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22/08/2021 às 13h30min - Atualizada em 22/08/2021 às 13h30min

Com 16 adolescentes na fila, programa Família Acolhedora promove curso para incentivar acolhimento em Uberlândia

Projeto reforça importância do acolhimento e apoio às crianças e adolescentes; capacitação gratuita será ministrada online em setembro

GABRIELE LEÃO
Psicóloga do programa disse que ainda existe dificuldade da sociedade em acolher adolescentes | DIVULGAÇÃO
Uberlândia tem 16 adolescentes na fila para serem acolhidos, segundo informações da Organização da Sociedade Civil (OSC) Missão Sal da Terra. Para promover a recolocação familiar, a instituição, através do Família Acolhedora, promoverá no mês de setembro o curso de acolhimento familiar para oferecer capacitação a pessoas interessadas no acolhimento de adolescentes. Com inscrições abertas, o curso será ministrado em setembro nos dias 13,14, 15, 20 e 21 no formato online.

A psicóloga do Família Acolhedora, Thaís Ferreira Tavares comentou que o objetivo é selecionar, capacitar e acompanhar famílias para serem os guardiões legais de um adolescente que precisou ser retirado de forma temporária de sua família de origem devido as violações de direitos relacionadas a violência física, sexual e psicológica, e diversas formas de negligências.

“Nós percebemos que existe uma facilidade para encaminhar as crianças de até nove anos para essas famílias, mas existe ainda uma dificuldade da sociedade em acolher adolescentes, pela questão da idade e também da própria história deles. Foi pensando nisso que criamos este curso específico para adolescentes para aumentar essa possibilidade para os maiores”, explicou.

Thaís Ferreira ainda completou dizendo que atualmente existem famílias acolhedoras ativas e outras 15 aguardando o processo. “A expectativa é oferecer esse lar para a maioria, ou todos os adolescentes, e se possível até mesmo a adoção deles, pois eles precisam dessa oportunidade e muitas vezes é a única”, complementou.

A família acolhedora recebe o adolescente em casa, como se fosse um filho, e tem o papel de referência durante o período em que precisa ser protegida, até que a situação seja definida pelo Poder Judiciário e ele seja reinserido na família biológica ou encaminhado para adoção.

Ao todo, são 16 adolescentes que aguardam o acolhimento, sendo sete na Missão Sal da Terra, quatro na Casa Carol e cinco na Fundação Maçônica. Em Uberlândia, algumas crianças aguardam a adoção definitiva e estão sob a guarda da Missão.

“Os vínculos e cuidados da família acolhedora transformam a vida dessas crianças e adolescentes. Temos diversos depoimentos de acolhidos que tiveram a realidade transformada e isso é fundamental para quebrar um ciclo de violência, além de garantir e defender o direito à convivência familiar e comunitária, assim como exige o artigo 4º do Estatuto da Criança”, completou a psicóloga.
Ainda segundo a psicóloga, o projeto existe desde 2015 e começou com 15 vagas e, após a necessidade de ampliação, já são 60 vagas para crianças e adolescentes.

CASAL ACOLHEDOR
Para o casal Gláucia Muniz e Maria Angela, participar do programa tem sido um desafio diário e gratificante. “Com a chegada dos jovens fizemos uma nova adequação na família, em questão de horários, rotinas, lazer e mais. E essa adequação foi para melhor. Foi necessário também relembrar os cuidados com as crianças, já que nossos filhos biológicos já são adultos. Então, no geral, tem sido gratificante poder auxiliar, cuidar, zelar e amar a criança, em um momento de grande fragilidade e sofrimento. Fortalecer e preparar a criança para o convívio familiar novamente é uma grande entrega e troca de sentimentos e emoções”, contou Gláucia.

Gláucia também explica que a chegada de um adolescente na família aconteceu ao acaso, mas a família aceitou o desafio. “Na verdade, não era o perfil do nosso acolhimento, mas como eram irmãos e um deles se encontra na fase da adolescência, aceitamos o desafio de acolher os três. Todo o processo foi acompanhado pela visita deles com a assistente social e  houve uma grande empatia já de cara”, finalizou.

CAPACITAÇÃO
Para participar do curso, as famílias precisam seguir os seguintes requisitos: ter idade acima de 21 anos, disposição para a rotina do adolescente, idoneidade moral, compromisso e responsabilidade, apresentar atestado de saúde física e mental, residir em Uberlândia há mais de dois anos e apresentar relatório negativo para antecedentes criminais.

O processo é dividido em quatro partes, sendo o primeiro a participação do curso, que será ministrado online em setembro. A segunda etapa consiste em entrevistas com toda a família. Depois é realizada uma análise socioeconômica familiar e, por último, a equipe de profissionais faz uma avaliação em conjunto, pontuando todas as etapas anteriores. Segundo Thaís, o processo pode levar até três meses. Após a aprovação, a família passa por acompanhamento durante toda a trajetória.

Thaís ainda contou que a Família Acolhedora agora passa por processo de melhorias tecnológicas, com sistema único em Minas Gerais para cadastramento das atividades em que envolve dados da família e crianças.

“Isso vai nos ajudar a mapear quais são os bairros, perfil, características, idade das crianças que precisam do acolhimento, assim como quais são os bairros e estilos de famílias que mais acolhem. Isso vai ajudar para que o nosso trabalho se torne uma ferramenta mais assertiva”, concluiu.

SERVIÇO
O que: Curso para novas Famílias Acolhedoras
Quando: 13,14, 15, 20 e 21 de setembro
Inscrição: https://bityli.com/iwxC9 ou (34) 3226-9317
Gratuito


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