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17/03/2023 às 20h30min - Atualizada em 17/03/2023 às 20h30min

"Me chamavam de a louca do álcool em gel": famílias revelam hábitos na pandemia que hoje viraram rotina

Uso de máscara e álcool em gel, higienização de compras são alguns dos costumes que se tornaram regras em lares da cidade

SÍLVIO AZEVEDO I DIÁRIO DE UBERLÂNDIA

Há exatos três anos, Uberlândia tinha notificado o seu primeiro caso de covid-19. De lá para cá, a população foi obrigada a adotar novos hábitos, como a utilização de máscaras, uso do álcool em gel e, claro, o distanciamento social. O avanço da vacinação permitiu, no fim de 2021 e início de 2022, o retorno gradativo das atividades e um leve afrouxamento das medidas sanitárias. No entanto, alguns costumes se tornaram permanentes no dia a dia de muitas famílias.
 
Uma delas é a do advogado Jonathan Edward Rodovalho Campos, 42 anos, primeiro paciente a ser diagnosticado com covid-19 em Uberlândia, em 17 de março de 2020. 

 

“Virou uma rotina. Só guardamos as compras depois de passar álcool nelas. Produtos antes de ir pra geladeira tem que ser lavados. Batemos o álcool 70% em tudo, até na banana. A máscara reduzimos o consumo, mas dependendo dos locais que vamos, usamos ainda”, conta Edward.

 
Para ele, era uma questão lógica de higiene que ele nunca tinha dado atenção antes da pandemia. “Na verdade, se a gente for pensar friamente, é um pouco de falta de higiene, pegar uma compra no supermercado e colocar direto na geladeira. Não limpava nada. A pandemia mudou o hábito do consumidor, onde preza mais pela questão de higiene. Acredito que veio pra ficar”.
 
Além do uso do álcool na higiene de produtos e limpeza das mãos, na casa do Jonathan, só entra se estiver descalço. “Ainda tem pessoas com receio. Não estão preparadas para deixar calçados e meias de fora. Mas acabam entendendo e tiram”.
 
O advogado foi reinfectado com a doença em maio do ano passado, mas assim como da primeira vez, se recuperou sem sequelas e acredita que o coronavírus veio para mudar os hábitos e maneiras da sociedade. “Foi uma virada de vida pra muita gente. Muitos perderam entes queridos para a doença. Acho que mudou a forma de pensar, de agir, trabalhar, relacionamento interpessoal dentro de casa e pessoas na rua. Apesar do ar negativo, gosto de avaliar, também, o lado positivo”.

 

 

COSTUMES HABITUAIS
Quem também mudou a rotina em casa foi a secretária Cláudia Lima, de 65 anos. “Mantenho os costumes de tirar os sapatos na porta de casa, higienizar as compras e usar máscara em consultório médico, laboratórios quando preciso ir, mesmo agora com a suspensão da obrigatoriedade”, destaca.
 
De acordo com a profissional, o fato de ser idosa faz com que ela tenha uma precaução para evitar ser mais uma vítima da covid-19. “Mantenho esses costumes porque acho melhor prevenir do que remediar. Sou, idosa, porém saudável. O uso da máscara, às vezes, é visto com alguma estranheza, mas não ligo, importante é minha saúde. Não quero perder essa condição e os hábitos adquiridos na pandemia são fáceis de serem mantidos”.
 
A dona de casa, Maria José (64), também foi uma das pessoas que enfrentaram na pele a covid-19. Ela foi diagnosticada nos primeiros meses da pandemia, mas se recuperou bem, sem sequelas. Porém, passou a adotar medidas drásticas dentro de casa.
 

“Eu fiquei muito assustada. Eu tive covid-19 nos dois primeiros meses da pandemia. Nada grave, graças a Deus e, a partir desse momento, tudo que entrava na minha casa eu lavava, esterilizava, passava álcool. Na verdura, se não tivesse nada para esterilizar colocava uma colherzinha de água sanitária. Me tornei a louca do álcool em gel. Não aceitava que ninguém entrasse em casa com os sapatos que chegou da rua. A roupa, mesma coisa. As meninas que trabalham fora e usam o transporte público todo dia, era chegar e ir direto pro banheiro tirar a roupa e jogar na máquina pra lavar”, revela.

 
Maria José sabe que os familiares pensam que ela exagera nos cuidados, mas faz isso para evitar a doença, que já vitimou dois dos seus irmãos. “Me chamavam de ‘a louca do álcool em gel’. Agora não. Eles pensam que é bobagem e pensam que não precisa higienizar nada. Às vezes vão colocar alguma coisa na geladeira, faço tirar. Não deixo nada. O que posso fazer pra evitar, eu faço”.
 
De acordo com a biomédica Léia Cardoso de Sousa, embora a vacinação esteja ocorrendo em muitos países, a Organização Mundial da Saúde (OMS) ainda recomenda o uso de máscaras como uma medida de controle da transmissão do coronavírus, além do uso do álcool em gel, que pode ser útil, especialmente ao interagir com pessoas que podem estar infectadas.
 
A profissional disse ainda que, em relação à lavagem de compras, a transmissão da doença por meio de superfícies é considerada baixa, mas ainda é recomendado seguir as orientações do governo e especialistas locais para se proteger.
 

“Algumas medidas que chegaram a partir da pandemia de covid-19 vieram pra ficar. Entre elas, vale ressaltar, a correta higienização das mãos, preferencialmente com água e sabão (álcool em gel é recomendado apenas em casos nos quais não existe essa possibilidade), uso de máscaras em caso de sintomas respiratórios, boa alimentação e prática regular de atividades físicas. Tais medidas contribuem para a manutenção do equilíbrio físico dos indivíduos, auxiliando no caso de diversas doenças”, orienta.

 
Em alguns países, como a China e Japão, o uso de máscara já era natural antes mesmo da pandemia, mas por outros fatores, como poluição. Léia lembra que o uso de máscara é recomendado em situações em que não é possível manter uma distância segura de pelo menos 1 metro de outras pessoas, como em ambientes fechados, transportes coletivos e locais com aglomerações.
 
“Não há restrições específicas para o uso de máscaras, mas é importante lembrar que elas são uma medida complementar, e não substituem as outras precauções de higiene, tais como lavar as mãos com frequência e evitar tocar o rosto. O tipo de máscara recomendado pode variar de acordo com a situação e o risco de exposição ao vírus. Em alguns países, o uso de máscaras é obrigatório em espaços públicos ou em determinadas situações”.
 
Até o último boletim epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde (SES-MG), Uberlândia tinha 244.658 casos confirmados e 3.540 óbitos para a doença.

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