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25/03/2023 às 13h00min - Atualizada em 25/03/2023 às 13h00min

Uberlândia é a segunda cidade de Minas que mais consome bebidas alcoólicas

Dados do IPC Maps mostram que a cidade movimentou cerca de R$ 140 milhões com produtos, somente no ano passado

SÍLVIO AZEVEDO I DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Famílias brasileiras gastaram aproximadamente R$ 28,2 bilhões com bebidas, no ano passado I Foto: PEXELS
Uma pesquisa divulgada pelo IPC Maps revelou que as famílias brasileiras gastaram, somente no ano passado, aproximadamente R$ 28,2 bilhões com bebidas alcoólicas. Nessa lista, os mineiros ocupam o segundo lugar do ranking, com um montante de R$ 2,8 bilhões. Uberlândia também aparece no topo da tabela e figura como a segunda cidade de Minas Gerais com o maior índice de consumo, atrás apenas de Belo Horizonte. Somente em 2022, os uberlandenses e uberlandinos desembolsaram mais de R$ 140 milhões em bebidas alcoólicas.
 
Além de Uberlândia, mais cinco cidades do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba aparecem entre as 30 maiores consumidoras, segundo a pesquisa IPC Maps. Uberaba ocupa o 5º lugar, com R$ 65,5 milhões movimentados, Patos de Minas é a 17ª, com R$ 19,7 milhões, Araguari é a 21ª, com R$ 19,5 milhões e Ituiutaba fica em 30ª, com 16,3 milhões.


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O jornalista Guilherme Amaral de Menezes, de Uberlândia, é um dos consumidores que contribuiu para este ranking. Em entrevista ao Diário, Guilherme diz que consome cerveja ao menos uma vez na semana e que, em 2022, teve um gasto de quase R$ 2 mil com o produto. “Normalmente pago R$ 12 no litro da cerveja ou R$ 3 em uma latinha. Até mês passado, gastava cerca de 150 por mês com cerveja. Esse mês diminui um pouco, gastei metade desse valor até agora”.
 
No caso dele, a bebida é uma forma de sair da rotina e socializar com os amigos. “Bebo para socializar, me sinto mais leve quando bebo, esqueço a rotina, alivio a tensão do dia a dia. Bebo cerveja porque gosto mais do sabor do que de outras bebidas. É isso, é um momento de lazer e relaxamento. A bebida me ajuda a tranquilizar os pensamentos”, contou.
 
Mesmo consumindo o produto periodicamente, o jornalista lembra que é preciso saber a hora de parar. “São poucas as ocasiões que bebo mais do que devo. Prezo pela minha saúde e das pessoas a minha volta. Só bebo a mais quando estou em um espaço controlado ou sei que tem pessoas que vão me auxiliar se eu precisar”.
 
O estudante de enfermagem, João Gabriel Machado Silva, também aproveita os momentos de lazer para refrescar o paladar com a famosa cervejinha. “Depois de uma semana cheia de obrigações, posso usar um momento de lazer, relaxamento e diversão no bar ou balada com os amigos. É sempre bom tomar uma cerveja para desestressar. Porém, não bebo somente para desestressar, também para comemorar ou quando tenho uma desilusão amorosa”.
 
Ao longo do mês, João Gabriel gasta, em média, R$ 400 por mês com a bebida e já passou por alguns apuros, inclusive durante as aulas. “Me atrapalha quando vou pra faculdade de ressaca. Mas eu tenho controle sobre o álcool. O corpo dá sinais de que tá na hora de parar e assim eu paro”.
 
Se tem consumidor, na outra ponta também tem quem invista na produção dos produtos. A empresária Juliana Oliveira, é um destes exemplos. Ela é sócia da Zim Destilaria, que fabrica uma série de rótulos de gin em Uberlândia. Para ela, o mercado avançou com o período pós-pandemia.
 

“Com a reabertura dos bares pós-pandemia, continuamos a parceria com os clientes e também houve uma demanda grande de novos clientes, pelo nosso produto já ser bem conhecido, o cliente pede ao estabelecimento e eles entram em contato”.

 
Para a empreendedora, em 2022, o gin apresentou um mercado consolidado e em franco crescimento, a empresa já está com duas marcas de Gin, o Zim e o Hav. “Somos uma empresa muito ligada à inovação e pioneirismo, e o consumidor quer novas experiências a todo momento. A expectativa para 2023 é aumentar a produção pela demanda crescente e também agregar novidades ao portfólio já existente”, revela.

 

CUIDADOS
A psicóloga clínica cognitiva comportamental, Lídia Cândida de Oliveira, lembra que em relação ao consumo de bebidas alcoólicas é necessário ter moderação e estar atento a possíveis sinais de dependência.
 
Em entrevista ao Diário, a profissional explicou que o alcoolismo é um transtorno determinado por um agrupamento de sintomas físicos e comportamentais, como um processo baseado na suposição de que determinadas experiências iniciais de vida do indivíduo são decisivas para o desenvolvimento de esquemas e crenças nucleares e condicionais.
 
“O sujeito pode criar crenças relacionadas ao uso e, como consequência, tornar-se permissivo em relação à sua continuação. A continuidade do consumo com o pareamento e estímulos internos e externos, por sua vez, irão ativar as crenças permissivas relacionadas ao ato de beber e determinados pensamentos automáticos. A consequência desse processamento cognitivo é o desencadeamento de um ciclo de manutenção do uso de substância, no qual o indivíduo ‘autoriza seu uso’ por meio das crenças facilitadoras e dos sintomas de abstinência”, afirma.
 
Entre os sintomas do alcoolismo estão o forte desejo de beber, dificuldade de controlar o consumo e não conseguir parar depois de ter começado, uso continuado apesar das consequências negativas, aumento da tolerância e a necessidade de doses maiores para atingir o mesmo efeito obtido com doses anteriormente inferiores ou efeito cada vez menor com uma mesma dose da substância, e nos casos de abstinência, sintomas como sudorese, tremores e ansiedade.
 
“A pessoa dependente passa a viver somente para seu vício, não consegue mais ter um bom convívio com a família, começa a ter um rendimento ruim no serviço, falta muitas vezes e pode até perder o emprego, o papel do psicólogo será auxiliar o paciente a reencontrar o seu equilíbrio emocional e, em alguns casos, comportamental; e, assim, viver de forma mais saudável e feliz”, explicou Lídia.
 
A PESQUISA
Ainda de acordo com a pesquisa IPC MAPS, o gasto com bebidas alcoólicas em 2022 foi 10% superior a 2021, ano em que o montante chegou a R$ 25,5 bilhões. Minas Gerais atrás apenas de São Paulo neste ranking. No ano anterior, os mineiros consumiram 9,6% mais álcool do que em 2021, período em que o gasto foi de R$ 2,5 bilhões.
 
CIDADES MINEIRAS QUE MAIS GASTARAM COM BEBIDAS ALCÓOLICAS EM 2022:
  1. Belo Horizonte: R$ 498.229.915,00
  2. Uberlândia: R$ 140.493.306,00
  3. Contagem: R$ 118.900.126,00
  4. Juiz de Fora: R$ 108.731.291,00
  5. Uberaba: R$ 65.534.643,00
  6. Betim: R$ 62.153.652,00
  7. Montes Claros: R$ 49.001.866,00
  8. Ipatinga: R$ 45.311.872,00
  9. Divinópolis: R$ 44.287.417,00
  10. Ribeirão das Neves: R$ 43.167.508,00
  11. Sete Lagoas: R$ 37.225.470,00
  12. Governador Valadares: R$ 37.198.418,00
  13. Poços De Caldas: R$ 33.302.838,00
  14. Santa Luzia: R$ 28.778.706,00
  15. Pouso Alegre: R$ 28.044.855,00
  16. Varginha: R$ 25.956.673,00
  17. Patos de Minas: R$ 24.132.272.00
  18. Ibirité: R$ 23.374.161,00
  19. Conselheiro Lafaiete: R$ 21.674.270,00
  20. Araxá: R$ 19.721.611,00
  21. Araguari: R$ 19.565.106,00
  22. Lavras: R$ 19.054.790,00
  23. Passos: R$ 19.014.917,00
  24. Sabará: R$ 18.235.515,00
  25. Barbacena: R$ 17.913.802,00
  26. Nova Lima: R$ 17.801.412,00
  27. Ubá: R$ 17.773.514,00
  28. Nova Serrana: R$ 17.760.063,00
  29. Vespasiano: R$ 17.096.687,00
  30. Ituiutaba: R$ 16.306.777,00
 
(FONTE: IPC MAPS)
 
 

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