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18/12/2021 às 08h00min - Atualizada em 18/12/2021 às 08h00min

Em dez anos, preço da cesta básica sobe 144% em Uberlândia

Empregado de carteira assinada precisa trabalhar 19 horas a mais em 2021 para comprar 13 itens da lista

GABRIELE LEÃO E DHIEGO BORGES
Reajuste foi 44% maior do que o salário mínimo | Foto: Agência Minas
As famílias de Uberlândia estão tendo que trabalhar mais para custear os itens que compõem a cesta básica de alimentos. De acordo um levantamento feito pelo Centro de Estudos, Pesquisas e Projetos Econômico-sociais (CEPES) da Universidade Federal de Uberlândia, nos últimos dez anos a cesta registrou uma alta de 144%. Com isso, em 2021, um assalariado que recebe o rendimento mínimo precisa trabalhar 19 horas a mais do que o tempo estimado em 2011 para conseguir comprar os 13 itens que fazem parte da lista.

Segundo o levantamento feito pelo CEPES, o tempo gasto para adquirir uma cesta básica em novembro deste ano foi de 113 horas e 54 minutos. Já em 2011, esse indicador era de 94h12 minutos, aproximadamente 19 horas a menos. Há uma década atrás, a cesta custava em média R$ 233,33. Já em 2021, o valor atingiu a marca de R$ 569,51. 

Diferente do aumento da cesta básica, o salário mínimo teve uma balança desproporcional na última década. Em 2011, o mínimo era fixado em R$ 545 e agora corresponde a R$ 1.100. Em termos comparativos, o reajuste do mínimo foi 44% menor do que o custo dos itens básicos da lista de alimentos.  

Ainda de acordo com série histórica, o salário mínimo ideal para garantir o sustento de uma família de dois adultos e duas crianças, ou três adultos, também teve uma alta acima de 100%. Segundo o estudo do Cepes, em 2011 esse valor era de R$ 2.295,42. Em novembro de 2021, mesmo período de comparação, este índice chegou a R$ 4.784,48. A progressão mostra que o salário mínimo está quatro vez abaixo do necessário.

Em Uberlândia, a inflação acumulada, que em 2011 era de 4,97, atingiu um patamar de 7,76 em 2021. Apesar a alta nos últimos anos, os itens da cesta básica começaram a apontar baixa em novembro. Mesmo com uma leve queda comparado a outubro, o valor ainda corresponde a mais de 50% do salário mínimo atual.  Em outubro deste ano, o preço médio da cesta foi de R$ 577,43. 

Os itens analisados pelo CEPES que compõem a cesta básica são: arroz, feijão, farinha de trigo, batata, tomate, açúcar, banana, carne, leite, pão, óleo, margarina e café. Entre os produtos que registraram baixa estão: arroz (-1,79), feijão (-2,46), batata (-8,84), tomate (-15,31) e leite (-3,55). Os alimentos que puxaram o aumento nos preços no mês, com a maior variação foram o Pão (5,51%), seguido pelo Café (5,39%).

De acordo com o economista do Cepes, Henrique Barros, o período de chuvas pode ter interferido na diminuição dos preços. “O produtor teve que lidar com a geada que afetou Uberlândia em julho, além da temporada de chuvas. O produtor de leite, por exemplo, nesse período precisa bastar mais com ração para o gado, já os itens, como batata e tomate, também são afeitados pelas chuvas, pois dificultam a colheita”, comentou. 

IMPACTO NA MESA
Dona de um sacolão há 20 anos, no bairro Roosevelt, em Uberlândia, Ione Rodrigues contou à reportagem que luta com as oscilações dos preços durante a pandemia. No último mês, os produtos listados pelo CEPES sofreram muitas variações e os reflexos se estendem para o mês de dezembro.  

“Em novembro percebemos a diminuição do valor do tomate, por exemplo, a caixa saia para o comerciante por R$ 15, mas agora, já com reajustes de natal e por causa da geada de inverno, o valor já está em R$ 60. Infelizmente lutamos para não repassar os valores para os clientes, mas nem sempre conseguimos segurar os preços”, comentou a comerciante.

A aposentada Clevane Pessoa também percebeu a queda de alguns produtos, como arroz e feijão. Mas, para manter a alimentação da casa que divide com a filha, e ocasionalmente com mais dois adultos e três adolescentes, alguns itens precisaram ser cortados da lista de compras.

“Gastamos em média R$ 700 para alimentação básica, mas esse valor já está apertado. Por exemplo, trocamos a carne vermelha por porco e optamos por diminuir a lista de frutas e verduras. Se a família quer ter algum tipo de laser, precisamos enxugar ainda mais o orçamento”, explicou.

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