31/07/2022 às 13h00min - Atualizada em 31/07/2022 às 13h00min
Instituições de Uberlândia registram queda nas doações após aumento no preço do leite
Entidades relatam que situação afeta famílias carentes da cidade; em seis meses, valor médio do litro do produto subiu mais de 48%
SÍLVIO AZEVEDO | DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Item que faz parte da cesta básica é indispensável para muitas pessoas, principalmente para crianças | Foto: Agência Brasil A alta no preço do leite tem impactado a distribuição de doações nas instituições que atendem famílias carentes em Uberlândia. Com o valor do produto inflacionado, a população tem deixado de contribuir com o insumo, que é um dos itens que compõem a cesta básica e é indispensável para muitas pessoas, principalmente para crianças.
Conforme apurado pelo Diário nesta quinta-feira (28), o valor médio do litro do leite pode ser encontrado por R$ 7 em vários supermercados da cidade. Nos últimos seis meses, de janeiro a junho deste ano, o preço do item aumentou mais de 48% no município, de acordo com dados do Centro de Estudos, Pesquisas e Projetos Econômico-Sociais (CEPES), vinculado à Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
Segundo a fundadora da Casa Fraterna Amor e Caridade, Flaviane Gomes Rodrigues Silva, que distribui doações de alimentos, fraldas, roupas e sapatos para as famílias do assentamento Maná, o estoque de leite está zerado. A instituição atende 350 crianças e 25 pessoas acamadas, que fazem uso do item diariamente.
“As pessoas que ajudavam não estão conseguindo doar o item por conta do preço. Atendemos 70 mães adolescentes que têm filhos que ainda tomam leite e um litro não é suficiente para uma família que tem mais de uma criança”.
Segundo Flaviane, antes do recesso escolar, muitas crianças ainda bebiam leite nas creches e escolas, mas agora a opção é trocar o item por chá ou iogurte. “As famílias acabam mandando as crianças para as creches para que tomem leite pelo menos uma vez ao dia. Porém, como as unidades estão de recesso, a opção é substituir por outra coisa”.
Na cozinha comunitária do assentamento Glória a situação é a mesma. De acordo com a coordenadora do projeto, Cacique Kawany Lourdes Tupinambá, a queda nas doações de leite tem afetado a alimentação das famílias.
“Quando tem as doações, nós doamos, mas é muito difícil chegar leite. Já veio doação de muito leite, cerca de 50 caixas, mas com o preço que está hoje, não ganha nem 10. Até pra gente comprar está difícil. Meu marido foi comprar um leite e encontrou R$ 7,99. A gente não consegue. As crianças estão crescendo sem cálcio”.
Lourdes, como é chamada, disse ainda que, quando as famílias do bairro têm condições, compram e regram para atender a demanda entre as crianças, mas quando estão desempregadas, substituem por comida.
A coordenadora faz um apelo aos empresários e à comunidade para ajudar as pessoas em situação de vulnerabilidade social. “Eu peço que empresários, donos de supermercados e de fazenda, se sensibilizem com as cozinhas comunitárias que atendem crianças e pessoas de idade. A cozinha do Glória quase não ganha. Muitas outras recebem, aqui não. Pedimos à comunidade que tem condições, que nos ajudem para disponibilizarmos para as crianças e idosos, que muitas vezes precisam para tomar os remédios”.
COMO DOAR
Os interessados em fazer doações à cozinha comunitária do Glória podem encaminhar o material para a Rua Carl Marx, nº 1065. “A gente funciona segunda, quarta e sexta de manhã. Pode nos procurar também no telefone (34) 9 9195-5396”, explicou a coordenadora.
As pessoas que quiserem fazer doação para a Casa Fraterna Amor e Caridade podem contribuir com quantias em dinheiro através do Pix, usando a chave 34 998989565, que está no nome de Flaviane. “Em tempos difíceis precisamos nos unir para ajudar o próximo. E a doação do leite se torna essencial na casa das famílias em vulnerabilidade social”, frisou a fundadora da instituição. • Compartilhe esta notícia no WhatsApp • Compartilhe esta notícia no Telegram
