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28/01/2023 às 13h00min - Atualizada em 28/01/2023 às 13h00min

Reaproveitamento de recicláveis gera emprego e renda para catadores de Uberlândia

Mais de 5 mil toneladas de materiais foram recolhidos somente em 2022; 92% dos resíduos da coleta seletiva são reutilizados

IGOR MARTINS
Somente as associações e cooperativa arrecadaram mais de 1 mil toneladas no ano passado I Foto: IGOR MARTINS
Uberlândia recolheu, somente em 2022, mais de 5 mil toneladas de materiais recicláveis. De acordo com dados do Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae), 92% dos resíduos retirados do lixo comum, por meio da coleta seletiva e do trabalho das associações e cooperativas de catadores, são reaproveitados. Além de reduzir os impactos no meio ambiente, a reciclagem também tem sido fonte de renda e geração de emprego para dezenas de famílias do Município. 

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A coleta seletiva em Uberlândia é de responsabilidade do Dmae, mas o processo é maior do que muita gente imagina. Atualmente, o município tem cinco associações e uma cooperativa parceiras, que fazem o trabalho de reaproveitamento de resíduos sólidos oriundos da destinação apropriada do lixo.
 
As associações e cooperativa que trabalham junto com a autarquia recebem infraestrutura básica de trabalho, incluindo espaço físico, custeio de energia e água e um equipamento básico, podendo ser uma balança, elevador hidráulico ou empilhadeira. Além disso, as parceiras também contam com equipamentos próprios, como máquinas de prensa, conforme destaca o supervisor de resíduos sólidos do Dmae, Arthur Rosa Públio. 
 
“A gente oferece os materiais e essa infraestrutura básica, com todo o apoio técnico do Dmae. Temos uma equipe para poder capacitar os associados naquilo que eles precisarem, para ajudar na equipe administrativa. O trabalho é feito com aquilo que a população, em teoria, separou para a coleta seletiva. Esses recicláveis são distribuídos nas associações”, explicou.
 
Ainda de acordo com Públio, quase 100 pessoas são beneficiadas com a ação social proposta pelo Dmae. Em 2022, a autarquia registrou um aumento de 13% no número de materiais recicláveis arrecadados no comparativo com o mesmo período de 2021, quando foram coletadas 3.515 toneladas. No ano passado o total recolhido foi de 3.973 toneladas. Os recicláveis mais coletados são papel (40%), vidro (36%), plástico (15%) e metal (9%).
 
O volume arrecadado de forma independente pelas associações em 2022 também teve um crescimento. Somente no ano passado foram 1.082 toneladas, 0,7% a mais do que em 2021, quando 1.074 toneladas foram recolhidas.
 
ABRANGÊNCIA
Com o passar dos anos, a conscientização feita pela equipe de coleta seletiva do Dmae aumentou. Hoje, ela ocorre através de ações porta a porta, com distribuição de panfletos nas residências. A equipe ensina sobre a separação do lixo e auxilia no conhecimento da população sobre o serviço. Já o “ecocaminhão” recolhe os materiais recicláveis.
 
Em 2011, 25,5% da população uberlandense era atingida com a coleta seletiva, o que equivale a 149,6 mil pessoas à época. Em 2020, o número saltou para 57,2%. Mas foi nos últimos anos que a coleta chegou a atender 85,7% da população, mais de 500 mil pessoas que residem na cidade.
 
“A coleta depende da adesão da população. Quanto mais separarem recicláveis e colocarem no dia certo, mais vai chegar para as associações. A destinação tem que ser feita tirando o lixo comum, que engloba comida, coisas contaminadas e lixo de banheiro e que não são recicláveis. Tirando isso do reciclável, chega um material mais limpo e mais pessoas vão estar nas associações”, informou Arthur Rosa.
 
O serviço de coleta seletiva em Uberlândia atende 61 bairros em dias específicos, de acordo com a programação do Dmae. Dependendo do turno em que o caminhão passa pelo bairro (se manhã, tarde ou noite), a orientação é colocar para coleta, sempre na calçada, os materiais recicláveis a partir das 8h, 13h30 e 17h. Caso o bairro não tenha o serviço disponível, o material pode ser levado diretamente nas associações e nos ecopontos.
 
LIXO QUE VIRA RENDA
O Diário acompanhou o trabalho realizado na Associação de Catadores de Material Reciclável do Bairro Taiamam (ASSOTAIAMAM), localizado no bairro Daniel Fonseca, na região central da cidade. O responsável pela associação, Roosevelt Martins dos Santos, contou um pouco sobre a rotina dos trabalhadores, que atuam na separação, reaproveitamento e distribuição de diversos materiais que chegam diariamente no local.
 
No momento em que a reportagem chegou à ASSOTAIAMAM, um caminhão da coleta seletiva do Dmae descarregava uma quantidade de materiais usados e descartados. Assim que o descarregamento foi concluído, a equipe já se mobilizou para começar a fazer a separação do material.
 
“O pessoal separa caixinha de leite, garrafas pet, sucata, alumínio e vidro. O espaço aqui fica limpo, e quando o caminhão descarrega, temos cada associado trabalhando no seu bloco. Tem dias que chega material do bairro Martins, outros dias do Osvaldo Rezende, do Santa Mônica. São cerca de 16 associados que atuam aqui”, revelou Roosevelt.
 
Aos 62 anos e com mais de 30 anos como catador, Roosevelt disse que o projeto feito pela associação gerou oportunidade de emprego para muitas pessoas. Os produtos que são comercializados ou reaproveitados geram renda e são distribuídos para os trabalhadores que ficam no espaço. Se não fosse pela coleta seletiva, muito do material seria perdido e vários catadores não teriam uma fonte de renda para sobreviverem.
 
“A associada tem que receber, o rapaz que prensa o material tem que receber, o rapaz que quebra o vidro tem que receber. Não fosse o reaproveitamento, o pessoal ia pegar o material e ia estar tirando a oportunidade de trabalho de pessoas e jogando uma série de gases na atmosfera. Estariam aquecendo o planeta. Porque fazer isso se você pode gerar emprego e renda?”, questionou.
 
Atualmente, os materiais que não são reaproveitáveis são encaminhados ao aterro sanitário. De acordo com o Dmae, 216 mil toneladas de resíduos sólidos foram levadas ao aterro em todo o ano de 2022. A quantidade de lixo produzida aumenta mais do que a população de Uberlândia, o que mostra a importância do reaproveitamento de materiais.
 
“Eu já catei em aterro. Os aterros têm vida útil de alguns anos, mas dificilmente chega naquela quantidade, porque vai tanto lixo que fica inviabilizado. Eles passam para outro local e outro local de novo. Não é mais fácil arrumar locais para depositar o material onde está gerando mais trabalho e renda? Tem tanta gente procurando emprego, precisando ganhar dinheiro. A associação veio para tentar fazer isso, tirar catadores da rua”, disse.
 
MUDANÇA DE VIDA
A catadora Sônia Maria, de 61 anos, é uma das beneficiadas pelo projeto da Associação. Ela trabalhava nas ruas e recebeu a oportunidade de integrar a associação ainda em 2010, ano de criação da entidade. Desde então, ela consegue trabalho e fazer renda com mais tranquilidade, ao contrário do que ocorria no passado.
 
“Eu já fui catadora de rua. Vim para cá e não me arrependo. Ganhei na mega sena. Adoro esse tipo de serviço, a gente está ajudando a natureza e ganha um dinheirinho também. Tudo eu pegava na mão. Consigo tirar uma renda boa aqui, tem os plásticos, a sucata, a garrafa. Enquanto meu corpo estiver funcionando eu venho”, comentou.
 
A catadora Isabel Cristina Pinheiro, de 60 anos, também não abre mão de trabalhar na associação. Assim como Sônia, ela também atuou na rua e chegou a trabalhar na Associação dos Recicladores e Catadores Autônomos (ARCA), mas não se vê fora da ASSOTAIAMAM mais. “É um trabalho bom, para mim está bom demais aqui”, disse.
 
COLETA SELETIVA
A zona rural de Uberlândia também possui coleta seletiva, na Comunidade Olhos D’Água. A Prefeitura disponibilizou bags para acondicionar os materiais recicláveis e a construção do abrigo ficou na responsabilidade da comunidade local. A Comunidade Tenda do Moreno também é outro ponto da coleta fora do município. Por lá, residem 207 produtores rurais.
Saiba como separar os resíduos para coleta seletiva:
 
- Papel: Revista, jornal, caixas de papelão, embalagens, tetra pack (leite e suco), formulários de computadores, cadernos entre outros;
- Metal: Latas de bebidas e alimentos, tampas de garrafas, panelas, objetos de ferro, cobre e zinco;
- Plástico: Garrafas de água e refrigerante (Pet), brinquedos, baldes, potes e frascos de produtos de limpeza, higiene e de cosmético;
- Vidro: Frascos e potes e alimentos, perfumes, medicamentos, garrafas e cacos de vidro.
- Óleo de cozinha: Coloque o óleo sempre em litros plásticos (como as garrafas Pet), vede bem e entregue em um dos pontos de coleta (confira nas tabelas)
 
ASSOCIAÇÕES
Os materiais recicláveis coletados são encaminhados para as cinco associações e cooperativa conveniadas à Prefeitura. Todo material encaminhado para os galpões é triado e posteriormente comercializado pelos próprios Catadores. Confira as Associações e Cooperativa com seus respectivos endereços:
 
Associação dos Catadores e Recicladores de Uberlândia – ACRU
Endereço: Av. José Andraus Gassani, 510 – Bairro Minas Gerais
Contato: (34) 99650-0797
 Associação dos Recicladores Boa Esperança – ARBE
Endereço: Rua Monlevade, 1215. Daniel Fonseca
Contato: (34) 99775-0167
Associação dos Recicladores e Catadores Autônomos – ARCA
Endereço: Av. Joaquim Ribeiro, 477 esquina com rua Jaime Ribeiro. B. Santa Luzia
Contato: (34) 99681-5774
Associação de Catadores de Material Reciclável do Bairro Taiamam – ASSOTAIAMAM
Endereço: Rua Monlevade, 1215 B. Daniel Fonseca
Contato: (34) 99280-0000
Associação Brasileira de Reciclagem e Coleta Seletiva – ABRCS
Endereço: Av. Juscelino Kubitscheck, 253 – Bairro Dona Zulmira
Contato: (34) 99998-2230
Cooperativa dos Recicladores de Uberlândia – CORU
Endereço: Rua Maria Abadia,177 B. Jardim Brasília
Contato: (34) 99798-1494
 
Coleta, transporte e disposição de resíduos sólidos no aterro sanitário (em toneladas):
2020: 214.194,690
2021: 207.810,910
2022: 216.199,060
 
Quantidade de lixo produzido por pessoa: (Kg/hab/dia)
2020: 0,863
2021: 0,829
2022: 0,862
 
Média Diária:
2020: 586,835
2021: 569,345
2022: 592,326
 
Coleta, transporte e destinação de resíduos sólidos para associações (em kg):
2020: 2.699.823,00
2021: 3.515.108,00
2022: 3.973.535,00
 
Média Diária:
2022: 10.799,3
2021: 13.948,8
2020: 15.768,0
 
Total arrecadado por cooperativas e associações (em kg):
2020: 848.551,60
2021: 1.074.877,90
2022: 1.082.397,12
 
Total arrecadado nos ecopontos (em kg):
2020: 371.800,00
2021: 315.000,00
2022: 402.490,00

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