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22/05/2022 às 13h00min - Atualizada em 22/05/2022 às 13h00min

Alta dos alimentos eleva preço dos self-services e pratos feitos em Uberlândia

Mesmo reajustando preço final aos consumidores, donos de restaurantes e lanchonetes afirmam que margem de lucro segue baixa

IGOR MARTINS | DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Empresários buscam mudar cardápio para melhorar condições financeiras dos estabelecimentos | Foto: Abrasel/Divulgação
A alta dos alimentos tem afetado o preço das refeições básicas, como os self-services, marmitas e pratos feitos, em restaurantes e lanchonetes de Uberlândia. Contudo, mesmo reajustando o valor para o cliente final, os empresários afirmam que continuam tendo uma pequena margem de lucro. 

“O setor de alimentos inflacionou demais. Todas as refeições foram inflacionadas e o comerciante não consegue repassar o valor, uma vez que o cliente também não tem condições de pagar o preço com todos os repasses”, disse o dono do restaurante Tá em Kaza, Alexandre da Silva.

O empresário atua no mercado há mais de 10 anos e oferece diferentes tipos de produtos no estabelecimento. Além de poder comprar o prato feito que custa entre R$ 16 e R$ 18, o cliente também tem a opção do quilo ou da marmita. Com a elevação no preço dos produtos do ramo alimentício, Silva afirmou que a saída tem sido mexer no cardápio diariamente para não sair no prejuízo.

“A única condição para fazermos a gestão do restaurante é mudar o cardápio. Antes, tínhamos a carne vermelha todos os dias e hoje nós a substituímos pelo frango, que está bem mais em conta. A batata frita também era todo dia, hoje nós colocamos ela duas ou três vezes por semana. Isso não acontece só aqui. Todos os restaurantes que quiserem se manter precisam mexer no cardápio, está complicado”, explicou Alexandre.

Ainda de acordo com o empreendedor, a imprevisibilidade econômica também se tornou uma barreira para todos os donos de restaurantes e lanchonetes da cidade. Ele explicou que um produto que custa determinado preço hoje, pode mudar drasticamente amanhã. “É por isso que fica difícil repassar o preço. Nós fizemos um repasse pequeno, mas a gente não consegue acompanhar o preço, tudo está mudando muito rápido”.

SITUAÇÃO CRÍTICA
Segundo Vera Lúcia, proprietária do restaurante “Feito em Casa”, no Centro de Uberlândia, os prejuízos não acontecem somente pela alta dos alimentos, mas também pela inflação de outros produtos. Como exemplo, a empresária citou o aumento do preço dos combustíveis, energia elétrica e os produtos de limpeza.

Em conversa com a reportagem, Vera Lúcia disse que, atualmente, o restaurante atua com  com três tipos de produtos, que variam de acordo com a quantidade de comida e o prato oferecidos. Os preços variam de R$ 10 (prato pequeno) a R$ 20 (prato grande). 

Ainda de acordo com a empresária, foi necessário reajustar o ticket médio do restaurante em novembro de 2021, mas terá que fazer um novo reajuste de até 20% nos próximos meses. Segundo ela, o aumento será necessário porque o estabelecimento está praticamente sem margem de lucro desde o início do ano. No mercado há mais de 30 anos, ela conta que não passava por tantas dificuldades econômicas desde a implementação do Plano Real, em 1994.

“Desde então eu acho que essa é a pior crise que estamos enfrentando. Eu estou no limite, tentando segurar, mas acho que não vai ter jeito. Vou precisar subir o preço pelo menos um pouco, porque já estou ficando no vermelho. Nós tivemos muitas dificuldades durante a pandemia, mas a situação piorou neste ano. Complicado porque a concorrência é grande”, disse.

Vera Lúcia também precisou variar os pratos para tornar o produto mais acessível. Segundo ela, a procura pelas carnes de frango e porco subiu, já que o preço da carne bovina “está impraticável”, em sua visão. “Os preços estão arrebentando agora, não deu tempo de a gente se recuperar. Quando começou a flexibilizar a economia, veio o aumento dos alimentos”.

INFLAÇÃO
Conforme divulgado pelo Centro de Estudos, Pesquisas e Projeto Econômico-Sociais da Universidade Federal de Uberlândia (Cepes/UFU), a carne subiu mais de 37% em dois anos. Em janeiro de 2020, o valor médio de 6kg do alimento era de R$ 167,82. O último preço encontrado, em março de 2022, foi de R$ 245,27. 

Além da carne, o arroz foi um dos produtos que também aumentou de preço nos últimos anos. Em janeiro de 2020, o consumidor comprava 3kg do alimento por R$ 9,50. Em março, a quantia necessária para adquirir o mesmo item era de R$ 13,67, o que significa um aumento de 43,8% durante o período analisado.

Segundo a empresária Vera Lúcia, os hortifrútis foram um dos itens que mais pesaram no orçamento nos últimos tempos. Dados da Central de Abastecimento (Ceasa) em Uberlândia apontam que a alface aumentou 25% em apenas um ano, passando de R$ 24 (saco de 5kg) para R$ 30.

De todos os itens que compõem a cesta básica, o tomate foi o que mais apresentou variação em um ano. Em maio de 2021, uma caixa com 23kg do alimento era encontrada por R$ 50. O último levantamento da Ceasa, publicado no dia 5 de maio de 2021, aponta que a mesma caixa estava com o valor de R$ 130, um crescimento de 160% em um ano.

“O setor de hortifrútis aumentou como um todo. O tomate, cebola, alface, todos subiram, sem exceção. A gente também tem que considerar os itens de limpeza. O detergente subiu mais de R$ 0,40. Para quem olha, parece pouco, mas isso representa muito na nossa margem. Muitas pessoas acabam não fazendo essa conta. Está muito complicado para nós”, explicou Vera Lúcia.  


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