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30/06/2022 às 14h18min - Atualizada em 30/06/2022 às 14h18min

Farmácias apontam falta de antibióticos e anti-inflamatórios em Uberlândia

Escassez de matéria prima provoca baixa produção de remédios nas indústrias; segundo a SRS-MG, 21 medicamentos estão em falta na farmácia regional de Uberlândia

IGOR MARTINS | DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
SRS de Uberlândia tem 21 medicações em falta na farmácia regional | Foto: Pixabay
Nos últimos dias, a falta de medicamentos em farmácias de Uberlândia se tornou uma queixa frequente de consumidores. Diversas redes de drogarias têm relatado dificuldades na compra de antibióticos, antialérgicos e anti-inflamatórios. A situação gera alerta, principalmente com a chegada do inverno, período mais propenso a infecções virais.

Marco Túlio Martins Cardoso atua na área de compras de uma rede de drogarias da cidade. Ele aponta que o desabastecimento de remédios acontece desde o início do ano, quando houve aumento no consumo de medicamentos, fruto da variante ômicron da covid-19, responsável por elevar o número de casos da doença no município entre dezembro e fevereiro.

Segundo Marco Túlio, o antibiótico é o que mais falta na farmácia. Atualmente, o estoque do medicamento representa apenas 30% do total que tinha no ano passado. Ele explica que esse tipo de remédio está em falta não apenas nas drogarias de Uberlândia, mas de todo o Brasil.

“O consumo aumenta muito nessa época do ano, mas o problema é geral. O que eu mais ouço no momento das compras é sobre a falta de matéria prima e insumos. Todos os tipos de medicamentos estão em falta, mas o antibiótico é o principal. No nosso caso, nós conseguimos montar um estoque para bastante tempo, porque não há expectativa de regularização”, disse.

O farmacêutico Ulices Dias Soares também relatou a falta de medicações na farmácia em que atua. De acordo com ele, a unidade recebe diariamente moradores de outras cidades do Triângulo Mineiro, o que comprova que o desabastecimento tem atingido vários estabelecimentos. 

Em conversa com a reportagem, o profissional disse que o problema começou em meados de janeiro e o principal problema na unidade também é em relação aos antibióticos, especialmente os destinados às crianças. Outros produtos que estão em falta na drogaria são os xaropes e anti-inflamatórios.

“Tem gente que vem de Araguari e outras cidades procurar medicamentos aqui, mas não acham de jeito nenhum. A maioria dos medicamentos está em falta. Temos que ficar espertos com a distribuidora, porque sempre que surge uma remessa, os remédios acabam rápido. É pouca mercadoria para muita demanda”, explicou o farmacêutico de 33 anos.

REGULARIZAÇÃO
A assessora técnica do Conselho Regional de Farmácia de Minas Gerais (CRF-MG), Danyella Domingues afirmou que o desabastecimento de medicamentos pode ser explicado por diversos fatores. Um deles vem da dependência do Brasil em importar a maior parte de insumos farmacêuticos da China e Índia. Devido à pandemia, houve maior dificuldade de importação de matéria prima e isso gerou atraso na produção industrial no país.

Outro fator apontado pela especialista é o aumento do consumo de antibióticos, antivirais e medicamentos antigripais por causa de surtos decorrentes da flexibilização das atividades econômicas. Segundo ela, houve aumento no número de infecções respiratórias, dificultando a produção da indústria farmacêutica.

“Muitas cidades diminuíram as restrições e isso elevou o índice de infecções respiratórias. Isso leva a um aumento do consumo, especialmente durante o inverno. A indústria normalmente se prepara para o inverno, aumentando a produção, mas essa escassez de matéria prima pegou toda a indústria de surpresa”, detalhou Danyella.

Apesar da diminuição da produção de medicamentos desde o início do ano, a farmacêutica afirmou que o CRF tem notado a regularização do abastecimento no mercado no mês de junho, principalmente dos antibióticos e analgésicos, as principais queixas de farmacêuticos do estado.

Questionada sobre um possível risco aos hospitais públicos e privados, Danyella Domingues relatou que, até o momento, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não emitiu nenhum sinal de alerta sobre o abastecimento nas farmácias. Ainda segundo ela, é importante que as prefeituras montem estoques estratégicos para evitar o desabastecimento no futuro.

REGIONAL DE UBERLÂNDIA
A produção do Diário entrou em contato com a Secretaria Regional de Saúde (SRS) que informou a falta de 21 medicamentos na farmácia regional de Uberlândia. A lista inclui remédios como ácido ursodesoxicolico, calcipotriol, dapagliflozina, desferroxamina mesilato, formoterol fumarato e gabapentina.

Também estão em falta a hidroxicloroquina sulfato, isotretinoina, levetiracetam, omalizumabe, penicilamina, quetiapina, rivastigmina e trientina.

A reportagem também procurou a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) para saber sobre o abastecimento de medicamentos nas unidades de saúde do município, mas até o fechamento desta edição não houve retorno. 


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