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19/12/2021 às 13h00min - Atualizada em 19/12/2021 às 13h00min

Profissionais em Uberlândia abrem mão de estabilidade para empreender em novas carreiras

Diário traz reportagem especial com exemplos de pessoas que buscaram a realização de sonhos através do empreendedorismo

GABRIELE LEÃO
Rutiele Rodrigues vive da renda das sobremesas e já planeja expansão dos negócios | ACERVO PESSOAL
Abrir mão de uma carreira estável para mudar os rumos profissionais ou até mesmo investir no próprio negócio tem se tornado uma opção cada vez mais procurada. Segundo dados do boletim do Mapa de Empresas, disponibilizado pelo Ministério da Economia, somente nos primeiros quatro meses de 2021, o país ganhou mais de 1,3 milhão de novos empreendedores. O índice representa um crescimento de 32,5% se comparado a 2020. Em Uberlândia, quatro profissionais ouvidos pelo Diário mostram que é possível ter sucesso profissional investindo no que se gosta.
 
A ex-bancária Rutiele Rodrigues é um bom exemplo de quem preferiu deixar a estabilidade para empreender. Até o início da pandemia, ela atuou por seis anos com atendimento ao público em uma instituição financeira de Uberlândia, mas decidiu se arriscar e investir no sonho de ter sua própria confeitaria.  
 
“Quando se trabalha com cliente, você entende que eles são prioridade. Já no início da pandemia, uma mulher cuspiu no meu rosto e disse que estava com covid-19. Naquela época, meu filho tinha poucos meses e fiquei extremamente preocupada com a segurança dele. Eu que já fazia alguns extras com a produção de doces, pedi para ser demitida, mas a empresa só me deu férias. Nos dias em que fiquei afastada, conversei com meu marido e disse que para evitar colocar minha família em perigo, iria investir nos doces”, contou.
 
Há quase dois anos, a, agora, empreendedora trabalha com encomendas de doces, bolos e tortas e já atende mais de 200 pedidos mensais fazendo as sobremesas. Em entrevista ao Diário, a doceira conta que tem uma renda três vezes maior do que o salário fixo que ganhava quando atuava no banco.
 
“Naquela época fiquei com medo de arriscar, até porque tinha um salário bom e estável, mas estava pensando na segurança da minha família. Agora, consegui conquistar a minha clientela e vivo e mantenho a minha família com a renda do meu empreendimento. Uso as redes sociais e muita divulgação boca a boca para expandir meu negócio, e futuramente, terei um espaço aberto ao público para vendas de pronta entrega”, disse.
 
Foi com essa mesma coragem que o empresário Daniel Souza abandonou uma carreira pública de 15 anos em Uberlândia para também investir não em apenas uma, mas em duas empresas, uma de consultoria de finanças e outra de desenvolvimento de softwares e aplicativos. O empreendedor, que já atuava no ramo de tecnologia, disse que foi motivado pela necessidade de aplicar as próprias ideias. 
 
“Foram anos trabalhando em um mesmo segmento. Durante muito tempo eu propunha ideias para inovar no setor em que trabalhava, principalmente em algo que nos ajudasse a acompanha a evolução da tecnologia, mas nunca era aceito e quando se via necessário as atualizações, a empresa contratava alguém de fora. Aquela situação foi me desgastando, até que comecei a pensar em ter o meu próprio negócio. No início desse ano decidi arriscar”, contou.
 
Em poucos meses, a empresa de Daniel já fatura 11 vezes mais do que o salário recebido quando ele ainda era um funcionário público. “Me preparei para ficar um ano sem renda, mas estou colhendo resultados que me tiraram da zona de conforto e me deram a oportunidade de trabalhar com algo que eu realmente gosto. Minha expectativa é continuar crescendo nos meus dois negócios, expandir a equipe e também o faturamento. Estou cada dia mais seguro que fiz um bom negócio em seguir aquilo que tinha vontade”, revelou.
 
MUDANÇA RADICAL
Começar de novo, essa foi a ideia do administrador Daniel Mundim, de Uberlândia. Ele abandonou um cargo em uma multinacional no Rio de Janeiro para estudar Agronomia. Agora, formado, ele conta que encontrou realmente o que gostava de fazer.
 
“Trabalhava em um escritório, passava horas fazendo planilhas e relatórios, mas percebi que não queria passar a vida inteira naquele oficio. Em 2017, participei de um programa de demissão e decidi investi no meu sonho. Juntei capital para me manter nesses anos de graduação e estudei sobre agroecologia. Agora, formado, meu objetivo é trabalhar no campo e investir uma agricultura mais sustentável, dentro de outras empresas ou em uma própria”, adiantou.

Seguindo o mesmo ímpeto de mudar radicalmente de vida, a educadora Danubia Mamede trocou as salas de aula em Uberlândia pela terapia culinária. Após sofrer severamente com a depressão, impulsionada pelo trabalho em uma escola de educação infantil, a ex-professora decidiu deixar o cargo como concursada para trabalhar com doces.


 
“Sofri muito tempo em uma depressão profunda, e a cozinha me ajudou a sair desse fundo do posso. Como já vendia cupcakes na porta da escola e tinha um público de festa infantil grande, aproveitei para empreender nisso. Sai do meu emprego e comecei a investir em bolo, no meio de uma pandemia”, contou.
 
Nem mesmo a incerteza foi capaz de segurar a vontade de crescer. Danubia investiu no marketing e redes sociais e conseguiu expandir as vendas, que hoje já ultrapassa em mais de duas vezes a renda que ela tinha no antigo emprego.
 
“Atendo pedidos por encomenda, de doces, sobremesas e o carro chefe que são os bolos decorados. Agora, em tratamento contra a depressão, tenho certeza que encontrei a profissão que me dá prazer, disponibilidade e alegria, mesmo quando temos que lidar com as dificuldades do dia a dia”, completou a confeiteira.
 
 

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