26/12/2021 às 12h00min - Atualizada em 26/12/2021 às 12h00min
Procura por teleconsultas aumenta em Uberlândia
Serviço remoto foi liberado durante a pandemia; médicos afirmaram que modalidade facilita a vida de pacientes e também os protege de ficarem expostos em ambientes hospitalares
MARIELLE MOURA
Atendimentos online cresceram nos últimos dois anos em Uberlândia I Foto: Pixabay A realização de consultas por telemedicina aumentou nos últimos dois anos em Uberlândia, é o que afirmam especialistas consultados pela reportagem do Diário de Uberlândia. Segundo eles, o serviço online que está liberado no Brasil desde abril de 2020, devido a pandemia da covid-19, facilita a vida de pacientes e também os protege de ficarem expostos em ambientes hospitalares.
O cardiologista Roberto Botelho é especialista em telemedicina em Uberlândia e, segundo ele, assim como no cenário brasileiro, a procura por teleconsultas cresceu na cidade nos últimos dois anos. “Quando houve a pandemia, o Ministério da Saúde liberou a teleconsulta. No primeiro momento, a maioria dos atendimentos foi por covid-19. Em seguida, os atendimentos abrangeram pessoas com depressão e também as pessoas que têm comorbidades como diabetes e hipertensão. Além disso, houve um crescimento para setores corporativos", disse.
Ainda segundo Botelho, as empresas com mais de 5 mil funcionários estão aderindo muito às teleconsultas para os colaboradores. “Com o avanço da telemedicina, as empresas procuram o serviço para apoiar os colaboradores, porque as empresas entenderam que se cuidar da saúde do colaborador, elas conseguem melhorar a eficiência e diminuir gastos”, afirmou.
O médico também explicou que pesquisas mostram que 70% dos pacientes deixariam de se consultar com determinado profissional caso ele não usasse a telemedicina. Além disso, a perspectiva geral é de boa aceitação e as pessoas não querem mais ficar sem o serviço.
Roberto ainda falou que aproximadamente 100% das redes hospitalares já prestam o serviço de telemedicina aos pacientes.“Com relação a estrutura de saúde, os hospitais e as redes de saúde têm uma boa aceitação. Hoje, não conheço uma rede que não utilize a telemedicina. Contudo, em relação aos médicos, existe uma progressiva linha de amadurecimento por parte deles, que ainda é a classe mais resistente”, informou.
Por fim, o médico comentou que a telemedicina agora passa por um processo de regulamentação que, para ele, seria um retrocesso na adaptação. “Antes da pandemia era proibido a teleconsulta e isso não tem nenhuma dúvida que não volta. Contudo, o que pode acontecer é um ajuste na regulamentação em relação a segurança do usuário. O conselho deve decidir que a primeira consulta seja presencial e assim que tiver o contato com o médico segue para a teleconsulta,” completou.
Bruno Nogueira Gino é médico emergencista e morou em Uberlândia por quatro anos. Atualmente, ele atua por telemedicina em clínica médica e, mesmo fora do município, continua atendendo mais de 30 pacientes da cidade.
De acordo com o médico, a telemedicina avançou principalmente em 2021 devido ao medo das pessoas em irem a consultórios médicos. “Eu diria que a telemedicina avançou mesmo no último ano, quando os pacientes eram aconselhados a evitar clínicas e consultórios. A telemedicina ajudou muito no acompanhamento de pessoas com doenças crônicas, por exemplo”, disse.
Ainda segundo o médico, mesmo depois da baixa de casos da covid-19 no país, o modelo de atendimento permanece forte e oferece diversos benefícios aos pacientes. “Muitos pacientes perceberam que os benefícios do atendimento virtual são maiores que o presencial. Não tem fila de espera e o médico está 24 horas à disposição do paciente, então esse tipo de comunicação é muito bem vista pelo paciente”, informou.
Por fim, o médico disse que a telemedicina anda de mãos dadas com o atendimento presencial porque certos tipos de atendimento, como exames, não podem ser feitos de maneira online. “Fazemos uma combinação entre telemedicina e trabalho presencial. Tenho colegas em Uberlândia que me dão apoio. Então se eu vejo que o paciente precisa de atendimento para exame físico, eu direciono o paciente e a consulta que era online se torna presencial”, completou.
A designer gráfico Paula Oliveira Tavares mora em Uberlândia e faz teleconsultas há quatro meses com um médico que atua no Rio de Janeiro. Segundo ela, já havia procurado vários médicos em Uberlândia, mas não se sentiu segura com nenhum. “Eu tenho uma doença específica no ovário e já tinha ido em vários médicos aqui em Uberlândia presencialmente e em todos eles eu não sentia segurança no tratamento por ser uma doença um pouco nova e diferente. Eu queria algo novo e busquei mais conhecimento sobre meu caso”, disse.
Paula então começou a pesquisar na internet sobre a doença e encontrou o médico que é especialista na doença, sendo assim, ela começou a segui-lo nas redes sociais. Segundo ela, as postagens feitas pelo especialista chamaram a atenção e que durante as consultas ela sentiu segurança com ele. "Sinto que ele sabe muito sobre a doença, me passa segurança sobre o que ele sabe e senti uma melhora”, explicou.