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10/09/2022 às 12h00min - Atualizada em 10/09/2022 às 12h00min

Clientes denunciam empresa de buffet e decoração por não prestar serviços contratados, em Uberlândia

Vítimas contam que proprietário sumiu após receber dinheiro; prejuízo é de quase R$ 70 mil

SÍLVIO AZEVEDO | DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Vítimas relataram que redes sociais e contatos da empresa foram desativados | Foto: Pixabay

Uma empresa de buffet e decoração, denominada de LS Eventos, está sendo alvo de denúncias por aplicar golpes em diversos clientes e não prestar os serviços contratados, em Uberlândia. De acordo com um boletim de ocorrência, feito em conjunto por nove pessoas, o prejuízo estimado das vítimas é de quase R$ 70 mil. 

A babá Ana Cristina Teodoro Santos contratou os serviços da LS Eventos para a festa de 15 anos da filha, que aconteceu no último sábado (3). Somente com a empresa em questão foram gastos R$ 16 mil, mas no dia da comemoração, o responsável sumiu e nada saiu como o planejado. 

“Eu fiquei sabendo do ocorrido no sábado de manhã, no dia do aniversário. Assim que fiquei sabendo, fui até a casa do proprietário da empresa e não encontrei ninguém, somente as janelas abertas e as luzes acesas. Perguntei para o vizinho da residência e ele me falou que o responsável tinha saído na quinta e não tinha retornado até aquele momento”.

A família começou a pagar e planejar a festa em 2019. Segundo Ana Cristina, a empresa já havia feito outro evento para ela. “Ele fez o aniversário da minha outra filha, sendo assim, confiei. Estava tudo planejado e todo o dinheiro já tinha sido passado para o proprietário”, explicou. 

Com o transtorno, Ana Cristina precisou improvisar uma festa para a filha de última hora. Contudo, o imprevisto resultou  em um novo investimento de mais de R$ 3,5 mil.

CASAMENTO
Outra vítima, que preferiu não se identificar, chegou a receber o serviço de buffet e decoração da empresa, mas muitos problemas foram identificados. Segundo ela, diversas coisas estipuladas em contrato não foram entregues para o casamento, que aconteceu em maio deste ano. 

Mesmo pagando R$ 13 mil, a vítima relatou que houve problemas no cardápio de alimentos. “Minha mãe foi questionar o motivo que os salgados não estavam sendo repostos e quem estava na cozinha respondeu que teve só um agrado. No contrato, está claro a diversidade dos salgados. No contrato, consta 12 tipos de tortas de sobremesa, ele comprou bolos minúsculos nos supermercados e colocou lá. Minha sorte foi a quantidade de docinhos que comprei”.

A decoração também não foi a contratada. “A empresa errou do início ao fim! Era para ter flores naturais em todo canto e teve uma quantidade mínima só. O proprietário prometeu um arranjo suspenso na mesa de bolo, descobri, através da cerimonial, que ele contratou uma pessoa para fazer, pois ele não sabia e vivia falando que fazia nos casamentos”.

A festa de casamento continuaria no dia seguinte, com um almoço de familiares, que também foi combinado com a mesma empresa. Foi encomendado 10 kg de pernil, porém, segundo a vítima, havia somente um pedaço. “Quando meu esposo e eu fomos almoçar, não tinha comida direito. Meus familiares que tiveram que lavar os pratos e talheres, algo que tinha ficado combinado com ele”.

O casal decidiu resolver as pendências depois da lua-de-mel e conseguiram se encontrar com o proprietário da empresa. “Pontuamos todos os detalhes e falamos que entraríamos com uma ação requerendo os danos causados, inclusive o fato dele ter estragado um detalhe na chácara alugada. Ele começou a chorar e ajoelhou pedindo perdão, chorou muito e disse que realmente não tinha controle nenhum com finanças. Por fim, disse que a filha estava com câncer e que estava sendo difícil”.

No fim das contas, não houve processo, porém a mulher decidiu alertar as noivas que haviam fechado com ele. “Até falei para elas que iria compensar perder a entrada e fechar com outro fornecedor, pois, eu tinha ficado sabendo que uma semana após meu casamento, ele não tinha conseguido entregar uma festa. Não quero ter uma imagem negativa do meu casamento, tive que me esforçar para deixar isso de lado e deixar que a vida faça sua parte”.

FESTAS FUTURAS
O sumiço do proprietário da empresa também prejudicou clientes que já estavam pagando por festas que ainda irão acontecer. A universitária Pollyana Mergulhão fechou contrato para o casamento que estava marcado para acontecer no dia 12 de outubro de 2023. Após pagar R$ 5,5 mil à LS Eventos, o responsável pelo estabelecimento sumiu. 

“Não entrei em contato, até porque eles não responderam as outras pessoas. Então preferi nem me desgastar tentando. Ele sumiu, passou a perna até na igreja que era pastor. Procurei a polícia e fiz um boletim de ocorrência”.

Já a educadora física Larissa Matias está com o casamento marcado para o dia 6 de maio do ano que vem e soube, no último domingo, que o empresário não está mais na cidade. "Ninguém conseguia contato com a empresa, eles haviam desativado todas as redes sociais e telefones celulares. Algumas noivas começaram a procurar e souberam que ele havia evadido da cidade. Elas compartilharam no grupo de noivas e foi assim que ficamos sabendo”.

Larissa e o noivo já pagaram R$ 5 mil para a LS, além de contratar vários outros fornecedores do casamento, como fotógrafo, cerimonialista, produção da noiva, DJ e banda. A empresa  ficou responsável pelo espaço físico, decoração e buffet. “Porém, eles não reservaram a chácara na data que tínhamos escolhido. Agora estamos procurando um local que consiga nos atender no mesmo dia para não precisarmos trocar os fornecedores”.

O casal também fez um boletim de ocorrência e entrou com denúncia no Procon que, inicialmente, deu 20 dias para que a LS se manifestasse. Depois, voltou a entrar em contato sugerindo que fizessem o cancelamento dos pagamentos feitos no cartão de crédito e entrar com um processo no Juizado Especial. 

“Primeiramente, eu desacreditei, fiquei pensando que isso não podia ter acontecido, depois com o tempo veio a sensação de que fomos realmente roubados, mas não só financeiramente. Porque foi roubado o sonho, a possibilidade de o casamento acontecer como a gente tinha sonhado”, disse Larissa.

O Diário tentou contato com a LS Eventos, inclusive através de aplicativo de mensagem, porém não foi atendida. A reportagem também procurou o Procon de Uberlândia, a Polícia Civil e o Ministério Público Estadual (MPE). A polícia informou que é necessário que as vítimas procurem a delegacia para informar que querem seguir com o inquérito para que haja investigação

Já o Procon informou que, quando há a abertura de reclamação, a empresa é notificada e tem 10 dias úteis para responder. Caso não responda, o cliente é procurado e oferecido uma audiência. A autarquia informa ainda que, em caso de estelionato, a polícia deve ser acionada.

Até o fechamento desta edição, o MPE não havia respondido o questionamento.

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