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18/12/2022 às 12h00min - Atualizada em 18/12/2022 às 12h00min

Aluna da UFU detecta asteroide desconhecido em parceria com a Nasa

Aos 19 anos, Mariana Milena Prado de Sá recebeu medalha de reconhecimento em evento de tecnologia

IGOR MARTINS | DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Natural de Catalão (GO), ela integra o programa “Caça Asteroides”, da agência americana | Foto: Arquivo Pessoal

A paixão pela ciência e tecnologia foi o que garantiu o devido reconhecimento à aluna de Engenharia Mecatrônica da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Mariana Milena Prado de Sá. Aos 19 anos, ela detectou um asteroide, até então desconhecido, em um projeto realizado em parceria com a Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (Nasa).

Crescida em meio aos corredores e bibliotecas da escola onde a mãe é professora de biologia, Mariana conta que sempre teve interesse pela ciência. A atração pela tecnologia surgiu quando ela conseguiu reconstruir o mouse de um computador que havia quebrado ainda quando era criança.

Em entrevista ao Diário, a futura engenheira disse que, desde que se lembra, pesquisa por temas que envolvem a ciência. Uma de suas referências é o Steve Jobs, fundador da Apple, conhecido por causar uma verdadeira revolução nas indústrias de computadores, tablets, telefones e até mesmo filmes de animação.

“A paixão por tecnologia surgiu quando eu ainda era pequena. Eu sempre amei essa área e pesquisava vídeos antigos, dos primeiros computadores e telefones. A paixão pela astronomia surgiu há pouco tempo. Quando ela apareceu na minha vida, resolvi juntar as duas coisas. Me admira muito como a tecnologia ajuda o ser humano a tirar as dúvidas sobre o universo”, disse.

Natural de Catalão (GO), Mariana veio para Uberlândia neste ano para começar os estudos de ensino superior na UFU. Antes disso, durante o ensino médio, ela foi sorteada para participar do projeto Astrominas, idealizado por mulheres do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG/USP), que tem o objetivo de empoderar meninas e mulheres na ciência.

Foi a partir deste projeto que Mariana teve contato com diversos cientistas e se apaixonou pela astronomia. Nessa época, em 2020, a goiana conheceu o programa “Caça Asteroides”, desenvolvido pela Nasa em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). O programa é realizado por meio da Colaboração Internacional de Pesquisa Astronômica e fornece imagens captadas por um telescópio de 1,8 metros localizado no Havaí.

O PROJETO
De acordo com a universitária, pessoas de todas as idades e níveis de escolaridade que têm interesse em monitorar asteroides podem participar da iniciativa. Para isso, aconteceu um treinamento online em que especialistas ensinam como usar o software, fazer a programação e analisar os números encontrados.

“A gente recebe as imagens do telescópio que fica no Havaí e a gente usa esse software para analisar as imagens. A gente identifica, faz um relatório e envia para eles. A minha descoberta aconteceu antes mesmo de eu entrar na universidade. É a prova de que a gente pode contribuir com a ciência mesmo fora do mundo acadêmico. Por isso eu sempre busco incentivar outras pessoas a participarem desse projeto”, argumentou Mariana.

Através da parceria, Mariana detectou um asteroide até então desconhecido: o futuro Walkiria, nome que ela pretende batizar em homenagem à mãe. Apesar disso, a classificação e o nome dado a um asteroide é demorada e ainda está em processo. A descoberta aconteceu no primeiro arquivo de fotos recebidas pela estudante.

“Eu não sei se foi sorte, mas consegui fazer a identificação no primeiro pacote que recebi. Tenho amigos que estão há mais de um ano no projeto e não conseguiram identificar, então a detecção foi motivo de muita felicidade. Muitas pessoas acreditam que a ciência é uma coisa fechada, mas não é. Foi incrível”, contou Mariana.

Com o feito, a aluna recebeu uma medalha durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), que aconteceu em Brasília, no dia 29 de novembro. Além do reconhecimento, Sá também já foi medalha de ouro na Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astrofísica (OBA) e recebeu Moção de Aplausos na Câmara Municipal de Catalão (GO), sua cidade natal.

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DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA
Além de caçadora de asteroides, a medalhista é também divulgadora científica. Em 2020, por causa da pandemia de covid-19, ela criou um perfil no Instagram para compartilhar seus resumos escolares e, com a aproximação da astronomia, começou a divulgar além do assunto, ciência geral e sua rotina na universidade.

No perfil @marimilenastudies, Mariana compartilha assuntos voltados para a ciência e tecnologia e ajuda outros estudantes com curiosidades da área. Mesmo seguindo pela área da Engenharia Mecatrônica, ela pretende continuar estudando astronomia e procurando asteroides, já que é uma das formas de contribuir com a ciência.

“Eu criei o perfil e comecei a falar de ciências nele, coisa que eu já amava fazer de forma automática. Comecei a divulgar o perfil e nisso eu conheci outras pessoas que amavam astronomia tanto quanto eu. Conheci vários grupos da área, pessoas que faziam grupos para competir em olimpíadas. Foi através dele que eu descobri o programa da caça de asteroides”, revelou.

 

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