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20/03/2022 às 13h30min - Atualizada em 20/03/2022 às 13h30min

Procura por consultorias financeiras cresce durante a pandemia em Uberlândia

Empresas e pessoas físicas contratam auxílio de profissionais para controlar finanças e se livrar das dívidas

SÍLVIO AZEVEDO
Artha Finanças Pessoais oferece educação financeira para pessoas físicas | Foto: Divulgação
Durante a pandemia da covid-19, a procura por consultorias financeiras aumentou, principalmente no início do ano quando as contas se acumulam e as dívidas chegam. Em Uberlândia, profissionais do setor perceberam uma alta demanda de pessoas que precisam de ajuda para se organizar financeiramente. 

Afonso Henrique Barbosa, sócio da Prospera Consultoria e Assessoria, disse que, durante a pandemia, quando muitos negócios foram afetados, o número de empresários que procuraram por educação e gestão financeira foi 45% maior do que no período anterior à covid-19. E, de acordo com ele, a maioria das empresas conseguiram aproveitar o auxílio para gerir os negócios.

Conforme dito por Afonso, 95% das empresas que foram atendidas não fecharam o negócio ou tiveram problemas. “Então a gente acaba protegendo o patrimônio dos sócios e renegociando dívidas.

O perfil dos empresários que buscam consultoria para a própria empresa também mudou por causa da pandemia, de acordo com Barbosa. “Algumas empresas que já eram organizadas começaram a procurar a gente para aumentar os números, para saber se estavam certas e o que elas poderiam fazer. Mas a grande procura foi em cima de pessoas que não tinham nada, nem controle financeiro e nem conheciam nada de educação financeira e queriam uma consultoria ou treinamento para aprender”.

Dentro do processo, quem mais procura assessoria são empresários que sabem operacionalizar o negócio e vender o produto, mas não tem bom controle financeiro. “Além de financeiro, ele não faz um orçamento empresarial, quanto ganha ou gasta. Inclusive, na pessoa física, não sabe quanto tira da empresa. O aumento de custos não é bem controlado”, disse Afonso. 

PESSOA FÍSICA
A Artha Finanças Pessoais atrai a atenção das pessoas físicas que precisam se organizar financeiramente. De acordo com Rafael Recidive, proprietário da empresa, o foco da empresa é disponibilizar conteúdos informativos no Youtube para que todos possam ter acesso a informações básicas sobre educação financeira e, em seguida, procurar a ajuda de um profissional. 

“Temos mais de 600 vídeos na internet e então toda semana chegam várias pessoas pedindo ajuda de todos os lugares do Brasil”.

Para Rafael, o maior desafio das pessoas hoje é ter consciência de que precisam se organizar financeiramente. “O maior problema está na questão da consciência. Ainda é um desafio despertar na pessoa o interesse de que não precisa chegar no fundo do poço para procurar ajuda”.

E quem mais procura por ajuda na empresa de Rafael são pessoas que possuem uma renda acima da média. “Quem procura a gente é, principalmente, aquela pessoa que tem renda elevada, acima da média, mas não tem dinheiro. Se ganha R$ 1 mil, gasta R$ 1 mil. Se ganha R$ 2 mil, gasta R$ 2 mil. Se ganha 5 mil, gasta R$ 5 mil. Chega um momento que ela fala, pera aí, estou aumentando minha renda, mas a vida continua a mesma, ou às vezes até pior”, disse Rafael.

Outro público que procura a empresa para um socorro financeiro é o endividado, principalmente por crédito consignado. “As pessoas quando têm acesso a crédito acabam sendo seduzidas por isso. Eu falo que o consignado é o pior que existe, porque ele parece que é barato, o prazo é muito longo e a pessoa não sai daquilo. i”, explicou Recidive.

Por fim, o proprietário da Artha afirmou que o início da pandemia afastou um pouco os clientes, mas com o passar do tempo, eles foram dando mais valor à educação financeira. “Inicialmente houve uma perda. As pessoas desapareceram. Foi aquele momento em que apavoraram, mas depois foram retomando. Foi um momento de as pessoas olharem para o financeiro”.

PESQUISA
A Câmara de Dirigentes Lojistas de Uberlândia (CDL) divulgou uma pesquisa recente sobre o mercado diante do endividamento na cidade. Os dados mostram que 67% dos empresários locais conseguiram controlar a taxa de inadimplência durante todo o período da pandemia.

Da porcentagem restante, 35% sinalizaram uma alta da inadimplência acima de 10%, enquanto os demais entrevistados confirmaram um crescimento abaixo dessa média. 26% citaram uma margem de 3% a 5%; 21% tiveram um aumento de 5% a 10%; e 18% cresceram até 3%.

Entre as justificativas apontadas pelo atraso dos clientes para pagarem as contas estão: o descontrole financeiro (38%), desemprego (29%), redução de renda (19%) e até esquecimento (14%).

Já sobre o processo de cobrança, a pesquisa mostrou que 48% dos proprietários assumem o papel de contatar o devedor, enquanto 32% possuem um departamento próprio de cobrança, 16% têm um profissional específico para a função, 2% terceirizam a demanda para escritórios especializados e outros 2% encaminham a questão para seus departamentos jurídicos.

Em relação aos canais de contatos utilizados, 39% das empresas ainda optam pela ligação telefônica, 32% preferem o WhatsApp, 15% trabalham com e-mails, 11% fazem a abordagem presencial e 3% utilizam serviços de caixa postal.

Sobre o índice médio de recuperação mensal da dívida, a sondagem indica que 33% dos entrevistados conseguem recuperar até 10% dos débitos, 31% resgatam acima de 50%, 26% conseguem reaver de 11% a 30%, e 10% chegam na faixa de recuperação de 31% a 50%
Questionados sobre as consequências mais significativas desse déficit sobre o negócio, as empresas citaram: a necessidade de aumentar o preço de produtos/serviços (39%), empréstimos para compensar o rombo no caixa (28%), a dificuldade de pagar fornecedores (23%) e o gasto com ações judiciais (10%).


 
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