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15/06/2022 às 16h05min - Atualizada em 15/06/2022 às 16h05min

HC-UFU, em Uberlândia, atende média de 1,39 pacientes por dia com queimaduras

Mais de 80 pessoas já foram socorridas pela Unidade de Queimados entre janeiro e abril de 2022; campanha Junho Laranja alerta para prevenção de acidentes

IGOR MARTINS | DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Tempo médio de internação para acidentados é de 26 dias | Foto: BRENO ESAKI/AGENCIA BRASÍLIA
Anualmente, o Brasil registra cerca de 150 mil internações para o tratamento de queimaduras, sendo que 30% são crianças. Em Uberlândia, somente no ano passado, 173 pessoas deram entrada no Hospital de Clínicas da Universidade Federal (HC-UFU) para recuperação do trauma. Em 2022, de janeiro a abril, 86 pacientes já haviam sido computados nos registros da Unidade de Queimados, o que representa uma média de 1,39 atendimentos por dia dentro do período.

Neste mês, a campanha Junho Laranja promove iniciativas em Uberlândia para diminuir a incidência de ocorrências desse tipo. Segundo a Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ), a queimadura está presente nas tarefas domésticas mais comuns, tais como cozinhar, acender uma churrasqueira, usar álcool e passar roupas.

De acordo com a enfermeira de Cirurgia Plástica e Queimados do HC-UFU, Miriã Márcia Pazini, o período de frio contribui para a maior frequência de queimaduras em Uberlândia. Além disso, ela conta que as festas juninas também ocasionam ocorrências, através dos fogos de artifícios e fogueiras, artefatos tradicionais da época.

Apesar da maior ocorrência de queimaduras durante o inverno, Miriã explica que o HC-UFU tem recebido pacientes de maneira concentrada durante todo o ano. Em conversa com o Diário, ela explica que o maior vilão é o álcool líquido, costumeiramente utilizado para acender churrasqueiras e fogareiros para cozinhar.

“Com a pandemia, foi liberada a comercialização do álcool 70%, mas em abril tivemos uma portaria do Ministério da Saúde dando fim ao estado de saúde em emergência pública. Com isso, a resolução que permitia tal venda foi derrubada. Nós temos esperança de que as prateleiras não tenham mais esse produto. Tudo o que a pessoa precisa fazer em casa, ela pode fazer com água e sabão. O álcool nessa concentração é recomendado para hospitais. A maioria das ocorrências no HC-UFU são relacionadas a esse produto perigoso”, disse.

PERFIL DOS PACIENTES
Um levantamento feito por estudantes da UFU entre 2015 e 2019 aponta que 59% dos pacientes atendidos com queimaduras são homens e 41% são mulheres. Do total, 24% eram pessoas entre zero e nove anos de idade e 15% tinham entre 40 e 49. Os dados mostram ainda que dentre as crianças que precisaram ser internadas, 11% tinham até dois anos.

Na visão de Miriã Márcia Pazini, as ocorrências relacionadas a crianças geralmente têm conexão com a cozinha. A enfermeira disse que é preciso que os pais tenham cuidado na hora de manejar as panelas, especialmente as com líquidos quentes. Das 1,3 mil mortes registradas no Brasil em 2021 por queimaduras, 300 foram de crianças, conforme divulgado pela SBQ.

“A criança geralmente puxa o líquido aquecido em sua direção. Isso acontece com a água quente do café, o óleo quente. Queremos pedir para os pais não deixarem as crianças na cozinha e principalmente perto de churrasqueiras. Muitos dos acidentes domésticos são completamente previsíveis e evitáveis. O maior risco está dentro de casa”, detalhou.

O tempo de internação médio dentro do HC-UFU de uma pessoa com queimaduras é de 26,6 dias. No estudo da UFU, foi constatado que a maior incidência das ocorrências foi com agentes explosivos ou com a combustão de substâncias inflamáveis que acometeram ao menos 43% dos pacientes. Do total, 30% estavam associados ao álcool líquido e 27% tinham ligação com líquidos superaquecidos.

De acordo com Miriã, além de trazer sequelas físicas, as queimaduras podem acarretar consequências psicológicas no futuro. Segundo a profissional, os pacientes que passaram pelo trauma geralmente têm dificuldades para conseguir emprego e ter relacionamentos afetivos, além de ter movimentos do corpo impactados, dependendo da gravidade da queimada.

“A queimadura demora muito para cicatrizar, quem interna é porque teve pelo menos 25% do corpo atingido. Nós já tivemos pacientes que ficaram internados por um ano. As pessoas precisam de cirurgias, transfusões de sangue e o processo gera muita dor e muita perda. A queimadura traz sequelas físicas e emocionais, ela fica para o resto da vida”, contou Miriã.

ORIENTAÇÃO SOBRE ACIDENTES
O Corpo de Bombeiros de Uberlândia alerta sobre os cuidados a serem tomados em caso de queimados pelo corpo. Se a queimadura for causada por líquidos superaquecidos, a corporação recomenda que a área queimada seja isolada com um pano limpo e que ela seja esfriada com água fria ou corrente, com a finalidade de neutralizar a ação do calor.

Se a queimadura for causada por uma substância inflamável, a orientação é de apagar a chama com um pano limpo úmido, esfriar a lesão com água gelada ou corrente e não alimentar a vítima. Caso a pessoa tenha sido queimada por substâncias químicas, a lavagem da área queimada deve ser feita exaustivamente com água corrente.

Em todos os casos, é importante encaminhar o paciente para um hospital. O Corpo de Bombeiros pode ser acionado pelo telefone de emergência 193. 

MAIS DICAS DOS BOMBEIROS:
  • Evite manipular álcool próximo a cigarros, charutos, fósforos acesos, churrasqueiras e fogueiras;
  • Não utilize álcool líquido diretamente sobre o fogo, na forma de jato, devido ao risco de explosão;
  • Investigue vazamentos de gás. Feche a válvula do botijão antes de sair de casa e antes de ir dormir;
  • Mantenha o botijão de gás longe do calor direto e sempre na vertical;
  • Manipule os fogos de artifício com cuidado;
  • Evite o uso de bronzeadores caseiros;
  • Nunca considere uma queimadura um acidente sem importância;
  • Fogo e bebida não combinam. Evite.

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