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19/03/2022 às 13h30min - Atualizada em 19/03/2022 às 13h30min

Em Uberlândia, valor da cesta básica registrado em fevereiro compromete mais de 50% do salário mínimo atual

Pesquisa do Cepes apontou que o preço dos alimentos aumentou novamente no mês passado; salário mínimo ideal para uma família seria de R$ 5.283.

IGOR MARTINS
Batata foi um dos alimentos que mais puxaram a inflação em fevereiro, com variação de 23,05% | Foto: Agência Brasil
Segundo o novo levantamento do Centro de Estudos, Pesquisas e Projetos Econômico-Sociais da Universidade Federal de Uberlândia (CEPES/UFU), o preço médio da Cesta Básica de Alimentos (CBA) aumentou 1,91% de janeiro para fevereiro, passando de R$ 617,05 para R$ 628,85. O valor compromete 51,88% do salário mínimo, que atualmente é de R$ 1.212. 

Ainda de acordo com o boletim, a inflação foi causada pelo preço de alguns produtos de subiu durante o período. São eles: batata (23,05%), do feijão (9,29%) e do açúcar (8,34%), café (3,90%), óleo (1,44%), pão (0,26%) e carne (2,52%). 

Por outro lado, seis itens da CBA registraram queda na variação mensal, como o arroz (-1,71%), farinha de trigo (-1,11%), tomate (-1,98%), banana (-6,11%), leite (-1,57%) e margarina (-1,17%).

As taxas vão de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que registrou uma variação de alta de 1,08% em relação ao mês de janeiro, quando contabilizou aumento de 0,45%. Segundo o boletim, o grupo que obteve maior aumento foi o de “Alimentação e Bebidas” (1,94%), com destaque para os produtos “Tubérculos, raízes e legumes”, que tiveram crescimento de 24,85% nos preços.

De acordo com o economista Leonardo Baldez, os aumentos significativos em hortifrútis estão relacionados diretamente ao aumento no custo de produção. O especialista explicou que a guerra entre Rússia e Ucrânia têm contribuído negativamente no preço dos produtos do mercado brasileiro, já que a Rússia é uma das maiores exportadoras de fertilizantes.  

“Rússia e Ucrânia são grandes exportadoras de fertilizantes, e com a guerra a distribuição ficou comprometida. Temos também a questão da escassez dos produtos e a alta demanda de hortifrúti. Por isso, devido à alta dos fertilizantes, muitas culturas foram afetadas. Isso gerou uma produção em menor escala, resultando em uma oferta pequena no mercado. 

O economista afirmou ainda que não há expectativa de melhora para os próximos meses do ano. Ele revelou que entrou em contato com uma empresa de fertilizantes da Bielorrússia para saber da distribuição dos produtos, mas as conversas não foram animadoras. “Me disseram que os postos que trazem os produtos foram explodidos durante a guerra. Não vão conseguir resolver essa questão este ano. Isso vai afetar bastante o custo de produção”, detalhou.

CARNE
A carne continua sendo o alimento com maior participação no gasto com a Cesta Básica de Alimentos. Segundo o levantamento do CEPES/UFU, o item representa quase 39% da CBA, seguido pelo tomate, que ocupa a segunda posição, com 12,92%.

A pesquisa do preço médico da CBA avalia três tipos de corte de carne bovina divididos em 6kg: coxão-mole, patinho e lagarto. Em fevereiro de 2021, o preço do item era de R$ 219,53. Em janeiro deste ano, o índice foi para R$ 235,31. Já no mês passado, o preço registrado foi de R$ 241,24, uma variação acumulada de 9,89% em apenas um ano.

Segundo Leonardo Baldez, o aumento da carne está relacionado ao preço das commodities e à desvalorização do real. “Toda a cadeia produtiva da carne tem relação com rações, como a soja e o milho. O preço da carne aumentou no mundo inteiro. O preço do produto exportado ficou mais alto. Ou o mercado brasileiro paga o preço exportado ou fica sem o produto”, explicou o economista.

SALÁRIO MÍNIMO
O levantamento do CEPES/UFU aponta ainda que, em fevereiro de 2022, o salário mínimo necessário para uma família com dois adultos e duas crianças em Uberlândia é de R$ 5.283. O resultado mensal mostra que o salário mínimo oficial, de R$ 1.212, equivale a 22,94% a menos do necessário para o mês na cidade.

Ainda segundo o estudo, uma pessoa que ganha um salário mínimo precisa trabalhar 114 horas para adquirir os produtos da Cesta Básica de Alimentos, terceiro maior índice registrado nos últimos 12 meses.

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