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21/08/2022 às 11h00min - Atualizada em 21/08/2022 às 11h00min

Programas sociais acolhem crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade em Uberlândia

Ações da Missão Sal da Terra já atenderam mais de 270 jovens; curso gratuito será oferecido às pessoas que querem apadrinhar uma criança ou adolescente na cidade

SÍLVIO AZEVEDO | DIÁRIO DE UBERLÂNDIA

Em Uberlândia, crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, muitas vezes separadas de suas famílias por medidas de proteção, são amparadas por ações de acolhimento enquanto aguardam a solução judicial sobre seu destino. A organização social Missão Sal da Terra cumpre esse papel e, atualmente, tem dois projetos voltados para o apadrinhamento de crianças e adolescentes da cidade, que já atenderam cerca de 270 jovens.

O programa Apadrinhamento Afetivo assiste a todos os serviços de acolhimento familiar e institucional de Uberlândia com várias formas de apadrinhar, seja afetivo, de serviços, provedor e o voluntário. Para participar do projeto é necessário residir no município, fazer parte da vida do apadrinhado, ser frequente nos cursos e encontros oferecidos gratuitamente, ser maior de 18 anos e não estar inscrito no Sistema de Adoção Nacional. 

Já o segundo programa, o Família Acolhedora, é uma modalidade de acolhimento que é prioritária ao acolhimento institucional onde a família recebe temporariamente a criança ou adolescente em sua casa e tem importantíssimo papel como figura de referência durante o período em que precisa ser protegida, até que sua situação seja definida pelo Poder Judiciário.

Segundo Karina de Melo Garcia, coordenadora do Serviço Família Acolhedora da Missão Sal da Terra, existe uma diferença importante entre os dois tipos de ações. “O Apadrinhamento é uma política pública que visa organizar a participação da sociedade civil em ações que promovam o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes que se encontram afastados de suas famílias de origem. Já a Família Acolhedora é um serviço de acolhimento previsto na constituição Federal e no ECA que seleciona, capacita e acompanha famílias para serem os guardiões legais de uma criança ou adolescente que foi retirado de sua família de origem por medida de Proteção até que a situação judicial deles sejam resolvidos”, explicou. 

VOLUNTÁRIOS
A professora Maria Helena, de 59 anos, e o marido sempre tiveram a casa cheia de crianças. Quando os dois filhos eram menores, sempre recebiam a visita dos amigos, que passaram a ser parte da família também. 

Quando os filhos cresceram e se casaram, saíram de casa e, segundo Maria Helena, o casal passou a sentir falta da casa cheia de alegria. Foi quando soube, através de um familiar, do Programa de Apadrinhamento Afetivo.

“Outra motivação foi o nosso entendimento que também, enquanto sociedade civil, somos responsáveis junto ao Estado de promover o bem-estar dessas crianças e adolescentes acolhidos. A nossa participação com o vínculo afetivo, complementaria o que o Estado faz por elas”.

Atualmente, Maria Helena e o marido apadrinham uma jovem de 17 anos, que está prestes a atingir a maioridade. “Ela está prestes a completar 18 anos e terá que se desvincular do acolhimento. Então, o desejo é que essa relação afetiva, iniciada em 2021 pelo Programa de Apadrinhamento, acompanhe essa adolescente vida à fora”.

E fazer parte do processo de amadurecimento dessas crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social é um dos fatores que fazem Maria Helena se sentir realizada. “Todas as histórias são muito lindas e profundas, que nos fazem crescer como seres humanos. Mas a história que mais me emociona é quando os acolhidos completam os 18 anos e ficam muito inseguros quanto ao futuro que os espera, pois de um dia para o outro, a rede de proteção que o cercava, deixa de existir. E o que tenho presenciado é uma corrente do bem que todos os padrinhos de diferentes funções fazem e se unem para oferecer a esse desinstitucionalizado um início de vida adulta, digna e com possibilidades de se tornar um cidadão inserido na sociedade”.

O sentimento é o mesmo para a terapeuta de TRG Fabiana Domingos de Paula, de 49 anos. Ela também está cadastrada no programa para acolher crianças ou adolescentes em situação de vulnerabilidade. “O que me motivou a estar acolhendo foi a vontade e o desejo de estar ajudando essas crianças e adolescentes, que vêm para nós após serem negligenciadas. Gostaria de poder ensinar algo para elas, plantando uma semente para que tenham um futuro melhor, saber como é viver em família, um lar onde são respeitadas, amadas, protegidas. Queria fazer a diferença na vida dessas crianças”. 

Fabiana fez o curso em 2017 e está no seu terceiro acolhimento, sendo o primeiro em abril de 2018. Em cada um, uma nova história fica marcada na memória da voluntária. “Meu primeiro acolhimento, quando a menina chegou aqui em casa, com as caixas de roupas e estava no quarto com minha filha procurando umas fotos dela. Eu imaginei que fosse um álbum de fotografias e, quando ela encontrou, era apenas uma xerox de uma foto. Sai do quarto chorando e falei pro meu esposo que ela não tinha uma história pra contar. Isso me marcou muito, doeu muito. Tudo que ela fazia eu tirava uma foto para fazer um álbum pra ela”.

CURSO
No dia 12 de setembro, a organização Missão Sal da Terra irá promover o curso Transforme uma Vida, voltado às pessoas que têm a intenção de ser voluntárias no programa de Apadrinhamento e no serviço de Família Acolhedora. 

“O Evento é para trazer esclarecimentos a população de Uberlândia e que o serviço de Acolhimento Familiar e o Apadrinhamento se tornem conhecido e as pessoas interessadas possam participar. Esse evento foi pensado para que a sociedade conheça e faça parte do qual ela se identificam”, disse Karina de Melo Garcia.

O curso será gratuito e as inscrições podem ser realizadas pelo site Transforme Uma Vida em Uberlândia – 2022, na plataforma Sympla (https://www.sympla.com.br/evento/transforme-uma-vida/1670608).

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