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14/11/2021 às 11h30min - Atualizada em 14/11/2021 às 11h30min

Procura por cirurgias plásticas em adolescentes cresce e médico alerta sobre a decisão

Nos últimos anos, procedimentos em adolescentes aumentou em mais de 140%; De acordo com cirurgião plástico de Uberlândia, a busca por cirurgia nas mamas e na estética da face é predominante

MARIELLE MOURA
Busca por cirurgia nas mamas e na estética da face é predominante / Foto: FREEPIK
O número de adolescentes que realizam cirurgia plástica aumentou em mais de 140% nos últimos 10 anos, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). De acordo com um cirurgião plástico de Uberlândia, a busca por procedimentos nas mamas e na estética da face é predominante nessa faixa etária. Médico e pais alertam sobre a importância do diálogo com o paciente antes da cirurgia.
 
Julio Bonetti é cirurgião plástico, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e atua em Uberlândia desde 1986. Ele comentou que o principal motivo da busca de adolescentes por cirurgia plástica é a necessidade de se adequar ao padrão social que vive.
 
“O principal motivo é o momento em que estamos vivendo e também da necessidade de estar bem no grupo social que convive. Isso na adolescência é uma cobrança muito alta. A necessidade dele se adequar ao meio social que ele vive é muito grande,” informou.
 
O cirurgião comentou que os procedimentos nas mamas e na estética da face são os mais procurados. “Dentre as mulheres a procura mais frequente ainda são as mamas, tanto colocação de prótese como redução mamária, e em homem também tem uma grande procura pela retirada de mamas. Em ambos os grupos, são as cirurgias que visam a estética da face, como orelhas e nariz,” disse.
 
Bonetti também observou que os adolescentes estão buscando não só as cirurgias, mas também outros recursos para alcançar a estética desejada. “Podemos observar que isso não ocorre somente a nível da cirurgia plástica, mas também a outras coisas relacionadas à beleza, como salões e academias”, afirmou.
 
O cirurgião revelou ainda que as épocas em que os adolescentes mais procuram por cirurgias são os meses de férias ou que antecedem algum evento que eles vão expor o corpo, como o verão, por exemplo. “O adolscente tem uma característica muito interessante que é o imediatismo, então eles querem estar bem hoje, estar bem para o carnaval, por exemplo, e traçam um plano para dois, três meses, no máximo”, disse.
 
O médico completou sobre a importância de muito diálogo, observação e avaliações endocrinológicas e psicológicas uma vez que a cirurgia plástica é irreversível.  “Operar um adolescente tem que ter um critério muito grande e observar porque aquela pessoa está buscando a cirurgia. Então tem que entender se vale a pena, já que uma cirurgia em um adolescente ou em qualquer faixa etária é um processo para o resto da vida, e quando estamos falando de uma pessoa com 13, 15, 17 anos, é muito tempo”, completou.
 
A estudante Laura Gebhardt Cardoso Mendonça, de 17 anos, fez uma mamoplastia redutora em 2020. Ela contou que era um sonho realizar a cirurgia. “Fiz uma mamoplastia redutora quando tinha 15 anos e pra mim era um sonho fazer por conta da autoestima e problemas de saúde como dores na coluna. Além de tudo, me atrapalhava o meu dia a dia, me restringia usar algumas roupas, usar biquíni e de não viver muitas coisas”, disse.
 
A adolescente contou que, ao sair da cirurgia, se sentiu como não se sentia há muito tempo. “Quando eu fiz me sentia bonita e finalmente ‘normal’, e podia vestir as roupas que sempre quis, usar biquíni sem que ninguém me olhasse com olhares de julgamento,”, afirmou.
 
A design gráfica, Fabiane Luiz de Mendonça, é mãe da Laura e, segundo ela, houve muita conversa sobre o procedimento com a adolescente e o médico antes da realização da cirurgia.
 
“No caso da Laura, reparamos muito cedo que ela já era incomodada, usava apenas roupas largas e na primeira avaliação médica a orientação foi esperar ela completar 17 anos para realizar o procedimento'', disse.
 
Por fim, Fabiane comentou que tanto a autoestima como a saúde da filha mudaram desde o pós-operatório. “Vejo ela mais aberta para usar uma roupa, para sair, porque ela não saia mais, não convivia com as pessoas pois, infelizmente, ainda tem muita comparação estética. Depois que ela fez, imediatamente, nos pós-operatório já vi a alegria dela e entusiasmo de voltar para o meio social”, completou.

 

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