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12/02/2022 às 13h30min - Atualizada em 12/02/2022 às 13h30min

Casos de estupro de vulneráveis aumentam quase 30% em 2021 em Uberlândia

Foram registradas 82 ocorrências no ano passado na cidade; delegado-chefe da Polícia Civil e conselheira tutelar falam sobre o impacto da pandemia da covid-19 nos casos

MARIELLE MOURA
Delegado-chefe da Polícia Civil e conselheira tutelar falam sobre o impacto da pandemia da covid-19 nos casos | Foto: Agência Brasil
Os casos de estupro de vulnerável aumentaram em Uberlândia no ano de 2021, se comparado com os dois últimos anos. Segundo dados da Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), no ano passado foram registradas 82 ocorrências na cidade. Conselheira tutelar e delegado-chefe da Polícia Civil falam sobre o impacto da pandemia da covid-19 nos casos. 

Ainda de acordo com a Sejusp, em 2020 foram computados 60 casos de estupro de vulnerável, sendo 26% a menos do que em 2021. Já em 2019, foram contabilizadas 67 ocorrências. Em três anos, o município registrou 209 casos de estupro de vulnerável. 

Janeiro de 2021 foi o mês com mais registros de casos. Ao todo, foram 10 ocorrências de estupro de vulnerável na cidade.

O delegado-chefe da Polícia Civil, Marcos Tadeu de Brito, falou sobre a importância de entender que o estupro de vulnerável não envolve somente casos de crianças e adolescentes. O abuso contra qualquer pessoa que esteja vulnerável por algum motivo também configura o crime. 

“Quando a gente fala de estupro de vulnerável eu não estou falando necessariamente do ato sexual praticado com menores de 14 anos. Se a pessoa estiver sedada, embriagada ou com determinada enfermidade ou deficiência mental, ela pode ser vítima de estupro de vulnerável”, explicou Marcos Tadeu.

PANDEMIA
O delegado disse ainda que, nos casos que envolvem menores de idade, a volta dos alunos à escola, em formato híbrido no ano passado, pode ter sido uma das causas do aumento de denúncias, já que muitas vítimas se sentem seguras para relatar o crime para os professores 

“Com a pandemia e com as aulas online, perdeu-se aquele contato do aluno com o professor que era um dos grandes apoiadores nesse processo de prevenção e responsabilização pelo estupro de vulnerável. A vítima que estava dentro de casa o tempo todo não tinha como falar. Então é compreensível esse aumento”, explicou o delegado

A conselheira tutelar Ana Carolina de Oliveira Fernandes também afirmou que, devido à pandemia, muitas crianças e adolescentes ficaram mais em casa, o que pode ter contribuído para o aumento. “A pandemia contribuiu bastante, porque as crianças ficaram mais em casa, fora da escola. Então elas ficaram mais expostas, porque a maioria dos casos acontece dentro da própria família ou com pessoas do convívio da vítima”, explicou. 

A conselheira tutelar orientou que os pais sempre devem estar atentos ao comportamento da criança ou do adolescente. "Os pais sempre devem estar atentos ao comportamento do filho porque eles sempre dão sinais. Além disso, é necessário ensinar à criança que ninguém pode tocar o corpo dela sem permissão. Se acontecer, os pais ou responsáveis devem avisar imediatamente os órgãos competentes”, informou.

ATENDIMENTO
A conselheira tutelar explicou ainda que, assim que o Conselho Tutelar recebe a denúncia de abuso, os pais ou responsáveis da vítima são notificados. “Geralmente, quando recebemos uma denúncia notificamos o responsável daquela criança ou adolescente. Ele também é orientado sobre o fluxo que deve ser seguido e as medidas que devem ser adotadas”, informou.

Ana ainda comentou que a família é orientada a procurar o Pronto Socorro do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) e também a polícia para registrar o boletim de ocorrência.

“Se aquela família não foi até ao pronto socorro da UFU com a vítima, nós orientamos a levar essa criança ou adolescente ao atendimento do local. Lá, a vítima é encaminhada para um programa que atende crianças, adolescente e mulheres que passaram por violência sexual. Após esse processo, o próprio HC encaminha para nós um relatório que a família passou por lá e vai continuar em atendimento. Também sempre orientamos a fazer o boletim de ocorrência, mas o Conselho encaminha uma notícia de fato para a delegacia e informa tudo, os fatos, suspeitos, para a polícia iniciar a investigação”

Além disso, o Conselho Tutelar encaminha o caso para a família da vítima passar por um atendimento psicossocial. “Encaminhamos para o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) para que eles possam fazer um estudo psicossocial com aquela família, fazer um atendimento com aquela criança ou adolescente para verificar se tá tudo certo dentro daquele contexto familiar”, afirmou Ana.

Por fim, a conselheira informou que os responsáveis são orientados a afastar imediatamente a criança ou adolescente do suspeito, e que em casos que isso não acontece o Ministério Público é acionado. "O responsável precisa procurar a polícia para conseguir a medida protetiva, mas sempre orientamos os pais e responsáveis a não permitir que essa criança continue convivendo com o suspeito”, finalizou.

DENÚNCIA
A conselheira tutelar Ana Carolina de Oliveira Fernandes falou ainda sobre a importância de denunciar os casos de violência sexual aos órgãos responsáveis. “É muito importante que as pessoas denunciem esse tipo caso, pode ser pelo disque 100 ou até mesmo nos telefones diretos do Conselho. A pessoa liga e pode denunciar até anonimamente ”

Para denunciar casos de estupro ou outro tipo de violência, as vítimas ou familiares podem acionar o Disque 100 que é o canal de denúncia da Mulher, Família e dos Direitos Humanos, que oferece proteção a crianças e adolescentes vítimas de violência sexual. O serviço funciona todos os dias, das 8h às 22h.

A vítima pode registrar a denúncia em qualquer delegacia da cidade ou no Conselho Tutelar que atende pelos telefones 3216-0319, 3214-0721 e 3237-227.  Para saber os outros números e os endereços do Conselho mais próximo da sua casa, basta acessar o site da Prefeitura de Uberlândia (uberlandia.mg.gov.br).

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