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15/03/2022 às 18h00min - Atualizada em 15/03/2022 às 18h00min

Uberlândia apresenta saldo negativo na geração de empregos no mês de janeiro

Foram registradas 10.992 contratações e 11.214 desligamentos, um déficit total de 222 vagas

IGOR MARTINS
Economista prevê ano difícil para o ramo do comércio na cidade | Foto: PMU/Divulgação
Dados divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e Ministério do Trabalho e da Previdência (MPT) apontam que o município de Uberlândia começou o ano de 2022 com saldo negativo na geração de empregos. A cidade encerrou o mês de janeiro com 10.992 contratações e 11.214 desligamentos, um déficit total de 222 vagas.
 
De acordo com as informações do órgão, os setores de construção, serviços e indústria tiveram saldo positivo de 266, 314 e 125, respectivamente. Por outro lado, os ramos do comércio e agropecuária tiveram saldo negativo durante o período analisado, com 502 e 425 vagas a menos. Confira os índices detalhados abaixo:
 
Segundo Fábio Terra, economista e professor no programa de pós-graduação em Economia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), os números apresentados na cidade representam a estagnação econômica vivida no Brasil nos dias atuais. A expectativa para 2022 é de que o desempenho econômico continue abaixo do esperado.
 
Um dos destaques na economia uberlandense em 2021, com 16.096 admissões e 14.034 desligamentos, o setor de construção pode não repetir o mesmo sucesso em 2022, na visão de Fábio Terra. De acordo com ele, o ritmo econômico lento no Brasil pode atrapalhar a criação de novos empreendimentos imobiliários em Uberlândia.
 
“É difícil fazer uma análise em relação ao setor de construção. Uma vez que os imóveis ficam prontos, é preciso fazer a venda ou o aluguel, e é aí que eu acho que a dinâmica coloca um problema para este mercado. Penso que este ramo deve continuar forte até o meio do ano, mas podemos ter surpresas ruins. É uma leitura bastante nebulosa, mesmo sendo um setor de muito destaque no ano passado”, detalhou.
 
INDÚSTRIA E AGRONEGÓCIO
Ainda de acordo com o economista, a expectativa é de que a indústria siga movimentando bem o mercado econômico em Uberlândia durante 2022. Além disso, o professor de economia da UFU falou sobre o agronegócio, que mesmo com saldo negativo em janeiro, apresentou bons números em 2020 e 2021, quando teve saldo positivo de 313 e 623 vagas, respectivamente.
 
Devido à sua localização e por ser um polo nacional do agrobusiness no Brasil, o setor do agronegócio deve ter uma boa dinâmica em função do preço das commodities. Segundo Terra, a guerra travada entre Rússia e Ucrânia pode contribuir ainda mais para um bom desempenho do mercado.
 
“Rússia e Ucrânia são grandes produtores agrícolas e de grãos. Quando países entram em guerra, a produção fica afetada, como já está sendo afetada neste caso. No caso da Rússia é ainda pior, porque a distribuição também fica comprometida devido às sanções de outros países. O Brasil pode se beneficiar disso, então é provável que o agronegócio seja um destaque econômico em 2022”, disse Fábio Terra.
 
COMÉRCIO E SERVIÇOS
Ainda segundo Fábio Terra, o setor do comércio deve ter um ano difícil pela frente. O economista explica que, historicamente, o ramo depende diretamente da renda da população brasileira. O mercado teve um ano difícil em 2020, com saldo negativo de 721, impulsionada pela pandemia da covid-19, mas reagiu em 2021 com saldo positivo de 3.152 vagas.
 
Já o setor de serviços tem apresentado saldos positivos desde 2020. Para Terra, o número pode ser explicado pelo oferecimento de mão de obra na cidade de Uberlândia. De acordo com ele, a expectativa é de que o mercado continue com mais admissões do que desligamentos ao longo de 2022.
 
“O setor de serviços é relacionado à mão de obra e o de comércio é relacionado à renda do brasileiro. Nós podemos perceber que o comércio está apontando a estagnação econômica. Não há uma expectativa de sustentação de saldo positivo para o comércio. Pode até não piorar, mas é difícil que ele melhore ao longo do ano, tudo indica que tenhamos dificuldade de criação de renda e, com o PIB parado, a renda vai sendo corroída pela inflação”, explicou o economista.

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