oito anos era bem mais em conta. E com o reajuste, vai ficando inviável”.
 
Para tentar frear o prejuízo, Altair disse que aproveita a movimentação pelas ruas para acompanhar os preços nos postos. “Quando achamos um com preço menor, paro e abasteço. Não tem alternativa, infelizmente não tem. É tocar em frente e trabalhar”.
 
O engenheiro civil Fabrício Finotti percorre cerca de 1,7 mil km por mês, acompanhando os trabalhos nas obras em que ele é responsável. Com isso, é visita frequente nos postos de gasolina. “Normalmente, em um mês, abasteço 15 vezes o carro. E com essas variações nos preços, sempre pesquiso antes em busca de preços mais competitivos. Também, procuro otimizar as rotas reduzindo o consumo do combustível e, também, o desgaste no carro”.
 
Para Fabrício, as variações acabam impactando, também, nos custos do trabalho dele. “Como utilizo muito o veículo, há um grande impacto no bolso com o aumento, que na maioria das vezes, no meu caso, é repassado ao cliente”.
 
ESPECIALISTA AVALIA MUDANÇA
Segundo a economista Roberta da Mata, a mudança do ICMS teve o objetivo de facilitar a cobrança do imposto. “Apesar de o imposto causar impacto negativo em 24 estados, exceto Amazonas, Alagoas e Piauí, que tinham alíquotas superiores a R$1,22, ele foi alterado para valor fixo, ou ad rem, com o objetivo maior de facilitar a cobrança do ICMS, evitar oscilações e dar maior previsibilidade das arrecadações. De qualquer forma, sendo mascarada ou não, o imposto vai aumentar em quase todos os estados brasileiros”, explicou.
 
Roberta reforçou ainda que, quem vai pagar a conta, pelo menos nesse primeiro momento, é o consumidor final. Porém, espera que os governos aproveitem para realizarem benfeitorias para a população. “O ponto forte é a simplificação do cálculo do ICMS e maior arrecadação, sendo o ICMS a maior fonte de financiamento dos Estados, esperamos algum benefício nas áreas de educação, saúde e segurança”.
 
Para a economista, o reajuste no combustível deverá impactar no índice inflacionário no país. “É possível prever uma alta na inflação, que será mais sentida na última semana do mês e próximo. Mesmo quem não tem veículo, sentirá os efeitos desse aumento nos combustíveis, já que quase tudo o que consumimos depende do transporte rodoviário”, lembrou Roberta.
 
A especialista afirmou ainda que é possível que os governos realizem ações compensatórias para reduzir o valor do combustível. “Recentemente foi alterada a política da Petrobras, deixando de existir o modelo de PPI (Preços de Paridade de Importação), assim, é possível que sejam implementadas ações para a redução dos preços dos combustíveis, já que esta mudança trouxe maior liberdade de atuação da petroleira. Com a aprovação da nova regra fiscal, será possível também, diminuir esse impacto ao consumidor”, completou.



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