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01/02/2022 às 14h45min - Atualizada em 01/02/2022 às 14h45min

Mesmo com congelamento do ICMS sobre o combustível, economista de Uberlândia diz que possível melhora no cenário ainda é incerta

Congelamento foi prorrogado por mais 60 dias e prazo termina no dia 31 de março

SÍLVIO AZEVEDO
Preço dos combustíveis segue afetando bolso da população em Uberlândia / Foto: AGÊNCIA BRASIL
O Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), que reúne as secretarias de Fazenda dos estados e do Distrito Federal, prorrogou por mais 60 dias o congelamento do Preço Médio Ponderado ao Consumidor Final (PMPF), que é a base de cálculo do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) dos combustíveis. A decisão tem como objetivo aliviar o bolso da população que vem sofrendo com os aumentos significativos do produto. Contudo, mesmo com o congelamento, uma possível melhora no cenário para 2022 ainda é incerta, já que os preços dependem de outros fatores internos e externos.

O PMPF foi congelado no dia 1º de novembro de 2021 e, inicialmente, iria valer até esta segunda-feira (31). Agora, com a prorrogação, o congelamento valerá até 31 de março. A proposta foi dada pelo Governo de Minas Gerais.
Segundo o economista do CEPES/UFU, Pedro Henrique Martins, a decisão pode ser proveitosa, mas também pode gerar vários outros problemas aos estados, já que o imposto é uma importante fonte de arrecadação.

“Vale lembrar que é um tributo estadual. Uma redução ou corte pode gerar outros problemas fiscais e orçamentários. Já observamos muitas questões nesse sentido, com estados parcelando salário dos servidores. É uma questão muito complexa e a solução tem que ser muito bem pensada e discutida”.

Para o ano de 2022, Pedro acredita que a variação dos combustíveis vai depender de diversos fatores, pois a política de reajuste da Petrobras depende do preço do petróleo no mercado internacional e da taxa de câmbio.

“O preço ao longo de 2022 vai depender da evolução do petróleo no mercado internacional e na flutuação da taxa de câmbio ao longo do ano. Isso muda completamente a movimentação do capital e pode causar variações difíceis de prever. Ao mesmo tempo, questões internas podem causar alterações, seja relacionada à taxa de juros ou às questões eleitorais e políticas econômicas durante o ano”.

Mesmo com o controle da pandemia da covid-19, que foi o gatilho para a disparada dos preços, Pedro afirmou não ter como confirmar essa queda nos preços nos próximos meses. “Prever o fim da pandemia e imaginar que isso seria suficiente para uma taxa de câmbio mais estável não parece ser razoável”.

O último reajuste feito pela Petrobras foi no dia 11 de janeiro. A empresa anunciou o reajuste de 4,85% no preço da gasolina e 8% no preço do diesel. De acordo com levantamento de preços da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e de Biocombustíveis (ANP), a média de preços nos postos entre os dias 23 e 29 de janeiro era de R$ 6,742 o litro da gasolina comum, R$ 5,559 o diesel e R$ 4,742 o etanol.

PREJUÍZOS
Trabalhando como motorista de aplicativo há três anos, Francys Marley Alves Raymundo disse que esse aumento no preço dos combustíveis afeta, e muito, a maneira de trabalhar.

“Atrapalha, pois eu tenho que aumentar a carga de trabalho para atingir uma meta. Se antigamente, das 7h às 15h, eu conseguia fazer de R$ 150 a R$ 200 livres, hoje eu tenho que acordar 4h e trabalhar até as 20h. Então quer dizer que estou passando de 12h. Está acabando tanto com minha saúde física, quanto com a mental”.

Em decorrência da extensão da carga horária, Marley também se preocupa com o preço da manutenção do carro que está passando mais horas rodando. “Tenho que trabalhar mais dias também e está acabando com o carro. Quanto mais ando, mais tenho que procurar mecânica. Hoje as peças não estão baratas. Um rolamento que custava R$ 83 está saindo a R$ 212. E não compensa por peças paralelas pois elas estão muito fracas”.

Marley explicou que os aplicativos também reajustaram a tarifa que deve ser cobrada pelos motoristas por corrida, mas o desconto é grande e no final acaba ficando quase a mesma quantia que recebiam anteriormente. “Um dos aplicativos, por exemplo, cobrava de 15% a 25% no máximo. Hoje ela cobra de 25% a 40%. O próprio aplicativo pode te mandar uma corrida bacana, mas desconta muito. Antigamente uma corrida do Centro para o São Jorge era R$ 14. A gente ganhava R$12. Hoje, aumentaram para R$ 23 e o motorista recebe só R$ 14, ou seja, um desconto de R$ 9”.

2021
A inflação do ano passado em Uberlândia foi diretamente impactada pelo aumento no preço do combustível. Segundo o Centro de Estudos, Pesquisas e Projetos Econômico-Sociais da Universidade Federal de Uberlândia (Cepes/UFU), o valor do produto teve uma variação de 48,49%.

Ainda de acordo com o Cepes, além dos combustíveis, o aumento do preço do gás de cozinha e da energia elétrica também impactaram diretamente a inflação da cidade no ano passado, que teve uma variação de 8,47%.


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