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07/02/2023 às 18h13min - Atualizada em 07/02/2023 às 18h13min

Pais reclamam da falta de vacinas para bebês e crianças de até dois anos, em Uberlândia

Entrevistados pelo Diário contaram sobre dificuldade em conseguir doses para imunização dos filhos nas unidades de saúde do Município

SÍLVIO AZEVEDO | DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Cidade tem apenas 5% do público da faixa de 6 meses a dois anos imunizado com uma dose | Foto: PMU/Divulgação
Na última semana, o Diário trouxe uma matéria mostrando a baixa imunização de bebês e crianças de até dois anos contra a covid-19, em Uberlândia. Segundo o último levantamento da Prefeitura, até a última sexta (3) a cidade tinha menos de 5% do público desta faixa etária vacinado com a primeira dose. Pais ouvidos pela reportagem afirmam que têm enfrentando obstáculos para conseguir a vacina na rede municipal, que, segundo eles, está em falta.  

Essa dificuldade foi vivenciada pela enfermeira Verônica Rodrigues. Em entrevista ao Diário, a profissional de saúde destacou a importância da imunização para diminuir os impactos da doença. Porém, disse encontrar dificuldades para que o filho, de 1 ano e sete meses, seja vacinado.

“Tentei inúmeras vezes, no mínimo umas 20 vezes, ligando nas unidades de saúde do Luizote, Roosevelt, Martins, Pampulha, Planalto, Tibery, Patrimônio e Tocantins. Todas as ligações sem sucesso. Falam que não havia mais dose e sem previsão para chegar”, informou a mãe.

Convivendo diariamente com o problema, a enfermeira disse se sentir impotente diante da situação. “Estamos quase todos da população vacinados e nossos filhos, que são crianças mais fracas, sistema imunológico fraco, sem ter o direito de estar vacinado também. É inadmissível ter vacina para alguns e não para os outros. Se foi liberado para essa idade, todos devem e precisam ser vacinados”, disse Verônica.

O sentimento também é compartilhado pela empresária Francine Reis, que tentou vacinar a filha de dois anos na Unidade Básica de Saúde do bairro Canaã por duas vezes, e outras três na Unidade de Atendimento Integrado (UAI) Planalto. 

“Como mãe quero sempre a proteção da minha filha. Me sinto angustiada, impotente sem conseguir vacinar contra a covid,  que ainda nos assombra. Para vaciná-la eu tentaria todos os recursos ao meu alcance e a vacinação é um direito de todos”, contou.

Francine reclamou ainda que todas as vezes em que buscou informações sobre a disponibilidade de doses, teve que ir presencialmente nas unidades de saúde. “As cinco vezes fui presencialmente, já que os telefones informados não funcionam”. 

A farmacêutica Karoline Vasconcelos também contou sobre a dificuldade de conseguir uma dose para filha de um ano e dois meses, mesmo a bebê sendo do grupo de risco. “Além de tudo minha filha é cardiopata. Já passou por duas cirurgias de grande porte, fez timectomia parcial e é grupo de risco para doença. Precisa tomá-la o quanto antes”. 

Por conta da doença, a filha de Karoline só pode ser imunizada contra a covid com uma diferença de 30 dias das outras vacinas por orientação da cardiopediatra. “Você se programa, deixa às vezes de dar outras vacinas e chega na UAI ou no postinho e não tem. Tentei por 2 vezes na Uai Planalto e a justificativa é que a vacina está em falta, e quando chega acaba muito rápido. Que a falta era geral e que não eles não tinham previsão de reposição”. 

Outro mãe que enfrenta o mesmo problema é uberlandense Myllena de Oliveira Basília, que tentou duas vezes, em 27 de janeiro e no dia 6 de fevereiro deste ano, vacinar o bebê, de um ano, na UAI Luizote e também não encontrou doses disponíveis. “Eu me sinto impotente e frustrada por até hoje está nessa situação por falta de vacina. A gente tenta o melhor para nossos filhos e as doses não estão disponíveis para todo mundo”.

A falta de imunizantes atinge, também, as crianças que precisam da segunda dose. O profissional de marketing Cristiano Souza já tentou vacinar a filha, de três anos, duas vezes na sala de vacinação da UBSF Joana Flor Oliveira, no Shopping Park, e em ambos os casos, não foi informado da falta da vacina. “A justificativa dada é que o governo está com atraso na Coronavac, que foi a vacina que ela tomou. Ficamos com um sentimento de insegurança, de ficar no aguardo de voltar ao UBS e fica sem resposta todas as vezes”.


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A reportagem questionou o Governo Federal, responsável pela aquisição da vacina, sobre a falta de doses na cidade. Também foi atrás de informações com a Secretaria de Estado de Saúde, que faz a distribuição das vacinas. A produção também entrou em contato com a Prefeitura para obter informações sobre o assunto. Confira os posicionamentos abaixo: 

O QUE DIZ O ESTADO
Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), por meio da Superintendência Regional de Saúde de Uberlândia, disse que uma remessa de vacinas da Pfizer contra a covid-19 destinada a crianças de seis meses até quatro anos de idade será entregue aos 18 municípios da região a partir da próxima quinta-feira (9). De acordo com a SES, 5.730 doses de vacinas Pfizer Baby serão destinadas ao município de Uberlândia, para aplicação da primeira, segunda e terceira doses em crianças de 6 meses a 4 anos de idade.

O QUE DIZ O MUNICÍPIO
Também por meio de nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que tem cobrado, insistentemente, do Ministério da Saúde e da Secretaria de Estado de Saúde – responsáveis pelo repasse dos imunizantes contra a covid-19 às cidades – o envio de novas remessas para continuar a garantir a vacinação do público, principalmente das crianças e adolescentes.


Até o momento, o Governo Federal não retornou sobre os questionamentos. 

SECRETÁRIO ARGUMENTA
Por meio das redes sociais, respondendo a alguns leitores do Diário, o secretário Municipal de Saúde, Clauber Lourenço, disse que o Município tem cobrado do Ministério da Saúde o envio de doses. Informou ainda que mesmo havendo disponibilidade de doses para segunda aplicação, estas não podem ser direcionadas para a primeira imunização.

“Uma vez que ela já vem carimbada pelo Ministério (da Saúde) como a segunda, garantindo a quem já fez a primeira. Já vem destinada para esse público. Em relação ao baixo número de doses para a primeira, e até outros grupos etários, estamos cobrando, desde o ano passado para que seja regularizado. Sou um defensor da vacina e, pode ter certeza, estamos cobrando do Ministério da Saúde”.

Dados repassados pela Prefeitura de Uberlândia revelam que, do público-alvo, estimado em 21 mil crianças na faixa de 6 meses a dois anos, apenas 1.022 delas foram vacinadas. A imunização para estas idades teve início no dia 25 de novembro no Município.

*Matéria atualizada às 8h45 de 8 de fevereiro para acréscimo de informações.


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