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11/06/2022 às 13h00min - Atualizada em 11/06/2022 às 13h00min

Uberlândia registra queda no número de testes do pezinho em 2021

Município realizou 6.693 procedimentos no ano passado; especialista alerta para consequências na saúde dos bebês

IGOR MARTINS | DIÁRIO DE UBERLÂNDIA*
Exame é oferecido gratuitamente pelo SUS e deve ser feito em recém-nascidos | Foto: Pixabay
Em Uberlândia, o número de bebês que fizeram o teste do pezinho caiu no ano de 2021, conforme divulgado pela Superintendência Regional de Saúde (SRS). Segundo os dados da instituição, a cidade coletou amostras de 7.185 recém-nascidos em 2020, enquanto 6.693 exames foram realizados no ano passado, uma queda de quase 7%.

O teste do pezinho é um exame obrigatório para todos os recém-nascidos e pode ser feito gratuitamente em qualquer unidade de saúde do Município, incluindo as Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSFs). O exame está disponível de forma gratuita no Brasil desde 1970 e protege as crianças de enfermidades como fibrose cística, fenilcetonúria, hipotireoidismo, síndromes falciformes e biotinidase.

Ainda de acordo com dados da SRS, até maio de 2022, o índice de amostras coletadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Uberlândia foi de 3.079. De acordo com o pediatra e neonatologista Fredson da Silva, a diminuição de exames realizados na cidade pode gerar consequências severas na vida dos bebês que não foram contemplados. 

“A consequência dessa diminuição é que no futuro nós teremos mais diagnósticos de doenças metabólicas ou doenças raras. Quando essas enfermidades se manifestam, elas já trazem muitos danos à qualidade de vida da criança. Quando o teste do pezinho não é feito, você fica à mercê dos danos que diversas patologias causam”, disse.

Ainda segundo o médico, o teste do pezinho deve sempre ser feito entre o terceiro e o sétimo dia após o nascimento do neném. O especialista acredita que, mesmo com a diminuição recente de exames em Uberlândia, a população tem se conscientizado sobre a importância do procedimento.

“As pessoas começaram a entender que o teste é uma bateria de exames que impactam na saúde do bebê. Antigamente, o teste do pezinho era considerado um exame isolado, mas é uma série que tem estudos diferentes. Inclusive, as pessoas que fazem o procedimento, na maioria das vezes procuram pelo teste do pezinho ampliado”, detalhou Fredson.

IMPORTÂNCIA
A realização do teste do pezinho fez toda a diferença na vida de Flávia Alice. Em relato ao Diário, a mãe da Sara contou que se não fosse pelo exame, sua filha poderia estar com cegueira, mudez e até mesmo com incapacidade de locomoção. Felizmente, a coleta do sangue permitiu um diagnóstico preciso e permitiu que os pais se antecipassem no tratamento da filha.

Sara foi diagnosticada com biotinidase após quatro exames do teste do pezinho. A enfermidade é classificada como uma doença metabólica e diz respeito à ausência da biotina. A função da biotina é liberar a enzima das proteínas e permitir que o organismo a recicle, diminuindo a necessidade de oferta alimentar da vitamina.

“A Sara fez o teste do pezinho normalmente, como qualquer recém-nascido, mas eles pediram para repetir o teste. Ela precisou passar pelo mesmo exame quatro vezes para poder diagnosticar a doença. Felizmente, nós conseguimos identificar no início e já iniciar o tratamento. Hoje, ela vive uma vida saudável”, relatou Flávia.

A uberlandense ressaltou a importância do exame e pede para que as mães dos bebês não deixem de realizar o procedimento, feito de maneira gratuita pelo SUS. “Todo mundo pode fazer o exame, não tem desculpa para não fazer. É um furinho no pé, uma picadinha”, disse.

TESTE AMPLIADO
Em maio de 2021, o presidente Jair Bolsonaro sancionou o Projeto de Lei (PL) que amplia o número de doenças rastreadas pelo teste do pezinho. Até então, o SUS realizava um teste que englobava seis doenças. Com a nova lei, o exame passou a englobar 14 grupos de doenças, que podem identificar até 53 tipos diferentes de enfermidades e condições especiais de saúde.

O processo de implementação do teste do pezinho ampliado começou de forma escalonada. Segundo o Ministério da Saúde, as mudanças propostas pelo texto entrariam em vigor em até 365 dias após sua publicação, o que significa que o PL começou a ser estabelecido no último mês.

Na primeira etapa de implementação, o teste do pezinho continuará detectando as seis doenças padrão. Em uma segunda etapa, serão acrescentadas as testagens para galactosemias, aminoacidopatias, distúrbios do ciclo da ureia e distúrbios da beta oxidação dos ácidos graxos.

Para a terceira etapa, ficam as doenças lisossômicas (que afetam o funcionamento celular), e na etapa quatro, as imunodeficiências primárias (problemas genéticos no sistema imunológico). Na etapa cinco, será testada a atrofia muscular espinhal (degeneração e perda de neurônios da medula da espinha e do tronco cerebral, resultando em fraqueza muscular progressiva e atrofia).

Em janeiro, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES/MG) anunciou a ampliação do diagnóstico de doenças pelo teste do pezinho. Atualmente, o Núcleo de Ações em Pesquisa em Apoio Diagnóstico (NUPAD) realiza a triagem de 12 patologias em todo o estado, incluindo o município de Uberlândia.

“A ampliação da lei tem âmbito federal, o que significa que todos os estados precisarão aderir. A coleta acontece da mesma forma, o teste segue sendo realizado da mesma maneira de antes. O que muda, nesse caso, é apenas a análise sorológico. O estudo das amostras de sangue é ampliado nesses casos”, detalhou Fredson da Silva.

*Com informações da Agência Brasil


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