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12/09/2021 às 08h00min - Atualizada em 12/09/2021 às 08h00min

Área de cerrado pode ser extinta em Uberlândia

Projeto de construção de condomínio é aprovado e moradores se preocupam

SÍLVIO AZEVEDO
Áreas de cerrado próximo ao Córrego Mogi são glebas particulares | ANGÁ/DIVULGAÇÃO
Neste sábado (11) é comemorado o Dia do Cerrado. Porém o bioma que abrange uma área de 2,036.448km², cerca de 23,9% do território brasileiro, vem sofrendo com a degradação, principalmente nos espaços urbanos. Em Uberlândia, os ambientes de cerrado localizados próximo ao Córrego Mogi, na zona Sul, correm o risco de desaparecer caso não haja interferência do poder público no local.

O espaço, que é o maior ambiente natural na zona urbana da cidade, possui entre 50 e 70 hectares e fica entre os bairros Jardim Inconfidência, Karaíba, Jardim Botânico, Itapema Sul, Jardim Sul e Laranjeiras. No local existe uma Área de Preservação Permanente (APP) do Córrego Mogi, porém, as áreas de cerrado são glebas particulares que deverão passar por processo de supressão para a construção de empreendimentos imobiliários.

E a preocupação dos moradores do entorno já foi pauta de diversas matérias jornalísticas, mas dessa vez, a situação está se tornando mais preocupante, pois outra área próxima, de seis hectares, já será suprimida para a instalação de um empreendimento.

O aposentado Alcides Medeiros, que mora em frente à APP do Córrego Mogi, fala que a área é muito importante para todos os moradores já que funciona como um impermeabilizante do solo, além de ajudar a amenizar o clima da região.
“O mundo já sofre com o aquecimento global e temos o privilégio de ter um espaço como este na porta de casa. Além do clima, esse espaço ajuda a evitar problemas maiores causados pelas chuvas que caem e inundam algumas vias próximas, que ficariam ainda piores. O poder público poderia fazer alguma ação para preservar essa área, mesmo que seja um parque municipal nos moldes do Sabiá”, disse.

Alcides é um dos moradores que cuidam de parte da área que fica no Itapema Sul, criando uma área de convivência com árvores e plantas. “Fazemos pelo prazer de ter uma rua organizada, limpa e bonita. Muita gente passa por aqui praticando atividade física e ter uma rua bem cuidada ajuda e motiva a todos”.

O biólogo e diretor de sustentabilidade da Associação Para Gestão Socioambiental do Triângulo Mineiro (Angá), Gustavo Malacco, destaca que  o cerrado em torno do Mogi presta um serviço para a regulação do clima, e com dias cada vez mais quentes, ter uma área verde no entorno auxilia no conforto térmico da região.

“Tem ainda a impermeabilidade, que é muito importante na questão das enchentes. O local ajuda na infiltração de água que chega no solo e ela incorpora lentamente e, com isso reduz a possibilidade de ter mais água jogada em alta velocidade abaixo e, contribui depois, pois o Córrego deságua no Lagoinha. Tirar essa área representará, em dias com eventos climáticos mais fortes e recorrentes, mais inundações e, com isso, mais prejuízos socioeconômicos”, destacou.

O biólogo ressaltou ainda que a criação de um parque no Córrego Mogi traria outros benefícios socioambientais para a comunidade, além de uma melhora na qualidade de vida dos que moram no entorno do espaço.

“Ter um parque nesse local é uma oportunidade de geração de renda para a população, com pessoas adquirindo produtos saudáveis, realizando atividades de lazer e turismo, de novo, uma área para que as pessoas se exercitem, reduzindo custo do sistema público de saúde. Poder realizar atividades de educação ambiental com as escolas do entorno, consequentemente, gerando cidadania nas pessoas, pertencimento ao local. São só benefícios ter um local desses”, finalizou.

O Diário de Uberlândia entrou em contato com a  Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Serviços Urbanos que, por meio de nota, esclareceu que grande parte da gleba em questão é de propriedade privada. Em relação à criação de um parque municipal no local, disse que apoia qualquer iniciativa com este intuito e que o Município tem estudado, inclusive junto ao proprietário responsável pelo loteamento, a viabilidade da construção de um equipamento na região.

A reportagem também procurou a Prefeitura de Uberlândia que informou que na área em torno do Córrego Mogi existe um loteamento aprovado e liberado para execução de infraestrutura e um segundo em fase de aprovação.
 

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